Surfista Prateado de Dan Slott – Uma épica jornada & um belo romance

 


Alguns autores podem conquistar o interesse do leitor instantaneamente com seus trabalhos. Outros levam um tempo mais longo. É nesse segundo grupo que eu coloco minha relação com os trabalhos de Dan Slott.



Quando ouvi falar dele, Slott já era um nome bem infame entre os fãs por causa de sua longa fase no Homem Aranha pós-Um dia a Mais. Como na época eu ia com base na opinião da maioria, acabei não dando atenção pros trabalhos do Slott.

Porém, com o passar do tempo, fui conferindo algumas histórias escritas por ele e, embora tivessem de fato algumas não tão legais, tinham outras que eram muito bem escritas e emocionantes. Não diria que elas tornam Slott um dos meus autores favoritos, mas elas revelam que ele tem talento como um escritor e sabe como fazer uns trabalhos de boa qualidade.




Dessas histórias que ele escreveu, a que eu considero a mais marcante de todas, pra mim pelo menos, foi sua fase na hq do Surfista Prateado.



Tendo escrito dois volumes da hqs (um em 2014 e outro em 2015), Dan Slott colocou o Surfista numa direção mais campy, focada no lado explorador do personagem e das aventuras. 



Por ser uma abordagem não familiar para os fãs de longa data, isso poderia ter causado alienamento e duras críticas. Porém, Slott soube utilizar sua ideia para entregar um conto bem mais profundo e que conquistaria o coração de vários leitores.

Mas o que torna essa fase do Dan Slott tão especial? Como que ele trabalhou o Surfista Prateado, um personagem tão complexo e rico em aspectos cósmicos e shakespearianos?

Comecemos por partes... shall we?

Trama

Durante suas viagens pelo cosmos, o Surfista Prateado chegou ao Impericon, um planeta cuja estrutura desafiava as leis da física. Lá, ele se encontrou com Incrédulo Zed, um alien que tentou convence-lo a eliminar a Rainha dos Nervos, uma entidade cósmica querendo se apossar de Impericon (que na realidade era seu coração). 



Quando o Surfista se recusa ser peão no esquema de Zed, o alien tenta usar como refém uma terráquea, Dawn Greenwood, que, de acordo com as maquinas de Zed é a “moça mais importante para o Surfista”, embora o próprio não a conheça.



Naturalmente, o Surfista, eventualmente, consegue arruinar o esquema de Zed e escapa com Dawn. Após essa aventura e um incidente envolvendo o vilão Pesadelo, Dawn, sentindo um desejo de explorar o espaço, se junta ao Surfista em suas jornadas pelo universo.



As viagens que os dois embarcam os levam as lugares bem bizarros, com seres estranhos e situações que os fazem aprender mais sobre os sentimentos que eles vão criando um pelo outro.

Uma viagem cósmica a lá Era de Prata

A maioria das histórias do Surfistas Prateado podem ser descritas como um drama sci-fy, combinando cenários cósmicos das hqs com temas sobre redenção e dilemas morais, com alguns finais sendo bem melancólicos.



Mas, na fase de Dan Slott, mesmo com alguns arcos profundos, o foco é mais dado para o lado explorador do Surfistas e os vários cenários bizarros que o herói sempre se encontra em suas viagens.


Graças o roteiro, mais a arte de Mike Allred, o lado cósmico da Marvel é dado uma identidade visual bem mais colorida e surreal, próxima do estilo de histórias da Era de Prata, com Surfista e Dawn passando por várias aventuras recheadas de conceitos e momentos bem criativos, claramente inspirados por séries como Doctor Who.






Amor de dois mundos



Embora os elementos sci-fy sejam um destaque dessa fase de Dan Slott, a verdadeira força é a relação que vai crescendo entre o Surfista e Dawn Greenwood.

No seu primeiro encontro, os dois são apresentados como completos opostos: Enquanto o Surfista é curioso e fascinado em explorar o universo, Dawn é mais reservada e contente com a vida simples que ela tem com sua família na Terra.


São essas duas perspectivas contrárias, uma micro e uma macro, que atraem o fascínio de um pelo outro e, com isso, o nascimento de um romance cativante.



Essa relação não foi algo simples ou fácil, com os dois tendo que passar por várias situações, desde Dawn descobrindo sobre o passado do Surfista como arauto de Galactus a terem que salvar a Terra de uma invasão de Zenn-La, o planeta natal do Surfista (com a líder sendo Shalla Bal, sua ex-amante). 



Porém, essas experiências apenas serviriam para evoluir ambos personagens e, por meio disso, mostrar um influenciado o outro. Graças ao Surfista, Dawn foi capaz de encarar sua insegurança e sair para explorar o universo, vendo o quão vasto tudo é e que ser diferente é que torna vida tão especial. Ao mesmo tempo, ela ajudou o Surfista a entender o valor de coisas pequenas, como passar um tempo junto de seus amigos, a compartilhar refeição e admirar algo passando na televisão.  





O amor dos dois não é algo apenas para agradar os shippers e novelerios. É um componente chave na evolução dos dois personagens principais.

Considerações finais

É compreensível se essa fase não agradar aqueles que esperavam mais uma história envolvendo o Surfista sendo um viajante solitário e passando por várias experiências trágicas. Porém, essa fase de Slott foi uma demonstração da variedade de histórias que o ex-arauto de Galactus pode ter nas hqs e novas ideias que podem ser executadas com ele.

Uma saga emocionante, que abraça a imaginação de conceitos das hqs, ao mesmo tempo em que apresenta momentos que tocam o coração de muitos leitores, conforme o progresso da leitura.

Pode até não ser minha fase favorita do Surfista, mas é com certeza uma das melhores e uma recomendação que dou aqueles que buscam ver um lado mais humano do personagem.

Nota: 10/10


Então é isso! Qual a opinião de vocês quanto a fase do Surfista Prateado de Dan Slott? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.