Veja o Que VocĂȘ Pode Ganhar do Papai Noel Se For um Bom Menino Durante o Ano Todo


Escrito por: Marreta do AzarĂŁo

Nunca acreditei em Papai Noel. Pelo menos, não guardo - ou não consigo acesså-las - nenhuma lembrança de ter, um dia, crido no bom velhinho.
Não me lembro de ter ficado alguma vez esperando pelo Papai Noel na noite de Natal, de ter tentado me manter acordado até a meia-noite e flagrå-lo a colocar meu presente aos pés e à sombra da årvore de Natal - lembro-me de primos e primas e mesmo da minha irmã empenhados em tal vigília.
NĂŁo me lembro de ter escrito alguma vez uma cartinha ao Papai Noel, a dizer do meu bom comportamento durante o ano e tentando barganhĂĄ-lo por uma bola de futebol, ou por um carrinho a pilha - aliĂĄs, tambĂ©m nunca cri em bolas de futebol e carrinhos a pilha. Lembro-me  de colegas de escola escrevendo cartas endereçadas ao Polo Norte; em sala de aula, incentivados pela prĂłpria professora, pela "tia", que, a pretexto de nos ensinar a escrever uma carta, matava a aula na cara dura e deixava de trabalhar assuntos mais relevantes.
Lembro-me - embora não avalize em 100% a fidedignidade desta lembrança - de que, em uma festa de Natal na casa de minha avó materna (eu devia ter meus quatro ou cinco anos de idade), meus tios arrumaram lå uma grande camisa vermelha de mangas compridas, um pacote de algodão e, com eles, me transformaram em Papai Noel, para que eu entregasse os presentes de amigo secreto para a parentada.
Acredito que soube desde sempre da fraude que era o Papai Noel. Sempre tive dificuldades para crer em seres imaginĂĄrios. Nunca acreditei em Papai Noel. Idem para o Coelhinho da PĂĄscoa, para o Saci PererĂȘ, para o Bicho PapĂŁo, para Deus etc.
Nunca tive medo de monstros que pudessem sair do guarda-roupas durante a noite, ou que pudessem, ocultos embaixo da cama, me puxar pelos pés. Nunca tive medo de fantasmas e de assombraçÔes. Coragem? Porra nenhuma. Só descrença, mesmo.
Cheguei, confesso, a cogitar a possĂ­vel existĂȘncia da Loira do Banheiro, lenda urbana surgida na dĂ©cada de 1970; lenda criada - foi revelado hĂĄ alguns anos - pelo extinto (infelizmente) jornal NotĂ­cias Populares, o famoso NP, que, quando nĂŁo havia notĂ­cias, as criava. O NP foi o precursor das fake news; depois do CidadĂŁo Kane.
Lembro-me de que vĂĄrios amigos da escola seguravam o mijo por todo perĂ­odo letivo com medo de dar de cara com a Loira do Banheiro; alguns nĂŁo passavam nem pela porta do sanitĂĄrio. Eu entrava pra mijar sem problemas. Entrava atento e ressabiado, com um olho no pinto e o outro no espelho, que era onde diziam que a Loira do Banheiro aparecia. Mas entrava sem medo.
Hoje, vejo que nunca acreditei tambĂ©m na Loira do Banheiro, vejo que eu queria acreditar. Vejo, hoje, que, na verdade, visto que eu estava a entrar na puberdade, na fase da paudurescĂȘncia, eu tinha muito mais tesĂŁo em encontrar com a Loira do Banheiro do que medo. Afinal, encontrar uma Loira no banheiro da escola estĂĄ muito mais para roteiro de filme pornĂŽ do que de filme de terror.
Meu filho - hoje com 10 anos - sempre acreditou em Papai Noel. Por tempo demais, inclusive. Até o Natal do ano passado, quando contava com 9 anos. E acreditaria até hoje, se a verdade não tivesse lhe sido contada. Coube a mim contar-lhe a verdade. Não que me incomodassem a crença e a alegria dele. De forma alguma. Acontece que, com o crescer da idade, cresciam também os preços dos brinquedos que ele pedia para o Papai Noel. Quando eu falava que aquele presente era muito caro, ele, simplesmente, dizia : mas é o Papai Noel quem vai me dar. Ou seja, o Papai Noel estava era botando no meu toba.
Por conta de minha incapacidade de acreditar em seres imaginĂĄrios, vejo hoje que eu tive, em comparação com meu filho, meus primos, irmĂŁ, colegas de escola etc, uma infĂąncia menos mĂĄgica, talvez menos feliz. Mas, por outro lado, deixei de me expor a sĂ©rios riscos, como, por exemplo, e o motivo desta postagem, o que ocorreu com o inglĂȘs Jason Greaves.
O britĂąnico contou ao tabloide The Sun que, ao fazer compras numa filial do supermercado Tesco, assaltou-lhe a vontade de adoçar um pouco o amargo do cotidiano e ele acabou comprando um chocolate no formato de um Papai Noel. Levou o chocolate para casa, para compartilhĂĄ-lo com sua namorada, e ao rasgar a embalagem colorida de papel-alumĂ­nio que envolvia o chocolate, deu de cara com uma inusitada guloseima : o Papai Noel ostentava uma piroca! Uma piroquinha minĂșscula. RidĂ­cula. A la Davi de MichelĂąngelo, mas, ainda assim, uma piroca.
"Eu sĂł o peguei porque estava Ă  mĂŁo e eu queria comer algo doce. Levei para casa, pois queria dividi-lo com a minha namorada. NĂŁo sei se era o Ășltimo dia de trabalho do funcionĂĄrio da fĂĄbrica ou se foi apenas um acidente. Mas estava exatamente no local onde deveria estar. Parece muito mais que uma coincidĂȘncia", disse Jason Greaves
A filial da loja se pĂŽs Ă  disposição do surpreso cliente para efetuar a troca do produto, caso seja da vontade do mesmo. NĂŁo vejo o porquĂȘ da troca, afinal, o cliente levou de graça alguns gramas a mais de chocolate. 
Menos ainda, vejo o porquĂȘ de tal surpresa e consternação. É cĂ©lebre e notĂłrio que o Papai Noel tem um saco. Por que, entĂŁo, nĂŁo teria uma piroca?
NĂŁo vejo o porquĂȘ do espanto do inglĂȘs. Sendo o Papai Noel, ele esperava encontrar o quĂȘ? Uma bucetinha?
PĂŁĂŁĂŁĂŁĂŁĂŁĂŁĂŁĂŁta que o pariu!!!!
Ainda bem que nunca acreditei nestas coisas.

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