Ghost in the Shell, Justiceiro, Gen Pés Descalços, Demolidor - O Rei da Cozinha do Inferno e Saga - Reviews curtos e grossos

 



Olá, pessoal, mais um post com reviews curtos (alguns nem tão curtos) do que li nos últimos tempos em matéria de HQs e mangás. Sem mais delongas, vamos ao reviews.

 


Ghost in the Shell  (JBC) – Desde o boom dos mangás no Brasil, no começo dos anos 2000, que queriam trazer essa bagaça por aqui, mas tudo não passava de boato. Por ocasião do filme com Scarlett Johansson, finalmente publicaram, com mais de 25 anos de atraso. O mangá é de 1989 e foi compilado em 1991. A história é um expoente do cyberpunk; linha de sci-fi que surgiu no final do século XX, que via com certo pessimismo o futuro e achava que as grandes corporações tomariam conta de tudo, mais ou menos como é hoje, só que não. Na história, a major Motoko Kusanagi é uma agente ciborgue da Seção 9 do governo japonês, que investiga crimes de tecnologia. Há a história principal, a do Mestre dos Fantoches, que é abordada no anime de Mamoru Oshii, mas há também várias histórias paralelas, com as missões da Matoko para a Seção 9.

Achei que o mangá explica muito dos conceitos bem melhor que o anime. A leitura é até pesada, com muita informação e notas do autor. Mas o passado da Motoko também não é revelado no mangá. A personagem no mangá é bem mais extrovertida do que no anime, e o Masamune Shirow gosta de botar humor e umas sacanagens. A cena de orgia lésbica da Motoko foi censurada na versão brasileira, para tristeza dos onanistas, mas dá para ver as páginas na internet.

O mangá tem um quê oitentista, mas não está muito datado. O desenho do Shirow é irregular; é bem-feito em umas partes e tosco em outras. As páginas coloridas deixam o mangá mais bonito, mas a maioria das páginas é em preto e branco. A edição está muito boa, até com uma sobrecapa. O papel é um pouco inferior ao papel de livros, mas é bem melhor que papel-jornal. Nota 8 de 10.

 


Justiceiro volume 7 (Panini, 2018). Escrita pelo roteirista do Demolidor, Charle Soule, essa HQ mais uma vez coloca os eternos rivais Demolidor e Justiceiro em colisão; coisa que vem acontecendo desde a fase do Frank Miller no Homem sem Medo. Os personagens têm seus próprios modos de encarar a justiça. No caso do Demolidor, acho que é Justiça. No do Justiceiro, é vingança mesmo. Essa HQ se passa cronologicamente na época em que o Demolidor tinha um sidekick, o Ponto Cago. Matt Murdock, agora um promotor público, está sendo responsável pela transferência de Antonov, um mafioso russo, para o Texas, onde ele presumivelmente receberia um julgamento mais imparcial. O problema é que o Justiceiro prefere dar a sentença para Antonov de forma mais permanente, e de novo o Demolidor deve estar no caminho de Frank Castle.

O Justiceiro nessa HQ está em uma pegada mais "perseguidor implacável", incansavelmente atrás da escolta de Antonov. Nos últimos anos, o personagem ficou mais exagerado, um verdadeiro fodão; acho que é culpa do Garth Ennis. Esta HQ tem alguns pontos mais fracos; em um deles, o Demolidor leva uma porrada na cabeça e fica sem o radar temporariamente, e tem trabalho para enfrentar os bandidos. Mas o herói poderia contar também com seus sentidos ampliados. O Justiceiro fica dizendo para o Demolidor que Antonov provavelmente morrerá de injeção letal no Texas, mas, se ele tem tanta certeza disso, por quê se dá tanto ao trabalho para assassinar o bandido, que acabará morto do mesmo jeito. E, como tem bandido russo na história, o Dínamo Escarlate ainda aparece, para enfrentar a dupla. Os desenhos são de Szymon Kudranski, que é um desenhista competente e parece ser um daqueles artistas eslavos mais baratos, que a Marvel e a DC costumam contratar. Nota 7,5 de 10.


Gen Pés Descalços (Conrad) – Este é um dos melhores mangás sobre o Japão na Segunda Guerra. No enredo, Gen é um garoto que vive com sua família em Hiroshima e sofre preconceito por seu pai ser um pacifista. Basicamente, o mangá alterna drama com humor de forma muito competente, mas depois que acontece a explosão da bomba atômica, a tragédia ganha ares de filme de guerra dantesco, quando Gen perde a maior parte da sua família. Engraçado é que Gen é um mangá para jovens, mas não economiza na violência e em cenas chocantes, como a representação gráficas de pessoas derretendo por causa da bomba. Nota 8 de 10.


Demolidor   O Rei da Cozinha do Inferno (Panini) – A fase do Brian Michael Bendis no Demolidor é uma das mais importantes para o personagem nos últimos quinze anos, pelo menos. O texto de Bendis imita a estrutura das séries de TV, fragmentada, e a arte fotográfica de Alex Maleev é noir puro. Nesse encadernado, além de estar na berlinda por ter tido sua identidade revelada, o Demolidor ainda tem de enfrentar inimigos tradicionais, como Coruja, Mary Tiphoid, Mercenário e um redivivo Rei do Crime. Depois disso, ele se torna o "Rei da Cozinha do Inferno", mudando o paradigma do personagem, o que o deixa na mira da Yakuza.

Pensei em dar nota 9,5 para essa HQ, pois o fato de o Bendis "enrolar" seus roteiros com muitos diálogos me irrita um pouco. Ele não tem a verborragia de um Chris Claremont, que gostava de recordatórios e quadros narrativos, mas Bendis gosta de escrever uma história que tem cinco ou seis partes, quando esta poderia ter sido contada apenas em duas ou três. Isso para poder compilar tudo em encadernados. Essa é a tendência do formato dos comics, de 2000 em diante. Ele gosta de "enganar" o leitor. A fase do Demolidor dele é mais lenta, quando a gente compara com a fase do Miller, em que a ação explodia nos quadrinhos. Ambos bebem muito do noir, mas são completamente diferentes. Claro que, se não fosse pelo Miller, nem a fase do Bendis nem o que o Demolidor é hoje seria possível. Então, sim, a ação demora um pouco para acontecer, mas, quando ela acontece, vocês não perdem por esperar. É uma porrada e tanto. Por conta disso, não tem jeito, dou nota 10.

 


Saga volume 1 (Devir). Misto de fantasia com space opera escrito por Brian K. Vaughan, Saga é a história de um casal, Marko e Alana, constituído por ex-inimigos de uma guerra interplanetária. Eles são os pais da pequena bebê Hazel. Por causa de sua união, os dois impérios estão atrás deles, contratando mercenários. Acho um plot meio exagerado, mas, como é um universo fantasioso, até vai. Vaughan aproveita para tecer críticas sociais no enredo. Marko e Alana são um casal moderno. Os personagens são bem carismáticos, e cada capítulo termina com um gancho para fazer com que se leia logo o próximo. Ainda considero Y - O Último Homem a melhor obra de Vaughan, mas Saga também é muito legal. Os desenhos de Fiona Staples também de adequam muito bem a esse tipo de HQ. Nota 7,5 de 10.

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