ACTION COMICS DE GRANT MORRISON – COMO O AUTOR REINVENTOU O SUPERMAN?

 


ACTION COMICS DE GRANT MORRISON – COMO O AUTOR REINVENTOU O SUPERMAN?

Em 2011, DC deu início aos Novos 52, um reboot nas HQs com o propósito de reintroduzir esses personagens para uma nova geração de leitores. Embora tenha tido um começo aceitável, a ideia acabou falhando, com vários fatores (ex: interferência de editores, falta de comunicação entre artistas, abordagens de personagens) contribuindo para prejudicar a qualidade das HQs, e consequentemente, seu número de vendas, levando a DC a fazer um soft-reboot, em 2016, para corrigir esses problemas.



De fato os Novos 52 não foram o sucesso tão esperado, porém não significa que todas as revistas da DC eram ruins. Tiveram histórias muitos boas como Aquaman do Geoff Johns e o Arqueiro Verde do Jeff Lemire. Porém uma revista que merece um destaque foi a fase do Grant Morrison na Action Comics.




Além de ter escrito revistas populares como Patrulha do Destino, Homem Animal e Novos X-men, Morrison já tinha experiência com o personagem do Superman, tendo sido autor de uma de suas HQs mais elogiadas Grandes Astros Superman.




Durante seu período escrevendo o personagem no Actions Comics por 18 edições (mais uma edição 0), Morrison demonstrou mais uma vez seu entendimento em relação ao Superman e o que ele representa, apresentando uma nova versão do personagem para os leitores, ao mesmo tempo, fazendo grande homenagem a vasta mitologia do Homem de Aço, com várias referências suas histórias passadas.



Mas o que torna essa fase do Morrison tão marcante?

Eu vou explicar...

TRAMA

A fase dele começa no início da carreira do Superman, com o herói sendo apresentado como um jovem vigilante que se opõe a criminosos e empresários corruptos, enquanto expõe os crimes deles em sua identidade de Clark Kent, repórter do Estrela Diária.



Apesar de suas boas ações, Superman acaba tendo que lidar com a desconfiança do exército, que julgam o Homem de um Aço um invasor alienígena (detalhe que o próprio Clark, nessas primeiras revistas, não está ciente ainda), com indivíduos como Lex Luthor e o soldado John Corben (o Metallo) tentando virar o público contra o Superman e captura-lo.



Mas, quando Metrópolis é roubada pelo colecionador Brainiac, o Ultimo Filho de Krypton e os soldados deixam suas diferenças de lado e, trabalhando juntos, conseguem salvar a cidade e sua população.



Essa aventura marca o início da evolução do Clark e seu alter ego heroico, com ele desenvolvendo novas relações e enfrentando vários inimigos estranhos, aos poucos descobrindo que elas estão ligadas a um misterioso vilão que ameaça não apenas ele como também toda realidade.

FAZENDO ARTE DE UMA BAGUNÇA DE CONTINUIDADE

Um problema que muitas das HQs da DC sofreram durante os Novos 52 foram as várias incoerências na continuidade do universo DC. Embora a proposta do reboot fosse de ser um recomeço desse universo, tinham umas revistas, como a do Batman e do Lanterna Verde, que não tinham sido alteradas, criando contradições (ex: Na HQ da Liga da Justiça tinha sido estabelecido que os heróis estiveram na ativa por 5 anos, porém nas HQs do Batman ele já tinha todos os 4 robins). Parecia que ninguém na editora sabia o que continuava canônico ou não (pior pela falta de comunicação entre os roteiristas).



Só que no caso do Morrison, essa bagunça acabou lhe servindo de vantagem. Ao invés de seguir a continuidade criada em outras HQs, ele simplesmente seguiu uma direção completamente diferente, reintroduzindo vários elementos da mitologia do Superman, além de referências a histórias da continuidade pré-novos 52.

Claro que, ao ler isso, fica parecendo que Morrison apenas piorou ainda mais essa bagunça de continuidade. No entanto, aí que tem um twist: A fase do Morrison tem alguns eventos que são alterados ou mostrado fora de ordem, com reação de alguns personagens ao notarem essas mudanças essas criando um grande mistério envolvendo personagens como a Legião dos Heróis e os seres da 5ª dimensão.








