Finalmente foi liberado
o trailer para o tão aguardado filme da Supergirl do DCU, estrelando Milly Alcock como a jovem kriptoniana.
Pelo que foi apresentado o filme irá realmente pegar muita inspiração da hq “Mulher do amanhã” do Tom King, mostrando uma Kara mais rebelde e beberrona, saindo numa jornada pelo universo, ao lado da jovem Ruthye, para encontrar um assassino.
Embora eu esteja curioso para ver como será esse filme, tendo confiança no James Gunn, no elenco e na produção, eu tenho minhas ressalvas quanto a história que escolheram como base.
Conforme expliquei em
um texto passado, não sou muito fã da minissérie do Tom King. Não acho que seja
ruim, mas também não acho que seja essa obra prima que muitos dizem ser. Alguns
defendem que essa escolha foi pela popularidade da hq, descrevendo-a como “a
primeira história boa da Supergirl”, “a que deu a ela um lado traumatizado” e
“a que tirou ela da sombra do Superman”.
Tirando a parte da popularidade, esses argumentos estão incorretos, claramente por pessoas que possuem uma visão estereotipada da Supergirl, vendo-a apenas como uma variante/sidekick do Superman, sem crescimento significativo.
Na realidade,
desde que foi criada na Era de Prata, Kara foi sendo desenvolvida por autores,
tendo histórias que, embora não conhecidas pelo público em geral, que deixaram
Kara se destacar como uma personagem própria e complexa, uma jovem sobrevivente
tentando encontrar seu lugar no mundo que lida com problemas como inexperiência,
expectativas e traumas, mas supera essas inseguranças com o apoio de seus
amigos, sua coragem e força de vontade.
Até mesmo quando DC
tentou se livrar dela na década de 80 com crises e reboots, roteiristas sempre
trouxeram ela de volta e continuaram a evolui-la, demonstrando sua
importância. Esse novo destaque que ela
tem recebido nos filmes não é novidade, mas sim uma extensão do status da
personagem nas hqs.
Com a personagem
estando prestes a ganhar uma nova versão nos filmes, decidi escrever texto
apresentando 10 das melhores histórias que a Supergirl teve nas hqs e
recomendações que passo para qualquer um que queira conhecer um pouco mais da
Garota de aço.
Vamos começar...
10)
A noiva de Mxyzptlk
Leitura: Action Comics vol.1 nº291
Quem assistiu a série
da Supergirl do Arrowverse provavelmente deve se lembrar da primeira aparição
do Mxyzptlk, onde o duende tentou se casar com a kriptoniana. A parte que
muitos provavelmente não devem saber é que essa trama foi baseada numa história
clássica da Era de Prata.
Semelhante ao episódio,
essa história secundária mostra o malandro da 5ª dimensão vai atrás da Kara,
com a intenção de faze-la sua noiva. A princípio, ele apenas tenta convence-la
provocando caos na cidade, mas, após a heroína recusa seu pedido Mxy revela sua
carta na manga: Ele ressuscita os pais da Kara, deixando-a dividida entre sua
família kriptoniana e sua família adotiva.
Apesar da premissa
parece boba, como muitas histórias da Era de Prata, não se deve julgar um livro
pela capa. A motivação de Mxy pode parecer datado, mas seu plano permite a
história destacar como a Kara se sente dividida entre sua vida atual na Terra
com seus pais adotivos, os Denvers, e seu desejo de se reunir com seus pais
biológicos.
A forma como esse
conflito se resolve é bem tocante e dá muita personalidade para os pais da
Kara, mostrando o impacto que eles tiveram na sua filha.
9)
Supergirl & a Legião dos Super Heróis
Leitura Supergirl vol.5 Annual 2
Um dos grupos do qual
Supergirl participou foi a Legião dos Super Heróis. Assim como seu primo, ela
também viajou para o futuro e conheceu essa equipe composta por aliens e super
humanos inspirados pelo Superboy. Dos vários legionários, o que teve uma
relação importante com Kara foi Brainiac 5, descendente do Brainiac, o maior
inimigo de seu primo.
