QUANDO A CAPITÃ MARVEL ENFRENTOU O ALCOOLISMO?

 


QUANDO A CAPITÃ MARVEL ENFRENTOU O ALCOOLISMO?


Uma das personagens que teve uma das evoluções mais surpreendentes nas HQs foi Carol Danvers, a Capitã Marvel. Em sua primeira aparição Marvel Super Heroes nº13, em Março de 1969, Carol Danvers tinha sido introduzida apenas como uma aliada e possível interesse romântico para o Capitão Mar-Vell. Porém coisas mudaram após um acidente onde o guerreiro kree acidentalmente passou seus poderes para Carol, transformando-a na Ms. Marvel, um ser híbrido, meio humana e meio kree.



Conseguindo sua HQ solo, em 1977, Carol foi aos poucos evoluindo como uma heroína com  os roteiros de escritores como Brian Reed, Kelly Sue DeConnik e principalmente Chris Claremont, deixando  de ser uma variante feminina do Mar-Vell e virando uma heroína própria e independente, superando-o em popularidade e, eventualmente, assumindo seu manto. Seu sucesso foi tão grande que muitos fãs consideram Carol a resposta da Marvel para a Mulher Maravilha da DC.



No entanto, a jornada de Carol não foi fácil, com a personagem tendo passado por vários momentos tensos que deixaram marcas profundas na personagem. Claro que é inspirador fato da Carol ter continuado a ser uma badass e ajudado os heróis mesmo com essas experiências, mas todo mundo tem limite.  Depois de tudo que passou, até mesmo alguém tão determinada como a Carol pode ser afetada por essas experiências, seja de forma física, psicológica e até emocional. Esses traumas não são algo que ela pode resolver rapidamente da noite pro dia. 

Mas que traumas e problemas foram esses? Como que eles prejudicaram Carol e sua vida?

Vou explicar...

O SEGREDO DE CAROL

Tudo começou na excelente fase dos Vingadores de Kurt Busiek e George Perez, que buscaram restaura o clima das histórias clássicas dos Heróis Mais Poderosos da Terra, o que incluiu ter uma nova formação na equipe, composta por personagens novos como Justiça e Flama e membros clássicos como Gavião Arqueiro e a Feiticeira Escarlate.



Tendo tido histórias com a equipe no passado, Carol também foi convidada e se uniu aos Vingadores em suas primeiras histórias (Vingadores vol 3 nº4 a 7). Porém Busiek se aproveitava dos arcos para colocar momentos que revelavam que algo não estava certo com Carol: Ela aparece em cenas enfiando a cara na bebida e tendo mudanças emocionais, chegando a desobedecer as ordens do Capitão América quando pedia para ela usar sua forma binária.



Após ser confrontada pelo Homem de Ferro, Carol abre o jogo: Ela tinha sofrido uma redução em seus poderes, não sendo mais capaz de voar para o espaço ou assumir sua forma binária. Devido a pressão que ela tem sentido ao voltar para os Vingadores, ela escondeu essa informação, tendo tentado ignorar esse detalhe através de bebidas.



As ações de Carol ficam cada vez mais imprudentes durante o arco "Viva Kree ou morra!", com ela não só atacando o Tony Stark, como ainda tenta derrotar os Krees sozinha para provar seu valor, sendo capturada, e, estando bêbada, tenta destruir uma arma dos Kree, colocando a vida do seus companheiros em perigo e ferindo Dentinho.





Diante desse comportamento, os Vingadores acabam não tendo escolha a não ser expulsar Carol da equipe, na edição nº7. 



Não sendo mais uma vingadora e se sentindo abandonada por seus amigos, como Carol vai lidar com seu alcoolismo?

A TRAGÉDIA DE CAROL DANVERS

Mas afinal, por que alguém tão durona como a Carol está deixando sua vida ser arruinada por uma garrafa, recusando a ajuda de seus colegas de equipe?

