Crise nas Infinitas Terras... será possível?

Certo, depois que todos assistiram ao crossover-evento – tô chamando assim – do “Arrowverso” – todos chamam assim. Logo no último episódio (não, não vou dar spoilers, podem deixar!) aparece o anuncio do próximo crossover-evento, “Crise nas Infinitas Terras”, e é aí que quero chegar.
Antes, vamos conhecer mais sobre esse título. Em 1985, Marv Wolfman e George Pérez, responsáveis por um dos maiores sucessos da DC Comics na década de 1980, Os Novos Titãs, foram incumbidos pela presidente da DC Comics, Jenette Khan, seu vice-presidente e editor-executivo da editora, Paul Levitz, e o editor Dick Giordano de uma megassaga que transformaria totalmente o Multiverso DC, que encontrava-se meio bagunçado. Isso era porque a DC Comics, com o passar dos anos adquirira os personagens da Fawcett Comics, da Charlton Comics e Quality Comics, integrando-os ao Multiverso DC, criado a partir da história “Flash de Dois Mundos” da Flash #123 (setembro de 1961) e estendidos nos encontros anuais da Liga da Justiça da América e Sociedade da Justiça da América. Na saga, o Monitor, um observador que ficava no limiar do universo, na lua de Oa, mundo dos Guardiões, convoca alguns super-heróis e super-vilões de diversos mundo e épocas para integrar um grupo que vigiaria torres para manter o multiverso em equilíbrio. Ele fizera isso tudo, pois descobrira que uma grande ameaça do universo de antimatéria pretendia devorar todos os demais universos para se tornar extremamente poderoso.
Monitor – ele não tinha um nome – também trabalhava ladeado por Lyla Michaels  (uma sobrevivente de um dos mundos devorados por seu inimigo, que depois seria chamado de Anti-Monitor), a Precursora, e Alexander Luthor da Terra-3, que fora uma das primeiras destruídas na saga, também. Outro que também viajava durante todo a megassaga era o Pária, um humano que descobrira o evento da criação e fora responsável pela destruição do seu universo e, como punição, deveria viajar entre os universos, vendo-os serem destruídos. Em determinado momento a saga toma um outro rumo, Monitor e traído e morto, mas Flash (Barry Allen) salva cinco universos da destruição total. Quando os super-heróis decidem enfrentar o Anti-Monitor em seu ambiente, a Supergirl também é morta.
Ao final da saga, o Multiverso se torna Universo Unificado e uma linha de continuidade é criada e estabelecida, cada um dos personagens ganham novas criações e o Universo DC seguiu em frente até Zero Hora, Crise Infinita, 52, Crise Final, Ponto de Ignição, Novos 52, Convergência DC e Renascimento DC.
A ideia seguiu bem e estava dando certo, pois o universo DC era uníssono e todos os personagens eram divididos por suas épocas, então, ao meu ver, funcionava. Mas o principal objetivo era a unificação de TODO o Universo DC em um só.
Daí vamos ao crossover-evento da Warner, que leva o mesmo título – há, eu não disse, mas nos quadrinhos, o evento dura um ano de publicações e tie-ins (história de interligação com a saga). Vemos em Elseworlds a aparição de Mar Novu (LaMonica Garrett), o Monitor – é, agora ele tem nome – que dá ao Dr. John Deegan (Jeremy Davies) o Livro do Destino. Em determinado momento, no meio à batalha contra o Superman “Deegan” (Tyler Hoechlin), Oliver Queen (Stephen Amell), o Arqueiro Verde, procura Novu e faz um acordo com ele, o que ajuda na vitória dos heróis sobre o Deegan (“Ah, você deu spoilers!”... Sério? Cresçam, não contei nada demais!). Bem, que acordo foi esse? Possivelmente, esse acordo será um dos pontos chaves de “Crise nas Infinitas Terras” – isso se não intervir no decorrer da série de Arrow (mas acho que não). “Mas por que escrever isso tudo, parece que você não está chegando a lugar nenhum?”... calma, eu chego lá.
Quando eu assisti “Elseworlds”, eu senti falta de... algo mais! O enredo é interessante, a história também poderia ser, mas temos um problema sério... TRÊS EPISÓDIOS!
O “Arrowverso” possui quatro séries que são interligadas: “Arrow”, “The Flash”, “Supergirl” e “Legends of the Tomorrow”. Por algum motivo que eu desconheço – infelizmente não estou acompanhando as séries, espero para vê-las de uma tacada só na Netflix – “Legends of the Tomorrow” ficou de fora do crossover-evento. Acredito que deverá participar de “Crise...”, mas mesmo assim, acho pouca série para um evento desse tamanho.
