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Solid Snake, herói da série de videogames Metal Gear, enxerga apenas uma forma de terminar a sua carreira no último jogo. |
Por que após uma vida de esforços em lutar contra o mal, o herói não pode se unir a esse bem e... dar uma relaxaaada? Hakuna Matata, Bob Marley e afiliados? Será que o trabalho de um herói literalmente nunca termina? Todo o esforço é para fazer que o mundo fique um pouco melhor, mas nunca bom? Voltando ao ponto da aceitação da própria morte; em 1986 a DC Comics resolveu que iria recomeçar as histórias dos seus super-heróis porque eles já eram muito antigos e havia uma nova geração de leitores. Alan Moore foi responsabilizado de escrever "Whatever Happened to the Man of Tomorrow?", que se trata de como seria uma última história do Superman se realmente fosse a última a ser publicada para sempre. Como seria o fim do herói mais famoso de todos os tempos? Eis que Alan Moore (bendito gênio) deixou todos de boca aberta quando ao final da história, após enfrentar todos os seus inimigos, Superman dá um sorriso e decidido entra na câmara com a kryptonita amarela e então, sem super-poderes, caminha na neve até o seu fim.
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"Adeus, Superman! Nós sentiremos a sua falta!" |
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"O que você acha?" "O fim..." |
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Você só não poderia ser o Batman porque precisaria de muita grana... |
Não tinha como ela ser feliz com aqueles soldados cujo grau de relação com a menina eu não lembro exatamente. Isso nunca aconteceria. A mesma coisa acontece em Nárnia, a ideia é que o final feliz na verdade está em outro lugar.
Escapam das mentes alienadas e poluição
Deixam a Terra com todo o seu Pecado e Ódio
Encontram outro mundo onde a Liberdade aguarda, yeah"
"Pass the stars in fields of ancient void
Through the shields of darkness where they find
Love upon a land unknown
Where the sons of freedom make their home
Leave the Earth to Satan and his slaves
Leave them to their future in their grave
Make a home where Love is there to stay
Peace and Happines in every day"
"Passadas as estrelas nos terrenos do vácuo ancião
Pelos escudos de sombras onde eles encontram
Amor em uma terra desconhecida
Onde os filhos da liberdade fazem a sua moradia
Deixam a Terra para Satanás e os seus escravos
Deixam-os para os seus futuros em seus caixões
Fazem um lar onde Amor está para ficar
Paz e Felicidade todos os dias"
Isso prova que não há uma ou duas, mas várias mentes criativas realmente convencidas de que alcançar paz completa na Terra é uma tarefa infinitamente impossível e que se há/haverá uma utopia, não será feita aqui, assim voltamos para a morte dos heróis. O que parece haver é algo implícito no coração das pessoas de que aqui não é um local de Bem, e depois de tentar fazer o seu melhor é em outro lugar que a Utopia existe ou existirá, mas não aqui, é como uma certeza de todos, basta pensarem bastante nisso. E a única forma de realmente sair daqui, é parando de respirar. Quando Cristo "morre" ele não deixa a Terra perfeita, mas deixa o seu melhor, ele não tem como deixar o mundo brilhando sozinho, isso depende do apoio de todos, que indicam não estarem muito afim disso.
A Paz, claramente, não é um estado natural da sociedade. Dá pra ver que o natural do homem é o caos. Mesmo com certas normas estabelecidas, dá pra observar na natureza uma sobrevivência por meio da lei do mais forte e assassinatos em troca de comida e conforto. Então a paz não deixa de ser uma fantasia, algo que realmente está para ser alcançado, por isso os heróis acabam morrendo ou "morrendo" para conseguirem o seu descanso, afinal todos querem descansar do trabalho. Na Bíblia até Deus tirou um dia de descanso depois de terminar a Terra em seis.
E os vilões, têm que morrer?
Não. Os objetivos e conquistas dos vilões são obtidos por meio do medo, de elementos negativos como ilusões e uso de força excessiva. Ninguém tem medo de ser agredido por alguém que já morreu, o reinado deste só dura enquanto vierem outras pessoas ocupar o seu lugar, o que nos casos extremos não costuma rolar... digamos que o mal não é muito inspirador, pois é algo egoísta e pouco produtivo. Não é por nada que nas histórias a imortalidade é algo procurado apenas pelos vilões, pois tudo que eles conseguiram vai embora junto com eles. Ninguém mais vai dar uma pessoa em sacrifício pro King Kong se ele cair morto na frente daquele monte de índio, vai todo mundo voltar a procurar o que fazer. Apesar de aparentemente haver mais mal do que bem, a luz sempre pode surgir do meio das sombras, já a sombra só surge a partir da luz se afastando.
Morrer como um herói
Fazendo menções honrosas a outros exemplos da ficção, temos o Darth Vader, que depois de tudo (cortar a mão do filho, torturar a própria filha, destruir planetas...) resolve que vai morrer como um herói e nos seus últimos minutos de vida salva a galáxia de sua própria tirania, mas ele havia sido um vilão por tanto tempo! É que ser um herói é duro, como Anakin ele não conseguiu lidar com isso, as decepções, limitações quanto as injustiças, acabou sucumbindo ao mal, mas no fim pula o muro de novo.
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"Ou você morre um herói, ou vive tempo o suficiente para se tornar o vilão." |
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Se incendiando em público Bouazizi derrubou vários ditadores. Joana d'Arc é outra que pegou fogo no final. E no caso era uma garota de dezesseis anos... |
Esse post é antiiiiigo, início de 2014 ele foi postado no Blog Joker. Como mudei algumas coisas vou deixar alguns comentários aqui.