Para responder essa pergunta é preciso entender quem Carol Danvers realmente é:  Ela era filha de um pai abusivo e bebâdo, que não acreditava no potencial de sua filha entrar no exército simplesmente por ela ser uma garota. Mesmo quando cresceu e atingiu seu sonho, virando chefe de segurança e, depois, editora de uma revista feminina, Carol teve que suportar pessoas (incluindo o J Jonah Jameson ) que a criticavam.




Mesmo sendo durona e ignorando os argumentos, ela sempre foi cercada por essa pressão de outros, o que ficou mais difícil quando ela se tornou Ms Marvel. Em sua identidade heroica, Carol era uma das heroínas mais poderosas da Marvel, uma vingadora, tudo que dava a ela uma confiança mais forte em si mesma. É a visão idealista que muita gente tem de super heróis, desses seres perfeitos, invencíveis.



Mas, bem no estilo do drama dos heróis da Marvel, essa confiança da Carol em si mesma foi desafiado e quebrado em várias ocasiões com a heroína sendo estuprada e manipulada pelo vilão Marcus mas conseguindo voltar para Terra, apenas para ter seus poderes roubados pela Vampira. Depois ela recupera os poderes virando heroína cósmica Binária apenas para um evento fazer com que ela tenha suas habilidades reduzidas. 





Era tudo uma montanha russa para Carol com difíceis subidas e duras quedas.

Por isso Carol não quis contar sua situação para os Vingadores, se recusando a demonstrar vulnerabilidade e querendo manter sua posição na equipe. Suas ações imprudentes eram resultado dela tentando se provar seu valor para eles. Infelizmente, ela acaba sofrendo com as consequências de seus atos, sendo expulsa dos Vingadores, com Carol mais uma vez se recusando a reconhecer a gravidade de seu alcoolismo, chegando a voltar sua raiva com seus colegas, que embora queiram ajudar, são forçados a reconhecer que Carol só poderá ser ajudada quando quiser receber tal ajuda. 





É só após ela falhar em acompanha-los numa missão no espaço pro causa da limitação em seus poderes, com os heróis conseguindo salvar o mundo sem ajuda dela, que Carol finalmente percebe seu erro.



Mas reconhecer o problema do alcoolismo é uma coisa. Querer para-lo é outra história. Por sorte, ela não precisa fazer isso sozinha...

UM AMIGO DE FERRO

Muita gente lendo esse texto provavelmente vai apontar que esse arco da Carol é bem similar ao “Demônio da Garrafa”, uma das melhores histórias do Homem de Ferro, que também sofreu com alcoolismo.



Bem, Busiek, que manja da mitologia dos universos tanto da DC quanto da Marvel, não deixou esse detalhe passar despercebido, não só tendo Tony sendo um dos primeiros a perceber o alcoolismo de Carol e confronta-la sobre isso, mas ele continuou o arco personagem para as HQs do Vingador Dourado.



Os dois se reencontraram em Iron Man vol 3 nº 11 a 12, 18 a 21 e 23 a 25, com Carol tendo recomeçado sua carreira como escritora. Apesar de rejeitar Tony, com Carol insistindo que  pode resolver seu alcoolismo sozinha,  ela começa a ter uns relapsos  e, após causar incidentes que colocam vidas em risco, começa a se abrir e deixar Tony ajuda-la, numa cena muito similar ao Demônio da Garrafa.





A dinâmica é um dos melhores aspectos desse arco, com Tony mostrando como ele evoluiu e auxiliando Carol a lidar com mesmo problemas que ele passou, enquanto a Carol aprende uma grande lição de humildade.



É uma pena que essa história tenha ocorrido nas HQs de outros heróis e não da Carol, com ela podendo parecer uma personagem de suporte, e seu drama uma sub-trama ofuscada pela história principal. Mas esse detalhe não invalida o fato como o arco da Carol foi bem escrito, com Busiek demonstrando as dificuldades da batalha dela contra seu alcoolismo, fazendo o momentos em que Carol começa a se abrir e evoluir muito mais impactantes.

Todas essas histórias podem até não ter a Carol como protagonista principal, mas juntas elas formam uma das melhores histórias da personagem.



Então isso? O que vocês acham desse arco da Carol? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões nos comentários abaixo.

 

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