A Ideologia Constantine Em Prosa & Verso

John Constantine - William Gibson


Contra Tudo

Publicado originalmente em


Contra o vento que bate a favor dos fracos e dos covardes, eu estou. Fracos, busquem forças até mesmo no assassinato. Covardes, busquem coragem até mesmo no ódio.

Contra a divisão dos homens e das mulheres, eu estou. Homens, vocês são apenas animais de instintos que devem ser moderados. Mulheres, vocês são apenas animais com os mesmos instintos a serem moderados.

Contra as politicagens do mundo, eu estou. Aos da Esquerda, entrego meu cuspe. Aos da Direita, entrego meu vômito. Aos do Centro entrego meu mijo.

Contra as doutrinas religiosas do mundo, eu estou. Aos das religiões, lanço meus dardos contrários aos seus conceitos retardados. Aos das seitas, lanço meus tiros rasgados contrários aos seus ridículos sanatórios. Aos das ordens, lanço minhas facas contrárias às suas limitadoras farsas.

Contra as mídias do mundo, eu estou. A Televisão, um aborto de razões. O Cinema, um esgoto de visões. O Rádio, uma sarjeta de zumbidos. A Internet, um repositório de gozo e esperma.

Contra tudo, eu estou. Contra o otimismo. Contra o pessimismo. Contra o ostracismo. Contra a elegância. Contra o glamour. Contra a ganância. Contra as riquezas. Contra as misérias. Contra a misericórdia. Contra a verdade. Contra a mentira. Contra a tecnologia. Contra a civilização. Contra a sociedade. Contra as instituições. Contra as leis. Contra o crime. Contra o castigo. Contra o Bem. Contra o Mal. Contra a Vida. Contra a Morte. Contra o Amor. Contra o Ódio. Contra o casamento. Contra a família. Contra a procriação. Contra a Luz. Contra as Trevas.

Contra tudo. Estou a favor de mim mesmo, sem bandeiras, sem país, sem exército, sem religião, sem família, sem inúteis companhias, sem amor, sem raízes, sem apegos, sem erros, sem acertos, sem medos. Este é O Caminho Sem Mãos, sem metafísicas, magias e encantamentos pueris guiando sempre ao Nada. Sem Mãos, chego ao Todo. Sem Mãos, chego ao Topo. Sem Mãos, chego ao Trono.

Ao Todo Que Eu Sou.

Ao Topo Onde Devo Estar.

Ao Trono Onde Vou Me Assentar.

E o dedo do meio mostro para cada um que se digne a dizer que eu estou errado.

VÁ SE FODER, CARALHO!!!

VAI TOMAR NO CU, CARALHO!!!

ENFIA NO CU SUA INDIGNAÇÃO CONTRA MIM, CARALHO!!!

CHEGA DE SER COMO VOCÊS, UM FODIDO ESCRAVO DO CARALHO!!!

Inominável Ser 
APONTANDO 
CONTRA TUDO
O DEDO
DO MEIO


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Arte de Simon Bisley


O Homem Do Sorridente Cigarro

Publicado originalmente em 
Cova Abismal De Poemas Sombrios 



Era uma vez
Um homem com Magia
Do alto da cabeça
Toda arrebentada
À sola dos pés
Toda ensanguentada
E que vive em trânsito
Pelas Páginas
Da Sincronicidade.
Dominando as artimanhas
Do Submundo
E atirando na cara
De Demônios
E Anjos
A própria hipocrisia
Latente dos mesmos,
Tal homem,
Lobo solitário
Do Império Mágicko,
Dança entre
Abismos,
Precipícios
E fossas.
Dançarino sem
Limites,
Ele segue ao largo
Da praia da Sanidade
Como O Louco
Usando De Sua
Própria Loucura
Para Saber Sobreviver
Em Sua Sanidade.
Caminhante Muito Antigo,
Tal amigo
Do FODA-SE
Para o civilizado
Hipócrita mundinho
Onde vive,
Acende seu cigarro
E inicia seus trabalhos…
Ele há muito
Derramou O Vinho
Do Cálice.
Ele há muito
Quebrou A Lâmina
Da Espada.
Ele há muito
Apagou O Fogo
Do Caduceu.
Ele há muito
Escondeu O Mistério,
O Inenarrável Mistério,
Do Pentáculo.
John Constantine
É o mais aberto
Dos livros
E suas páginas
Escrevem-se sozinhas.
Nada de ismos,
Nada de cismas,
Ele joga
Em todos os jogos,
Ele é
Todo jogo
Dentro da lama,
Do lodo,
Da bosta
E da desgraça
Humanas.
É um Mago
Das ruas,
Das encruzilhadas,
Das esquinas,
Dos becos
E das vielas.
Um cara simples
Que se senta
Em um boteco,
Toma uma cerva
E observa cada bunda
Das mulheres que
Pela rua trafegam…
Este é Constantine,
Se ainda não conheces
A fama dele,
Um homem no extremo
Que exprime tudo de si
No espremedor
De almas
Que é
A humana existência.
E a tudo,
Tudo,
Ele sobrevive,
Claro,
Com um cigarro aceso
E um vitorioso sorriso
Nos cantos da boca.


Inominável Ser
PARA UM
CONSTANTE
AMIGO



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Whiskey, cigarettes and demons - Felideus


Como A Fumaça De Um Cigarro De John Constantine 


Publicado originalmente em 

Cova Abismal De Poemas Sombrios



Na companhia da fumaça
Do meu cigarro cheio de
Cânceres metodicamente descarados,
Jogo meu torto tarot chupado
Por uma puta de podres dentes
E dou um cuspe na cara
Da sinfonia do acomodado
Que vê o mundo como um
Mar de rosas.
Não,
Acomodado do caralho,
O mundo não é um parquinho
De diversõezinhas baratas,
Vivemos todos numa bosta
Onde existem mais estupradores,
Assassinos,
Pedófilos
E ladrões
Do que pessoas justas
E santas.
Há luta em uma guerra
No Invisível,
Pelos Terrestres Abismos,
Ouça,
Se puder,
Os gritos de guerra
Dos dois lados da contenda...
Ouça o surdo gemido
Dos acorrentados
E dos torturados...
Ouça a rude música
Das espadas e lanças
Contra escudos e machados...
Ouça também o podre ruído
Da deterioração das ruas,
Um som vadio,
Um som cafona,
Um som escroto,
Um som vagabundo...
É o som do Dragão Homem,
Meu querido odioso
Acomodado de bunda gorda,
Nós somos O Adversário
De nós mesmos
E Aqueles Lá Embaixo
Não tem muita dificuldade
Em nos influenciar
Rumo em direção 
À Fossa...

Porém,

Tal qual a fumaça de um cigarro
De John Constantine,
Vou exorcizando meus Demônios,
Dançando sobre carvão em brasa,
Sorrindo sobre cadáveres
E olhando belos rabos de piriguetes
Que não me canso de foder
Enquanto você aí apenas
Acorda,
Come,
Caga,
Mija,
Cospe,
Procria,
Envelhece
E
Morre.

Inominável Ser

DANDO UMA TRAGADA
EM UM DOS CIGARROS
DE JOHN CONSTANTINE 



Arte de Aaron Campbell


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Inomináveis Saudações, leitoras & leitores virtuais! 

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