Dessa forma Morrison cria não só um arco bem criativo, que abraça os conceitos de fantasia/ sci-fy das HQs do Superman, como faz um meta-comentário sobre a situação da DC Comics e o efeito que as decisões dos editores estavam tendo no universo das HQs.




UM SUPERMAN HUMANO & INSPIRADOR



Se Grandes Astros Superman foi um tributo de Morrison a versão da Era de Prata, com o Superman daquela história sendo experiente e overpower, o Action Comics é o oposto: O Superman de Morrison nessa fase é jovem, tem poderes mais limitados e não tinha problemas em intimidar criminosos com sua força física e comentários zoeiros, lembrando muito as HQs da Era de Ouro.




Ao mesmo tempo Superman tinha momentos em que ele se mostrava amigável e com um forte senso de justiça, determinado a ajudar as pessoas não importando as dificuldades.





Isso é resumido em uma das frases que o Superman diz na história, uma que reflete o tipo de herói que ele é: 

“Sempre há uma maneira! Quando as coisas parecem impossíveis...faça o impossível!”



Mas os dois aspectos do personagem que Morrison explora no Actions Comics são seu lado humano e seu lado inspirador.

Quando se trata do lado humano, Morrison dedica vários momentos, principalmente em histórias secundárias, para mostrar eventos da vida do Clark, como sua relação com a Lana Lang, a perda de seus pais adotivos, sua saída de Smallville, e ele criando a identidade do Superman. Isso pode parecer apenas informações para os leitores, mas a forma como Morrison apresenta esse conteúdo contribuir para mostrar como o humano por trás do Superman, como esse herói poderoso passou por várias experiências que muitos conseguem se identificar.









 

Já o lado inspirador do Superman é demonstrado pelos personagens com quem o Superman interage e o efeito que a presença do Homem de Aço tem nas pessoas.

Por um lado, tem os vilões como Lex Luthor e Metallo buscam eliminar o Superman, movidos por sua inveja do herói e um desejo de provar sua superioridade a ele.




Mas por outro, existem personagens como a Lois Lane, Jimmy Olsen ou o inventor John Henry Irons, que se conectaram com o Superman e seguem seu exemplo, tentando ajudar os outros, mesmo não tendo os mesmo poderes que o kriptoniano.




Mas, o grande destaque vai para os cidadãos de Metrópolis. Em seus roteiros, Morrison consegue dedicar tempo para mostrar a relação do Clark e essas pessoas e elas tendo momentos em que ajudam o heróis. Isso ajuda a dar mais personalidade para personagens que, em qualquer outra história, seriam apenas figurantes, dando muito mais emoção quando o Superman salva suas vidas ou vice versa. Clark pode ser um dos heróis mais poderosos da DC, mas ele não conseguira resolver todos os problemas nessa fase sem a ajuda dessas pessoas, todas inspiradas por seu heroísmo.



CONCLUSÃO





Grandes Astros Superman pode ser considerada uma maiores obras do Grant Morrison. Mas a fase dele no Action Comics também é uma história que representa o talento do autor e seu conhecimento em relação a essência do Superman.

Numa época em que maioria das HQs da DC buscavam reinventar os personagens e sua continuidade com uma abordagem mais sombria, Morrison foi um passo além, conseguindo reinventar a mitologia do Superman sem ignorar o que veio antes, mas sim homenageando a longa história do personagem nas hqs e preservando a caracterização do Superman e seus valores. Não importava quantas coisas rolavam na HQ, o personagem continuava sendo o símbolo de esperança que os fãs conhecem



Pode até existir recomeços bem melhores das histórias do Superman (como Legado das Estrelas de Mark Waid e Origens Secretas do Geoff Johns). Mas fase do Morrison no Action Comics não é só um novo ponto de partida para as novas histórias do Superman, como também uma carta de amor ao personagem e a mitologia criada em seus vários anos de histórias.

Então é isso! Concordam comigo? Discordam? Qual a opinião de vocês quanto ao Action Comics do Grant Morrison? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.






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