O Grant Morrison vai cagar no Lanterna Verde?


"O livro de Oa pode não ser mais confiável. Nós dependemos do que é certeza, nós somos os Guardiões do Universo."

Por que um título tão agressivo? Bem, pra quem tem acompanhado minimamente o autor, sabe que muita gente compartilha da opinião que, apesar de ser o nome mais célebre da velha guarda ainda roteirizando super-heróis, os últimos trabalhos do escocês deixaram bastante a desejar, quase impossível gostar se estiver com expectativas só um pouquinho altas.



Top HQs que mais me decepcionaram nos últimos anos
Eu considerei quase tudo de mediano pra baixo e cheguei ao ponto de ver um exemplo em que o próprio desenhista da história disse que não tinha entendido o roteiro em uma entrevista. Mas independente de sua reputação nos últimos anos, quando um roteirista de renome vai trabalhar com um personagem de possibilidades interessantes, no mínimo atiça minha curiosidade. E do nível do Morrison tem ninguém no mercado Marvel/DC. O Frank Miller ninguém leva a sério, o Neil Gaiman e o Alan Moore tem andado meio longe já faz um tempo, então esse negócio meio reverenciador, "oh, o Grant Morrison vai escrever revista X" só tem rolado com ele mesmo.


Pois bem, apesar do Hal Jordan como lanterna verde na capa, a revista se inicia com um lanterna de outra raça brigando com um criminoso alienígena. Os desenhos e cores do Liam Sharp são bem bonitos, ficando diferente do que tava sendo feito há bastante tempo, com aquelas criações da energia emocional roubando bastante atenção com cores bem fortes. Era maravilhoso e incansável, mas aqui não vai ter mais pelo visto. Desde a capa, o espaço e suas cores parecem o céu daquele quadro Noite Estrelada, do Van Gogh. Talvez seja intencional.


Após uma introdução considerável, com uma sequência de ação curiosa, somos mandados pra ver o que tá rolando com o Hal Jordan na Terra. Eu não faço ideia de qual era o status do personagem ultimamente, visto que eu não acompanhei a revista nos últimos quatro anos desde quando o site com as scans que eu lia foi bloqueado, mas a princípio até parece que estamos vendo antes dele virar lanterna, já que está tendo uma vidinha miserável e desocupada, tendo problemas pra se manter em um emprego. Mas não é o caso, a história se passa na cronologia presente.

Oh identidades secretas fracassadas!

Logo o velho Jordan se envolve com elementos alienígenas e se conecta com os problemas que estavam rolando no início da história. Há alienígenas perigosos à solta, e agora Hal precisa dar um jeito neles antes que causem muito problema. No diálogo que ele tem com um Guardião (que tá com o visual um tanto diferente daquele clássico), ele dá um review na finalidade dos Guardiões e a tropa dos lanternas de defender todo o universo, onde o roteirista aproveita pra mostrar quão grande será essa abrangência enquanto ele está no comando, afirmando que há lanternas que são ondas de rádio, gama, raio x, microondas; trazendo de volta aquela ideia de lanternas que não são seres animais, como o Alan Moore tinha descrito nos breves momentos que escreveu esses personagens. Lá ele introduzia um planeta lanterna e levantava que havia até fórmulas matemáticas que eram lanternas.


A questão agora é quanto e como o Morrison vai explorar essas ideias nas sequências, ou se ele só colocou pra narração do guardião ficar mais interessante. Conhecendo o cara, sabemos que quanto mais complexo, melhor pra ele (só torcer pra que fique compreensível). No mais, a história é realmente uma introdução, onde são trabalhadas as ideias dos lanternas que não são seres físicos, anti-matéria e probabilidades de sorte, então é possível que o tom envolva essas coisas. O cara já afirmou em entrevistas que não vai trabalhar com as outras cores criadas pelo Geoff Johns, ficando só com o verde. Por enquanto aquela imagem do Jordan meio ciborgue que estava na capa alternativa pelo Frank Quitely não é explicada, mesmo sendo o que chamava mais atenção.


A revista é curiosa, por enquanto acho que vale a pena conferir para ver no que vai dar. Sei que o título do post foi meio apelativo, justamente por isso acho importante ressaltar que sei que o Morrison gosta muito de quadrinhos e nunca cagaria intencionalmente em uma história como já fizeram Alan Moore e Frank Miller, é só que às vezes ele se perde e parece confundir o que é legal em fantasias de aventura com o que (dizem as pessoas) funciona nos Invisíveis. Por hora, acho que dá pra torcer que ele traga vários elementos interessantes pras próximas histórias do personagem. Pra mim ele é o que tem a mitologia mais rica da DC, junto com o Batman. No final da revista há uma prévia do que vai rolar nas próximas, sendo que o mais claro e chamativo é o retorno da colaboração com o Arqueiro Verde, que é muito amada pelos fãs e importante na cultura das HQs mainstream ocidentais.


Nos últimos anos o estilo do Johns trouxe centenas de histórias excelentes. Agora dá pra ver que o tom vai mudar bastante. Será que vai ficar legal? Será que vai perdurar?

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