A opinião de um crítico não representa a verdade absoluta a um filme


              
[Texto da tag “Escritor Convidado”, escrito por LUCAS RODRIGO, do blog UNIVERSO LEITURA, publicado originalmente em:

Eu não sou crítico profissional. O que eu normalmente faço aqui é emitir opiniões que provenham do meu gosto pessoal e chego a analisar alguns aspectos técnicos da obra contando com a minha bagagem e a propriedade que adquiri em anos lendo outras críticas para me inspirar no intuito de compor melhor meus textos sem mostrar traços de prepotência na forma de rebuscamento exagerado – muitos críticos apelam para essa super-carga de erudição – e se esquecem de que a objetividade tem um papel fundamental, porque você escreve para agradar a si mesmo a priori, mas é necessário pensar no leitor, se colocar no lugar dele e dar um "chega pra lá" no ego. Já li muitos textos ultra-cansativos de passar dos habituais dez minutos de leitura numa crítica direta e com inchações de linguiça maçantes, principalmente num certo site com nome de comida feita com ovo (ops, não fui muito sutil né?). Nem o crítico mais arrogante e caga-regra da face deste planeta pode me privar do direito a opinião e do direito de chamá-la, sim, de crítica. Todo mundo é crítico. A diferença óbvia é que há os que se especializam profissionalmente na área e os que se espelham para opinarem formalmente.


A verdade única não é uma prerrogativa da profissão. E com isso me direciono para a questão central desse texto. Percebam que enrolei um pouco sobre como vejo a crítica (voltada especialmente ao cinema) de ambos os lados, amador e profissional, mas achei pertinente colocar isso na pauta como introdução e até dar um esclarecimento da minha parte quanto ao meu conhecimento. Com o enorme acesso à internet atualmente, é grande o número de pessoas que ficam empolgadas com aquele filme que vai ser lançado em breve e por uma força do hábito acabam lendo primeiras impressões e críticas integrais do filme antes de o assistirem no cinema. Aliás, hoje é possível até acompanhar praticamente todo o processo de produção de um longa-metragem, sobretudo de super-herói, com tanta notícia que sai a toda hora com fotos e vídeos de bastidores e uma vasta porção de outras informações (spoilers também contam) que dão corpo à visão do que se esperar. É bastante fácil realmente se deixar influenciar, isso não tem como contestação. A opinião de alguém mais articulado no senso crítico e credenciado para tal exerce um forte peso que por consequência pode plantar uma ideia prévia na cabeça de quem é o público de massa desse filme e não tem a mesma competência.

Lê umas três ou quatro impressões negativas e já sai falando: "aff, desanimei agora, nem vou gastar meu dinheiro com essa bomba, perdi todo o hype, que se foda, baixo num Torrent da vida". Fico meio entristecido com comentários dessa natureza. Soa como se as pessoas literalmente perdessem a capacidade de pensar por elas mesmas. Mas é como diz o velhíssimo ditado: Mente vazia, oficina do diabo. Dou uma reinterpretação da frase cabível no assunto. Uma mente incapaz de formular uma opinião própria certamente vai estar suscetível a ser estimulada por outras opiniões de pessoas que aparentem melhor condicionamento intelectual para expressa-las. Em outras palavras, essa pessoa depende sempre da opinião de críticos para saber se um filme é bom ou ruim por justamente não estar apta a valorizar e exercitar seu senso crítico. Ou seja, o crítico bate o martelo por elas e confiam nisso fielmente. Se você, por exemplo, leu as críticas mais massacrantes a Batman vs. Superman (filme que dividiu e muito o público e a crítica), tomou consciência de que o filme é uma bosta mal cagada e sai por aí repetindo, sem ter assistido, a mesma opinião do crítico de uma outra forma, muito provavelmente você estará sendo bem parcial pois se concentrou em apenas um lado. Se esqueceu inconscientemente do seu direito a tirar conclusões individuais. Concordando com a visão negativa do crítico e falando aos quatro ventos que o filme é assim e assado só porque algumas críticas especializadas que leu, afirmam isso veementemente, você só vai estar sendo um mero papagaio com a falsa ideia de que formou uma opinião. O mesmo vale para o outro lado. Se uma crítica positiva elevou as suas expectativas, tudo bem, isso é ótimo, mas não vá confiando cegamente que o filme em toda a sua essência é exatamente tudo que o crítico falou e mais um pouco. Chega no cinema, assiste e pah, toma um balde de água fria e sai frustrado. Ah, não era aquela coca-cola toda né? Leia a crítica, goste da crítica, sendo ela positiva ou negativa, mas não a torne seu guia.


É uma tendência perigosa tomar qualquer crítica feita por especialista como verdade incontestável. O crítico não é uma entidade divina a ser louvada por sua grande sabedoria idônea sobre a sétima arte. Ele é gente como eu e você que apenas está expressando sua opinião, reforçada pelo seu conhecimento de elementos técnicos cinematográficos. A crítica profissional não torna a concordância obrigatória. A menos que o crítico ache que tem um rei na barriga e imponha suas verdades, aí sim haverá intenção de forçar concordância do leitor e aí sim você não tem necessidade alguma de concordar - mesmo que já tenha assistido ao filme. Então, se eu posso dar algum bom exemplo uma vez nessa vida pra alguém, acho que essa é uma boa oportunidade. O meu conselho é não se prender a expectativas, não assumir críticas profissionais tratando-as como verdades imbatíveis (porque nenhum crítico nesse mundo é "O Crítico") e praticar o senso crítico a fim de elaborar suas opiniões próprias melhor. Nesse exercício saudável sendo feito continuamente tenho certeza que não vai ter crítica negativa que não convença você a ir ver por sua conta e nem crítica positiva que o deixe deslumbrado a ponto de achar que é tudo as mil maravilhas faladas.