Pílulas Azuis - Frederik Peeters

 



Título original: Pilules Bleues

Ano de lançamento do original: 2001 (primeira versão) - 2013 (versão extendida) 

Tradução: Fernando Scheibe

1ª Edição 

Editora Nemo 

São Paulo 

2015 



Sinopse


"Pílulas azuis nos permite acompanhar, sem nenhum vestígio de sentimentalismo, através de um prisma raramente (senão nunca) abordado, o cotidiano de uma relação cingida pelo HIV, sem deixar de lançar algumas verdades duras e surpreendentes sobre o assunto. Apesar da seriedade do tema, Pílulas azuis é uma obra cheia de leveza e humor."



Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores! 


Exatamente como descrito pela Sinopse acima, Pílulas Azuis é uma obra-prima que se destaca por uma linguagem leve, mesmo ao tratar de um pesado tema como a AIDS. O relato autobiográfico de Frederik Peeters, no qual conhecemos sua relação verdadeiramente desprovida de qualquer interesse além do Amor, com sua companheira, Cati, e o filho desta (sempre chamado por ele de "Pequeno" e por ela de "Lobinho" na obra). Ambos Soropositivos, o que o faz mergulhar em um turbilhão de transformações e revoluções dentro da própria consciência, trabalhando medos, receios, dúvidas e mais dúvidas na trajetória em conjunto daqueles que tornar-se-iam, pouco a pouco, parte inseparável da existência dele. 





Diante de tal situação, o que você faria? Fugiria, perdendo a oportunidade de aprender muito com uma situação que, atualmente, é trabalhada para ser controlada devido aos grandes avanços científicos no estudo da AIDS? Abominaria qualquer tipo de aproximação com a mulher que não sai de seus pensamentos? Desprezaria tanto ela quanto o filho como dois monstros dignos de isolamento do restante da Sociedade Humana? Abriria o coração, a mente e a alma para a vivência e a convivência dentro do estado de coisas de uma situação como esta? Ampliaria seus conhecimentos sobre o assunto e admitiria que ser um ignorante completo sobre o mesmo apenas faz com que o preconceito contra aidéticos nunca se desgarrar de você? Não pensaria duas vezes e se jogaria de cabeça em uma relação com a mulher correta e o filho que você sempre sonhou ter? 


Falo aos homens, visto que esta obra encontra-se toda envolta por uma ótica masculina. Frederik não se demonstra, em momento algum, como um macho alfa estupidamente seguro e imbecilmente construído pela tradição de uma criação toda moldada por conceitos, pré-conceitos e preconceitos arcaicos. Com a coragem que muitos Autores jamais teriam, ele se revela frágil, pequeno, medíocre e perdido diante do que se afigura em relação ao seu envolvimento com Cati, com tudo que isto traz devido ao estado biológico dela e do filho. Ele passa por um doloroso processo, absurdo e prolongado, de Alquimia, em níveis estratosféricos. E tudo o que ele sabia, tudo o que herdou da sociedade onde fora criado, tudo que aprendeu da família e até mesmo da convivência com os amigos e antigos relacionamentos, vai sendo revisto, revirado, sacudido, medido e estudado. O Sexo é questionado, o próprio papel dele como homem inserido dentro do contexto onde se posiciona também. Ele está nu a cada página e é dentro desta nudez que a ótica narrativa dele agarra o leitor e não o deixa escapar. Assim como ele não escapa do que aceitou viver e luta para conseguir sobreviver dentro de um mundo assombroso e novo para ele. 