“Como assim, evento desse tamanho?”. Gente, sempre que todos os DCnautas falam de Crise nas Infinitas Terras, ele foi o maior de todos os divisores de água de todos os tempos da DC Comics. Nenhum outro chegou aos pés, pois após ele, Superman, Batman e Mulher-Maravilha tiveram suas histórias recontadas por três dos maiores nomes da época: John Byrne, Frank Miller e George Pérez, respectivamente. Eles reformularam e transformaram as histórias desses personagens, que repercute até os dias de hoje, quando alguém lembra de grandes mudanças. Então Greg Berlanti, Marc Guggenheim e Geoff Johns usarem esse nome para um crossover-evento de quatro episódio, somente, é SACANAGEM!
Ah tá, possivelmente teremos a série da “Batwoman” estrelada por Ruby Rose. Mas o Universo DC cresceu na TV. Até o momento, a série “Black Lightning” foi mostrada como de um universo paralelo ao do Arrowverso, sem nenhuma ligação, talvez em busca de uma identidade pessoal. Sem contar que, agora, existem as séries do serviço de streaming DC Universe, onde temos “Titans” e, em breve, teremos “Doom Patrol” e “Swamp Thing” - que após o décimo episódio estará cancelada -, para citação inicial... sem contar “Gotham”, que pertence à Fox, mas já foi finalizada.
Em notícias nas redes sociais, ficamos sabendo que Tom Welling e Michael Rosenbaum – da extinta série “Smallville” (2001-2011) – se sentaram na mesa do Arrowverso para uma conversa... Por quê? Cria-se várias especulações e esperanças com isso. Daí eu volto ao ponto: – incluindo “Batwoman” – cinco episódios? É SACANAGEM!
Mesmo que seja para se desfazer da Terra 90 – sim, vimos o Barry Allen da clássica série “The Flash” (1990-1991), estrelada por John Wesley Shipp (atualmente Jay Garrick, da Terra-2) e, mesmo que sua Terra tenha sido detonada, ela não foi consumida pelo Anti-Monitor –  e da Terra “Smallville” – vai-se lá saber que número darão para ela! –, vai ser muito corrido. Cinco episódios não dariam conta de um evento que PODERIA envolver várias outras séries da DC, mesmo que não sejam da CW. E olha que eu nem inclui o Universo Cinematográfico, pois sei que complicação seria isso.
Então, como será isso? Sinceramente, será um crossover-evento para chamar atenção dos fãs dos quadrinhos que esperarão um grande evento e terão uma coisa feita de qualquer jeito, com o maior de todos os títulos de megassaga da DC Comics.
Meu medo é exatamente essa decepção. Eu sei que não matarão o Flash de Gustin ou a Supergirl de Benoist, pois eles são protagonistas das próprias séries, mas tô pensando que isso somente servirá para unir as Terras do Arqueiro Verde e Flash com da Supergirl, pois desde o começo foi especificado que faziam parte de universos diferentes, ignorando qualquer outra série que exista. Chamará a atenção dos fãs de Smallville, pois em cinco minutos teremos Clark Kent e Lex Luthor de Welling e Rosenbaum. Deveremos ter mais um pouquinho do Flash “Allen” de Shipp, mas será isso.
Me entristece a promessa de um título e quando ele decepciona. “Elseworlds” não explorou todas as suas possibilidades, no meu entender, e “Crise nas Infinitas Terras” também não explorará.

ADENDO: Esse texto foi escrito antes do final das temporadas do "Arrowverso", sendo assim, não conhecia o final das séries que vêm com direcionamentos à Crise que virá.  Em maio de 2019, o presidente da CW confirnou que serão somente cinco episódios (PQP!), que os três primeiros acontecerão em dezembro de 2019 e os dois últimos em janeiro de 2020, divididos nas séries Arrow, Flash, Supergirl, Legends of Tomorrow e Batwoman. Não se pode falar muito, mas possivelmente a série Arrow - como será sua última temporada - estará dentro da Crise durante toda sua extensão, sendo o ponto culminante os cinco episódios. As novidades somente serão conhecidas a partir de outubro de 2019. Mas mantenho tudo que escrevi acima, pois acho que será uma péssima forma de exploração do nome de uma messaga que revolucionou o Universo DC.

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