DINHEIRO, PESSOAS E MUNDO!



Há alguém sobre um terno que se contém a chorar sobre ml´s de gim tônica. Com vagas lembranças de sua profissão. Embora sejam vagas as imagens e falas que sua mente o oferece, o álcool apresenta tanta utilidade quanto pá e lama sobre um cadáver que o contempla quase todas horas do dia.
Poucos sabem seu nome, destes nenhum o menciona por razões incompreensíveis à maioria. No momento o único que não por compaixão, e sim curiosidade somada ao tédio, questiona quem ele é, seria o gordo e suado cara do bar.

-- Traição de mulher? Esse é o seu problema aqui?
-- Não hoje.
-- Doença?
-- Ainda não sei.
-- Tá bebendo tanto por quê?
-- E você? Traçando grades na sua vida em forma de balcão por quê?
-- A grana... As pessoas... O mundo. –Respondeu sem jeito o barman um tanto desconfortável.
-- Então somos dois... Camarada.
-- Não precisa ficar na defensiva, senhor. Com o que o senhor trabalha?
-- Eu que gosto de fazer as perguntas!... Pelo menos creio nisso enquanto estou sóbrio... Sou um jornalista... Você... Nunca vai saber meu nome, assim como de maneira mais improvável saberão o seu... Esses copos que vou pagar essa música não das melhores que escuto são digamos que água que afundo meu rosto diariamente, são aspectos pra que eu me certifique de que o ar é só algo vulgarmente necessário e a dor algo que entrega emoções em doses limitadas... Amanhã lá estarei de volta ao ar, procurando algumas mortes, assaltos, sequestros ou algo que dê uma vaga informação que fará as pessoas acharem que se importam. E lá estarei outra vez como um suposto herói a ir resolver os males.
-- Dinheiro. Pessoas. Mundo! – Arremata o homem, erguendo o copo vazio, com um sorriso de um palhaço sem maquiagem.
  Levantou-se com certo tremor, sacando uma nota a pagar aquilo antes de ir embora como quem levantava um ás vencendo um jogo sem entusiasmo.
  Vigoroso, largou os bares por semanas, entretanto mantendo sua afeição pela gim todas as sextas de madrugada sobre uma fria mesa onde simultaneamente anotava fatos, enquanto evocava que opinião e merda são a mesma coisa.

E ai? Gostou? Odiou? Deixe nos comentários e compartilhe o post. 

Até o próximo.



Me siga no Instagram: @ozymandiasrealista

Postar um comentário

0 Comentários