Conheci, nesta minha trajetória de quarenta e quatro anos, muitos machos foderosos da boca para fora que não suportariam um segundo sequer dentro da barra-pesada que é conviver com algo como a AIDS lado a lado. Eu recomendaria esta obra para eles se ainda tivesse contato com os mesmos, para apenas perguntar depois que a lessem: você suportaria tudo isto no lugar do Frederik Peeters? Pois, mesmo que haja um tom de humor e leveza, fazendo com que soe natural todo o desenvolvimento mais do que sensível da narrativa, uma aura sombria percebi em alguns momentos mais carregados de emoções e sentimentos. Aliás, cada página tem o privilégio de ser carregada de vida própria, como se ao mesmo tempo que são lidas e apreciadas, causasse a sensação de que são elas que lêem o leitor. Já sentiram isto lendo uma História em Quadrinhos, Autobiográfica ou Ficcional, leitores virtuais? Eu senti apenas três vezes, ao ler Cavaleiro Das Trevas, Planetary e Astro City. E senti ao ler esta história real com alguns adendos fictícios e imaginários especialmente posicionados em lugares-chaves para tornar a experiência de leitura como algo experimental em muitos sentidos. 


Isto faz dela uma obra para poucos, até porque os desenhos não são comuns de serem vistos em HQ's convencionais. Não é um demérito, se trata, a meu ver, de fugir da mesmice comercial para contar algo nascido sinceramente do coração. Mais do que uma obra de arte, Pílulas Azuis tem a intenção de abrir mentes e fazer com que a luta contra o preconceito ainda direcionado a portadores do Vírus da AIDS se torne cada vez mais irrelevante. A principal é maior característica que temos em nossa Espécie é a capacidade de assimilarmos conhecimentos, dos mais novos aos mais antigos. Somente permanecem na obscuridade intelectiva os existencialmente incapazes de quererem em si mudanças de panoramas íntimos e conscienciais. São os que preferem as pílulas azuis de Matrix, optando por continuar na ignorância, na barbárie, na imbecilidade, na estupidez e na falta de empatia ou humanidade, de um coração a bater de verdade, enfim. Peeters oferece pílulas de esclarecimento com um conteúdo informativo tão amplo sobre a AIDS que, mesmo tendo sido originalmente publicada em 2001 em seu país-natal, Suíça, continua atualíssima por motivos que esclareço a seguir. 







Ainda há na face deste mundo hoje pandêmico e caindo aos pedaços cada vez mais, criaturas que são supostamente racionais discriminando com verdadeiro ódio, até, os Soropositivos. Gente capaz de se levantar de uma mesa ou não apertar a mão ou abraçar a quem se declare como tal abertamente, sem esconder o que porta para ser o mais sincero possível com o mundo que o cerca. Gente essencialmente obtusa, rasa e vazia de qualquer vontade de aprender alguma coisa sobre o Vírus, replicando o mesmo arcaico e ridículo pensamento e comportamento contra quem o adquire por descuido pessoal ou acidental. Gente que é capaz, nestes tempos de covardes que se escondem atrás de teclados e telas de smartphones e demais dispositivos que nos conectam a este Cibernético Jardim de Bens e Males, de fazer piadas, ofender e atacar com selvageria os que decidem revelar ao mundo sua condição de portador do Vírus. Eu sou cria dos anos 80 e me lembro muito bem do que ocorreu em tal época. Me lembro das piadas com o Cazuza em meus tempos de escola. Me lembro de todo tipo de danosa posição de gente que eu custo a acreditar que realmente seja humana direcionada aos que portam a AIDS. 


