Como todos já sabem, o ator Chadwick Boseman, interprete do Pantera Negra dos filmes da Marvel/Disney, faleceu de câncer de colon. Esse triste evento estarreceu não só o mundo da cultura pop, mas também toda a sociedade global, pois desde 2018, ano da estreia do filme do herói, todo mundo é fã do Pantera Negra desde criancinha.
Para variar, a mídia e vários formadores de opinião vieram
de novo com a história de que o Pantera Negra foi o primeiro herói negro dos
quadrinhos, o que não é verdade. Ele foi sim o primeiro herói negro da Marvel,
mas não das HQs. Por conta disso, selecionei alguns heróis negros que foram
criados antes do Pantera.
O primeiro, todo mundo que é mais velho conhece. Lothar , o eterno sidekick de Mandrake, está desde a primeira história ao lado do mágico, criado por Lee Falk e Phil Davis. Apesar de ser um príncipe tribal africano, quando foi criado, Lothar realmente era bem estereotipado, com uma personalidade simplória, e nem falava inglês corretamente. Era basicamente um criado de Mandrake. Lothar era também conhecido como o homem mais forte do mundo, um Golias negro de prodigiosa força.
No entanto, já
naquela época, havia leitores maldosos que duvidavam da masculinidade da dupla
e não faltavam piadinhas sobre Mandrake e Lothar serem um casal gay, em que
obviamente o mágico era o passivo da relação e Lothar, o ativo, com seu
pênis africano imensurável. Nem Mandrake
tendo namorada, a princesa Narda, convencia os caluniadores.
Dessa forma, foi preciso reformular Lothar, e, nos anos
seguintes, ele passou a falar inglês corretamente e a usar roupas civis. Ainda
usava seu traje de leopardo com chapéu turco, mas só quando entrava em ação.
Lothar agora tinha uma vida normal e até uma namorada, a princesa Karma, que
vivia junto de Narda, sendo basicamente uma Lothar fêmea.
O outro “herói”, digamos assim, é outra criação de Lee Falk,
Guran, o líder dos pigmeus bandar e
sidekick do Fantasma. Ele é um dos poucos nativos que conhecem o segredo da
dinastia do herói. O próprio Guran é um representante de uma dinastia de sidekicks. A representação dos africanos
nativos nas histórias antigas do Fantasma realmente era bem estereotipada, com
os membros das tribos sendo bem simplórios. Mas vamos combinar que também seria
muita forçação de barra se os nativos recitassem Shakespeare. Guran é uma
exceção, pois é um cara estudado. Teve acesso à educação do branco, por assim
dizer.
O próximo da lista é Ebony White, sidekick do Spirit de Will Eisner. No caso, o termo sidekick é o que melhor se aplica aqui,
pois ele é o Robin do personagem, basicamente.
Originalmente, Ebony era um garoto do gueto de bom coração, mas também
simplório e com inglês ruim. Will Eisner anos depois declarou que poderia não
ter acertado em sua caracterização, pois este ficou muito caricato. Entretanto,
se pensarmos em Ebony como um personagem cartunesco, até que dá para relevar.
Ebony ganhou uma versão muito mais esperta por Darwyn Cooke, em sua fase
escrevendo e desenhando o Spirit.
Vamos passar para um herói do oeste, Lobo, o cowboy negro.
Não há muito o que dizer desse personagem. Ele tem bem menos notoriedade que os
citados anteriormente. Lobo era um pistoleiro negro que passou batido nos
comics de westerns no período.
Por último, outro personagem bem desconhecido, Lion Man.
Obviamente, não tem nenhuma relação com o Lion Man do tokusatsu. Esse era um cientista afro-americano que usa de seus
conhecimentos para se tornar um herói e proteger uma montanha mágica na
África. Suas histórias eram publicadas
na All Negro Comics, revista
produzida apenas por criadores negros de quadrinhos nos anos 40.
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