Conan, o Bárbaro no 3 - Review





Escrito por: Olavo Carvalho

Última leitura. E segue a fase de Conan escrita por Jason Aaron, com o bárbaro já de volta na Marvel. Em seu run, Aaron tem optado por fazer recortes de algumas passagens da vida do cimério, como se fossem flashbacks gigantes, enquanto Conan, já como rei da Aquilônia, está na iminência da morte nas mãos da Feiticeira Rubra e de suas crianças, com o objetivo de despertar o demônio Razazel.
A primeira história dessa edição, ilustrada por Zaffino, que tem uma arte arrojada, mas bem poluída também, mostra Conan recém-rei da Aquilônia, mas acometido por um tédio mortal. Sua vida está tão enfadonha que ele logo adoece. O cimério, para variar, escolhe um remédio radical: seleciona um leão dado de presente pelo rei de Kush para se “exercitar”; porém, logo o bicho percebe que Conan é outro animal enjaulado e se identifica com ele.
Entretanto, o bárbaro então resolve partir para outro tipo de “terapia”; ao ter informação de que raptores argoseanos estão agindo na taverna Esmeraldina, escapa de seu castelo junto de seu leão, pois sangue de bandidos é ótimo para acabar com o tédio no sangue de um bárbaro. Entra em cena o Conan “mascarado”, que se transforma em uma espécie de vigilante enquanto passa o cerol na escória da Aquilônia.
Aqui temos mais uma história do tipo “será que Conan faria isso mesmo?”. Nunca vi o personagem como um vingador, e nessa história ele praticamente assume a persona de um vigilante, ainda que motivado pelo tédio. Acho que é uma homenagem de Aaron aos super-heróis aproveitando Conan como mote, mas ainda assim é meio estranho, no fim das contas.
Na segunda história da revista, desenhada pelo artista regular de Conan, Mahmud Asrar, o cimério está à deriva em uma nau, em decorrência de uma missão de proteger e levar um ídolo até seu empregador, um colecionador de tesouros arcanos. Evidentemente que as coisas não poderiam correr na mais santa paz, e piratas enviados pelo arqui-inimigo de Conan, Toth-Amon, o atacam, visando roubar o ídolo.
Até aí, tranquilo, o bárbaro tira de letra e aniquila seus inimigos. O problema é que o tal ídolo se alimenta de sangue, e logo se transforma em um demônio monstruoso, digno da imaginação de Lovecraft, velho buddy de Robert Howard. E os problemas de Conan não terminam com a derrota do monstro. Ao se livrar dos corpos dos piratas, os jogando aos tubarões, estes se transformam em feras marinhas, graças ao sangue maculado do ídolo.
Conan então deve tentar sobreviver no navio à deriva, sem comida, e ainda sofrendo da maldição do ídolo. O interessante é que essa história revela que o cimério é, sim, um homem gregário e que, apesar de temido e desprezado por alguns, nunca estará sozinho. É mais uma daquelas histórias em que Conan escapa da morte por muito pouco. E a sequência final é Conan sendo levado pela Feiticeira Rubra e suas crianças para ser sacrificado ao demônio Razael. Esperemos que, no próximo número, essa via-crúcis se conclua.
Creio que a Marvel escolheu bem Jason Aaron para escrever Conan; ele nunca será um Roy Thomas da vida, mas, até aí, nenhum escritor atual do staff da editora é. E Aaron atualmente é uma das “estrelinhas” da Marvel; um roteirista pau para toda obra. O buraco na verdade é mais embaixo. Desde que foi comprada pela Disney, e até mesmo antes, a Marvel tem adotado uma agenda extremamente lacradora. E Conan é um dos personagens que menos se adéquam a essa agenda. Estão até estudando na Marvel como podem deixar o personagem mais politicamente correto e menos “machista”, digamos assim, querendo adaptá-lo ao Me Too.
E, no fim das contas, a Conan Properties autorizou licenciamento para a Marvel voltar a fazer quadrinhos do bárbaro, porque, do ponto de vista da empresa, seria mais fácil sair um filme do Conan novo. E eles estão certos. No entanto, o Marvel Studios tem ignorado o cimério e preferido fazer filme de personagens desconhecidos até por quem lê quadrinhos. Tenho o maior respeito por Jack Kirby, mas pouca gente leu Os Eternos, por exemplo. E ainda irão fazer troca de sexo nos personagens. Então por que a Marvel não realiza um filme do Conan, que é um bem mais conhecido, graças ao Schwarzenegger?
Enfim, se a Conan Properties quisesse ficar só no gibizinho, teria mantido o licenciamento na Dark Horse. Apesar de que, na Marvel, creio que Conan pode talvez ampliar o número de leitores do bárbaro. Entretanto, o leitor de Conan tem suas peculiaridades; há leitores que só leem o personagem e não acompanham muito super-heróis. Leitor de Conan é quase como leitor de Tex.
Mas, enfim, a despeito das ponderações, essa foi uma boa edição de quadrinhos de Conan. Esperemos para ver se Jason Aaron manterá a qualidade. Nota 7,5 de 10.


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