É para esse tipo de gente asquerosa e repugnante, o que os mesmos acusam os Soropositivos de o serem, que Pílulas Azuis existe. Óbvio que, sendo como são em qualquer lugar deste mundo, tais seres sequer imaginem que tal obra exista. Então, por qual motivo aqui dissertei sobre esta minha opinião baseada no explosivo impacto que a obra em mim provocou? Pelo motivo que tanto eu quanto você aí, pessoa inteligente e diferente da massa bruta que prefere ficar burra por toda a existência, queremos nos informar sobre tudo que é assunto dedicado a esclarecer quem quer realmente ser esclarecido. Não podemos obrigar nenhum Neanderthal do sexo masculino ou feminino a tentar esclarecer-se, iluminar-se, evoluir como uma pessoa no mundo contemporâneo que quer ser esclarecida e iluminada. O que podemos fazer é trazer o Iluminismo do Conhecimento e da aquisição de conceitos que fogem do que o gado emburrecido crê para dentro de nós. Aos que tem paciência com ignorantes, até mesmo dentro da própria família, recomendo dar um exemplar de Pílulas Azuis quando os lábios de algum deles dizer alguma merda sobre a AIDS em pleno Século 21. Aos que não tem paciência com a estupidez humana, como eu, recomendo simplesmente ignorar os arroubos de quem age assim, muitas vezes, inconsciente do mal que faz a eles mesmos e ao próximo. O mundo cada vez mais muda e é urgente constante adaptação. Quem não se adapta, engessa-se existencialmente e é desconsiderado como membro do Corpo Social






A AIDS não é mais um monstro indestrutível, nem o Vírus que a desenvolve tem tanto poder assim como tinha no imaginário popular do final do Século 20 e ainda tem entre os lamentáveis exemplos de indivíduos da nossa Espécie acima citados. Cati e o filho estão vivos até hoje; Frederik e Cati tiveram uma filha que não porta o HIV no sangue; algo que não é um spoiler da obra, mas uma realidade de nosso mundo atual. A leitura vem a calhar neste tempo de outro Vírus a nos atormentar, causando uma Pandemia sem fim para acabar. O controle da AIDS mostra que todo Vírus pode ser domado, por mais letal que ele seja, por mais descontrolado que ele se prolifere. Vivemos nos limites, hoje em dia, de tempos desesperadores e insanos, sádicos e cruéis, com tudo caindo aos pedaços. Muitos querem Carnaval neste exato momento e outros como você, que chegou até aqui nesta Resenha, quer Conhecimento. Muito sobre a AIDS que você sequer deve conhecer está aqui neste Pílulas Azuis, o qual reafirmo ser excelente leitura para estes dias de desesperança para quem está conectado com toda a tristeza atual do estado de coisas mundial. Nele, podemos ver que monstros podem ser vencidos e é com um raro sorriso no rosto, escrevendo estas palavras finais, que aqui afirmo absolutamente isto. 


A Vida venceu. A Esperança venceu. O Amor venceu. O Conhecimento venceu. Os primordiais ensinamentos que em Pílulas Azuis você encontrará. 


Saudações Inomináveis a todos vós, Realistas Leitores! 

















Frederik Peeters



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ANEXO I


Caso queiram adquirir um exemplar pela Amazon:



Pílulas Azuis - Amazon 



Ou, se preferirem o Scan (através do qual a li):



Biblioteca De Themyscera 




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ANEXO II


Aqui estão alguns artigos relativamente atuais sobre as condições da luta contra a AIDS hoje:


Aids hoje | Super


AIDS: Panorama Atual e Perspectivas - Artigos de Saúde 


Aids | Drauzio Varella - Drauzio Varella


AIDS HOJE! O QUE MUDOU? 


Aids - G1


9 notícias positivas envolvendo a possível cura da AIDS 


4 Formas de Viver Com HIV (AIDS) - wikiHow


A Aids hoje: série traça panorama atualizado da doença


Por que somente um homem se curou do HIV até hoje? - 01/05 


PDF 'Aids: etiologia, clínica, diagnóstico e tratamento'


A camisinha está para a Aids assim como a máscara está para o Coronavírus 


Como viver com HIV (AIDS) - 8 passos


Quem ainda morre de aids? - Gazeta do Povo


AIDS hoje, ontem e amanhã: duas histórias que mostram a evolução no tratamento à doença 


HIV não é sinônimo de AIDS e tratamento pode garantir vida normal a pacientes


Ciência Hoje | Avanços e desafios no combate à Aids




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Leia também:✒️O Mundo Inominável 






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