Justice League vs. The Fatal Five (2019) - Sem Spoilers



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O chamado DCAU (DC Animated Universe), composto pelas séries animadas produzidas por Bruce Timm, Paul Dini, Alan Burnett, entre outros profissionais talentosos, deixou um impacto gigantesco no público e até hoje é reverenciado por muitos como a versão definitiva dos personagens da editora. Este ano, recebemos mais um filme animado dando sequência a esse universo, com o lançamento de Justice League vs. The Fatal Five (Liga da Justiça contra os Cinco Fatais, em tradução livre), disponibilizado em mídia digital em 29 de março.




Na trama, Mano, Persuasor e Tharok, membros de um grupo de supervilões do século XXXI conhecido como “Os Cinco Fatais”, voltam no tempo em busca de uma maneira de libertar seus colegas Validus e Imperatriz Esmeralda da prisão, e a mais nova Lanterna Verde da Terra, Jessica Cruz, parece desempenhar um papel fundamental no plano dos bandidos. Starman, da Legião dos Super-Heróis, também consegue retornar ao passado, com a missão de procurar a ajuda da Liga da Justiça para deter os Cinco Fatais antes que seja tarde.

Para os fãs do DCAU, este era um lançamento bastante esperado, visto se tratar de uma sequência direta dos eventos de “Liga da Justiça sem Limites”. Embora sem especificar quanto tempo se passou entre o fim da série e este filme, é inegável que a história se passa dentro daquela continuidade: além dos designs dos personagens praticamente idênticos (com leves diferenças, como a Mulher-Maravilha agora utilizar uma espada), vemos o Sr. Incrível que não é da Pixar tendo um papel de destaque dentro da Liga, e a base de operações da equipe é a Sala de Justiça, introduzida na última temporada da série, com menções à Torre de Vigilância.


No entanto, apesar do título sugerir o contrário, este filme não é centrado na Liga da Justiça em si. Na verdade, os holofotes são voltados para Jessica Cruz e Starman, dois heróis com problemas psicológicos graves: ela sofre de agorafobia (medo de lugares abertos), devido a um evento traumático em seu passado, enquanto ele possui um tipo de esquizofrenia, com episódios de amnésia. O roteiro trata com bastante seriedade tais condições, e consegue tornar ambos bastante carismáticos e relacionáveis. Os antagonistas também têm destaque, mostrando-se como figuras realmente poderosas e intimidadoras, e em alguns momentos até melhor organizados que os próprios heróis.


Quanto à Liga da Justiça propriamente dita, temos a presença da Trindade, assim como o já citado Sr. Incrível e a Miss Marte, aparecendo pela primeira vez neste universo e tendo uma química bem divertida com o Batman. No entanto, apesar de brilharem nas cenas de ação e batalhas, eles acabam sendo meros personagens secundários, eis que a trama dá mais espaço à dupla de novatos. A ausência de personagens como a Mulher-Gavião e o Lanterna Verde John Stewart é explicada, mas é estranho não ter havido nem sequer uma menção ao Flash.



O roteiro, escrito por Eric Carrasco, Jim Krieg e Alan Burnett emula o clima de um episódio padrão do desenho da Liga da Justiça e Sem Limites, com diálogos inteligentes, ótimas interações entre os personagens e combates bem destrutivos. No entanto, um fator que diferencia este filme é a violência mais acentuada, com sangue e mortes brutais, já que a censura dos lançamentos em home-vídeo da Warner/DC permite isso. Algumas cenas podem ser fortes para espectadores mais sensíveis, especialmente crianças pequenas.

No quesito visual, o traço simples e elegante de Bruce Timm é sempre bem-vindo, trazendo de volta a mesma estética apresentada nas séries animadas. Porém, um problema comum dos últimos lançamentos da Warner/DC neste formato se repete: a animação. Embora ela esteja decente na maior parte do tempo, especialmente nas cenas de luta, a falta de orçamento fica nítida em alguns momentos, já que eles usam “truquezinhos” para disfarçar, como redimensionar um personagem estático para dar a impressão que ele está se afastando, por exemplo. Devo dizer, alguns episódios da série apresentavam uma animação superior à deste filme, e foram lançados no início dos anos 2000.

A trilha sonora, por outro lado, é bem colocada. É possível ouvir notas reminiscentes dos temas do Superman, do Batman e da abertura do desenho em momentos-chaves, o que é um detalhe muito bacana. As vozes originais contam com nomes conhecidos como Kevin Conroy (Batman) e Susan Eisenberg (Mulher-Maravilha), e os demais dubladores também entregam um ótimo trabalho. Acredito que o filme ainda não foi dublado em PT-BR, mas já fiquem preparados para não escutar a voz do Márcio Seixas no Batman, por conta dos escândalos envolvendo o dublador.


Em suma, vale a pena assistir? Com certeza! Apesar de alguns defeitos menores como a animação meio fraca e o fato da Liga da Justiça clássica não ser o foco do enredo, acredito que isso não compromete o filme como um todo, que ainda conta uma história divertida e envolvente, da mesma forma que os episódios da série. É uma produção que agrada tanto os fãs mais aficionados do DCAU quanto aqueles menos empolgados com este universo, mas que apenas querem ver uma boa animação baseada em HQs. Mesmo depois de tanto tempo, fica claro que os produtores não perderam o seu toque.

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