Nesse annual 2, é
contada uma versão nova do primeiro encontro desses dois, mostrando como Brainy
começa tendo uma posição contra deixar a Kara participar da Legião (visto o
risco que isso poderia ter para a linha do tempo) para, aos poucos, se
apaixonar pela kriptoniana, se tornando protetor dela, mesmo sabendo do destino
trágico que aguarda a Kara no futuro.
Essa inspiração é
refletida pela própria Supergirl, com a história destacando seu otimismo e
dedicação para proteger os inocentes, mesmo após ela descobrir quando e como
será o dia de sua morte.
8)
Quem é a Superwoman?
Leitura: Supergirl vol.5 nº37 a 42
Uma das maiores
mudanças a acontecer nas revistas do Superman na metade dos anos 2000 foi o
evento “Novo Krypton”, onde o homem de aço resgatou a cidade de Kandor do
Brainiac. Com a cidade e seus habitantes (incluindo os pais de Kara) tendo
voltado ao tamanho original, a DC pode reintroduzir vários kriptonianos
clássicos da Era de Prata, além de apresentar figuras novas.
No caso de “Quem é a
Superwoman?”, o arco gira em torno da Superwoman, uma kriptoniana misteriosa
que desenvolveu uma amizade com Kara, tentando convence-la a abandonar a Terra
e se dedicar a Krypton.
A princípio, ela parece
ser uma amiga simpática. No entanto, ela logo vai revelando um lado instável,
indicando que ela não seja o que diz ser.
O roteiro cria um bom
mistério envolvendo a Superwoman, cuja identidade secreta acaba sendo uma
personagem com forte conexão com a super familia.
Seu eventual conflito
com a Kara tem um final chocante, onde as ações da heroína acabam tendo
consequências que prejudicam sua relação com uma de suas aliadas, mostrando
como ela é ainda uma jovem emocional e capaz de cometer erros.
7)
Blackstaar
Leitura: Supergirl vol.2 nº13 a 15
Uma crítica que a
Supergirl recebe é o fato dela compartilhar vilões do Superman, não tendo uma
galeria própria. Isso não é completa verdade, pois tiveram personagens, embora
uma minoria, que agiram como antagonistas da garota de aço.
Uma delas de grande
destaque foi Blackstaar, uma mulher com poderes sobre forças cósmicas e líder
de um movimento neo-nazista. Quando seu grupo começa a agir em Chicago, eles
acabam chamando a atenção de Kara, levando ao conflito entre as duas
super-humanas. No entanto, a luta se torna pessoal quando Kara vai descobrindo
que existe uma conexão entre Blackstaar com sua inquilina, Ida Berkowitz.
A revelação da relação
das duas e a forma como essa batalha termina dá a história um tom bem
melancólico, mas não carente de esperança, com Kara tendo momentos que mostram
sua compaixão pelas pessoas, incluindo aquelas que perderam suas famílias e
lares.
6)
Fuga da Zona Fantasma
Leitura: Batgirl vol.5 annual 1 e Supergirl vol.7 nº9
a 11
Uma das heroínas com
quem Kara possui uma forte amizade é a Batgirl (Barbara Gordon). As duas são
uma versão feminina da parceria do Superman com o Batman, porém mais amigável e
com menos atritos.
Dos vários team-ups que
elas tiveram nas hqs “Fuga da Zona Fantasma” é um dos mais divertidos. Como o
titulo sugere, a trama envolve as duas amigas ficando presas na zona fantasma e
tendo que trabalhar juntas para sobreviver e impedir o plano de Xa-Du, o Rei
Fantasma, de usar Gayle Marsh, uma jovem telepata, para abrir portal entre a
Zona e universo principal.
O ponto forte é como
desenvolve as duas heroínas mostrando como uma complementa a outra e como a
união das duas permite elas ajudarem a outros. É também interessante ver uma
dinâmica entre protagonistas que já mostra as duas se dando bem e não tendo
conflitos entre si, algo raro nesses team-up
5)
Caça ao Reactron
Leitura: Action Comics 881 e 882 e Supergirl vol.5
nº45 e 47
Como expliquei no item
, Novo Krypton foi um evento de grande mudança para o Superman e seus aliados,
com ele tendo conseguido salvar e restaurar a cidade de Kandor de volta ao
tamanho normal. Agora existia uma civilização de kriptonianos vivendo na Terra.