-Algumas das partes mais pessoais que sempre uso pra manter o tom conversativo com o leitor, eu mudei um pouco e adaptei pro como eu o faço hoje.
-Erros de português corrigidos... principalmente no título. Até que não eram tantos, mas haviam.
-Mudei todos os links. Alguns tavam quebrados, substituí, já outros em referência ao Alan Moore e o Black Sabbath eu atualizei pra textos postados aqui no Ozymandias Realista mesmo.
-Tirei as referências ao Espiritismo porque não acredito mais. Ainda gosto da filosofia que eles usam pra explicar a existência e não deixei de acreditar em um significado maior oculto, mas percebi que as pessoas simplesmente podem ser muito criativas pra combinar fatores em explicações.
-Também tirei a referência ao Código da Vinci, por ter sacado que aquilo nada mais é que uma história de ficção, e eu havia referenciado como uma história real (a ideia do post é justamente os paralelos, mas não pode confundir, né? Hehe). Resgatando na minha memória, eu achava que a história era comprovada porque a catequista do meu irmão mais novo quando o filme saiu ficou mó brava falando mal dele, me fez pensar que devia ser verdade e ela não queria que fosse revelado. Claro que há outras crenças e conspirações sobre o que Jesus realmente teria proposto e sido distorcido, continuo achando que não há maldade alguma no cara ter uma mulher transar com ela e ter filhos, oh meu Deus, que coisa do mal, tudo que ele ensinou vai por água abaixo!!! Isso não faz sentido pra mim, mas preferi tirar a referência por ser fraca e não ter disponibilidade pra pesquisar isso melhor agora.
-Eu gostei de usar Star Wars na época como referência porque era um filme divertido de fantasia, diferente de hoje que é uma religião bizarra pela qual não tenho qualquer respeito, mas não ia trocar agora.
-Também tirei o exemplo do Kira no final porque tava em excesso, aproveitei e deixei a Joana d'Arc, que é até mais legal, além de ser uma personagem histórica.
-No mesmo dia que foi publicado esse post teve quinze compartilhamentos no Facebook, você pode até conferir pelo link dessa página do Facebook, onde houveram também 70 curtidas: https://www.facebook.com/batmantrajetoria/photos/a.316977351746499.71409.247443488699886/481137171997182/?type=1&theater
-Não falo isso pra me exibir, mas pra compartilhar com vocês a minha trajetória como blogueiro. No Blog Joker houveram comentários EXTREMAMENTE positivos quanto ao texto, tanto que compartilhei no meu Facebook pessoal, algo que quase nunca faço. Lá tive comentários positivos de amigos, mas até de pessoas que eu nem falava direito e elogiaram imensamente dizendo que tinham adorado. Eu fiquei extremamente surpreso, isso nunca tinha rolado antes, por isso considero "Os heróis têm que morrer?" o "início de tudo", pois até então eu só compartilhava notícias no estilo de review/preview e às vezes fazia um dossiê sobre algo que curtisse muito, como Ozzy Osbourne e Alice Cooper, eu nunca pegava e colocava algum pensamento que eu achava curioso na minha cabeça e desenvolvia em texto. Eu só fiz isso com "Os heróis têm que morrer?" porque no dia anterior quando fui dormir (indo além da barreira do sono...) com essas questões que eu já pensava há algum tempo, elas estavam claras demais na minha cabeça, e eu conseguia vê-las como um post que podia ser desenvolvido, podia até ver a impactante imagem da crucificação no início abrindo o texto, então no outro dia resolvi arriscar e terminei em algumas horas, conseguindo todos esses resultados positivos. Pra falar a verdade, na época não houve qualquer comentário negativo. Lá passou das 800 visualizações e acredito que ainda aumente.
-Alguns anos depois o Ozy, que escreve aqui, pegou esse texto e migrou pro Action&Comics, um site sobre entretenimento "nerd" bem mais popular que aqui ou o finado Blog Joker. Teve acho que, só um cara, ou no máximo dois, que disseram que o texto era uma merda. Os outros compensavam tranquilamente, tinha um cara dizendo que foi o melhor texto que ele já tinha lido naquele site (que é enorme) e até me agradecia por tê-lo escrito, eu ficava só "nossa". Por isso digo que esse texto foi o início de tudo. Em 2014 foi o ano mais experimental do Blog Joker. Eu tinha saído da faculdade então tinha bastante tempo livre. Escrevia crônicas desse tipo, fazia fan-fics de continuação do jogo do Batman que meus leitores pediam (no final tendo dado um total de 16 textos, creio que em apenas um ano), histórias enormes baseadas em alguma coisa bizarra que eu tinha ouvido e muitos etcs.
-O ponto que quero chegar é que, hoje temos posts de ideias pessoais com excelente feedback, como "Outra História Americana", "Pussy, Rammstein e cultura do estupro" e "Todo mundo fica com raiva quando percebe que é um imbecil", isso tudo com certeza só veio por causa da confiança que tomei com a excelente (e surpreendente!) recepção que teve "Os heróis têm que morrer?".
-Os números não mentem! O texto da "Outra História Americana" teve muitos acessos em pouco tempo e comentários extremamente elogiosos dos nossos leitores e colaboradores. "Problemática Mônica" e "Pussy, Rammstein e cultura do estupro" já passam as milhares de visualizações, sendo esse último bem recente. Ou seja? As pessoas gostam bastante, e o caminho continua aberto, o sinal continua verde. Imaginei que vocês que acompanham meus textos pudessem achar interessante conferir esse texto aqui que foi onde tudo começou. O paradoxo temporal fecha agora, Martin, mas continuamos aí, tamo junto.
-Adoro essa fotinho do final.