Dentre eles estavam os pais de Kara, Zor- El e Allura, o que levou a uma grande
felicidade para a Garota de Aço.
No entanto essa reunião
foi uma calmaria para uma trágica tempestade: Vendo os kriptonianos como uma
ameaça, General Lane enviou Metallo e Reactron para destruirem Kandor. Esse
ataque resultou na morte de Zor El e levou os kriptonianos a passarem orbitar a
Terra, aumentando tensões entre eles e humanos.
Sabendo que Reactron
ainda estava a solta, Allura envia Kara numa missão para captura-lo e traze-lo
para ser julgado por seu ataque a Nova Krypton. Essa tarefa logo revela sua
dificuldade, pois Kara tem que enfrentar não só o assassino de seu pai, mas
também o governo, que, devido as manipulações de Lane, acreditam que ela e os
kriptonianos são uma ameaça.
Por trás de suas cenas
de ação e suspense, “Caça a Reactron” é uma história sobre perda, luto, culpa e
a forma como isso afeta pessoas de formas diferentes, seja a kriptoniana
religiosa Thaara (que tenta manter sua fé e otimismo nesse cenário difícil),
Allura (que está em conflito entre seu desejo por vingança e seu amor por Zor
El e seus ideais) ou povo de Kandor (maioria desejando matar Reactron pelos
familiares que ele matou). Até mesmo General Lane, em uma sub-trama dele
tentando salvar a vida de sua filha Lucy, acaba se envolvendo na temática, com
seu plano transformando a filha num monstro.
No meio disso tudo se
encontra a Supergirl, com as interações dela com esse elenco de personagens
fazendo-a confrontar essa dor e tristeza que ela carrega dentro de si e não
deixando isso cegar seus valores morais ou torna-la fechada paras pessoas que
se importam com ela.
4) Dia da Guilda
Leitura:
Supergirl vol.5 nº43
É
muito comum pessoas descreverem os heróis da DC como esses deuses modernos,
esses heróis que nos inspiram e portanto, não tão relacionáveis com os da
Marvel. Tal argumento está longe da verdade pois, dependendo do roteiro, eles
podem ser figuras humanas e com dramas identificáveis para vários leitores.
Em
“Dia da Guilda”, por exemplo”, a trama não envolve Supergirl enfrentando um
vilão poderoso, ou salvando o mundo de uma ameaça, e sim Kara se preparando
para seu aniversário, quando ela terá que escolher qual das guildas de Nova
Krypton ela irá pertencer.
Alguns
podem não ver importância nesse aspecto, porém o roteiro dá um aspecto bem
relacionável para o dilema da Kara, com ela tendo dúvidas se deve seguir os
passos de seu falecido pai, temendo decepcionar sua memória, ou se pode
escolher um novo caminho. É algo bem pessoal e contribuir para tornar Kara uma
figura com qual muitos leitores conseguem se conectar, especialmente aqueles
prestes a se formar e se questionando sobre uma profissão que irão ter no
futuro.
Sem
dar muito spoiler, a escolha que Kara acaba sendo feita por motivos
interessantes, que expões muito da personagem e seus desejos.
3)
Bizarro Girl
Leitura: Supergirl vol.5 nº53 e 57
Tal como Superman tem o
Bizarro como um clone imperfeito, Kara também possui uma cópia bizarra: A
bizarro girl.
O primeiro encontro das
duas aconteceu, quando a Bizarro girl chegou a Terra em uma espaço nave. A princípio
ela parecia ser uma vilã como outra qualquer, ameaçando a vida de inocentes. No
entanto, conforme foi enfrentando-a, Kara descobre que Bizarro Girl foi enviada
para Terra pelo Bizarro, para salva-la da Nave-Deus, um objeto misterioso, que
está ameaçando o Mundo Bizarro.
Como muitas histórias
envolvendo o Bizarro e seu mundo, essa tem um equilíbrio de comédia e conceitos
sci-fy mas também um drama emocional.
Por um lado é divertido
ver as interações da Kara com os habitantes do mundo Bizarro e a forma como o
roteirista brinca com essas versões imperfeitas dos personagens da DC. Mas a
história tá longe de ser apenas piadas e bom-humor, pois as interação mais
importante é da Kara com a Bizarro Girl, cuja atitude conecta com Kara, que
está lidando com suas próprias inseguranças após a destruição de Nova Krypton,
se culpando por ter falhado em salvar seu povo.
É observando a Bizarro
Girl nessa aventura que Kara passa a aceitar que ela não precisa ser uma
“heroína perfeita” como muitos esperam, passando a valorizar suas próprias
qualidades, tanto seus erros quanto suas virtudes.
2)
Deveria um velho conhecido ser esquecido
Leitura: Christmas with the Super-Heroes Vol 1 nº2
Um dos momentos mais
icônicos da Supergirl nos quadrinhos foi sua batalha contra o Anti Monitor na
Crise das Infinitas Terras, que terminou com a personagem sendo morta pelo
vilão. Embora esse quadrinho seja considerado o fim da Supergirl pré-crise, ela
ainda teria uma aparição surpresa em uma história do Christimas with the Super Heroes: “Deveria um velho conhecido ser
esquecido”
Nesse tocante conto de
natal, a narrativa é contada através do ponto de vista de Boston Brand, o
Desafiador. Por ser um espirito fadado a vagar entre os vivos, ele é solitário,
com o crédito de suas boas ações sendo dadas as pessoas que ele possui enquanto
o próprio não é nem reconhecido Durante as festas natalinas, isso faz o
fantasma ter um estresse, sentindo-se injustiçado por viver de tal forma, após
tudo que ele já fez.
Em seu momento de
frustração e tristeza, ele é encontrado por uma loira que consegue enxerga-lo.
Lhe dando companhia, a moça ajuda Boston a perceber que o valor do heroísmo se
encontra não na glória ou reconhecimento de outros, mas sim no fato que ele fez
diferença positiva na vida das pessoas.
Naturalmente, por essa
história estar nessa lista, essa jovem loira é revelada no final sendo a Kara,
que, mesmo tendo morrido na Crise e seu espirito tendo que viver numa realidade
onde nunca existiu, ela continua ajudando aqueles que pode. É uma bela
homenagem a personagem e uma mensagem para os leitores, principalmente os fãs
que tem acompanhado a personagem até o fim.
1)
Uma vida
Leitura: Supergirl vol.7 n°19
Nem toda história de
super herói precisa envolver o protagonista salvando o mundo de uma invasão alienígena ou uma
cidade de um super vilão. As vezes ajudar pelo menos uma simples pessoa pode
ter mais significado.
Nessa história “Uma
vida”, isso demonstrado quando Supergirl salva a vida de Lee Serano, um
personagem não-binário, que sofre bullying na escola e tem inseguranças em se
abrir com seus pais, temendo sofrer rejeição. Se conectando com o drama, Kara
acaba dando um suporte, inspirando Lee a se abrir com seus pais e enfrentar o
valentão de sua escola.
Esse evento acaba tendo
grande importância no presente, quando Supergirl está lidando com rejeição do público
após ter sido revelado que ela era filha do Super-Ciborgue (bs: não é o Hank
Henshaw, mas sim a nova versão do Zor-El) e é Lee quem vem lhe dá suporte.
No mesmo modelo que
histórias como “O menino que colecionava Homem Aranha”, “Uma vida” tem uma
trama simples, mas em execução consegue ser algo bem profundo, que aborda
tópicos relevantes sobre expressão e respeito de identidade, ao mesmo tempo que
representa o grande poder da Kara, que não é sua força, visão laser ou
capacidade voar, mas sim sua compaixão e humanidade. É fácil olhar para ela e
assumir que ela seja apenas uma menina sorridente e sem dificuldade. Mas,
quando se lê hqs como essa, compreende-se como a Kara é uma figura tão
relacionável quanto qualquer um de nós e é o fato dela se identifica com o
sofrimento das pessoas e buscar ajuda-los que a torna uma heróina tão
memorável.
Então é isso! O que
acharam da lista? Quais são suas sagas favoritas da Supergirl? Sintam-se a
vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo











