THE BATMAN SERIA UM SPIN-OFF DA TRILOGIA DO NOLAN?

 



Curto e grosso: o filme é longo! E dá sono!

Todavia, vamos destrinchar um pouco esse, que foi chamado de "obra-prima" do cinema atual e também o "Batman definitivo":

 

The Batman começa mostrando o Charada em ação; ele mata friamente o prefeito de Gotham City e deixa charadas ao Batman, através de cartões.

 

Ao som de Nirvana, a cidade nos é mostrada e esse talvez seja o maior acerto do filme: que fotografia maravilhosa, que visual lindo que o diretor Matt Reeves criou para o filme.

 

A escolha das cores, dos filtros, do clima, enfim.

 

O Homem-Morcego logo aparece na cena do crime e cria um clima de contrariedade entre os policiais, com sua presença; mas como ele foi convidado pelo tenente James Gordon - interpretado de forma muito boa por Jeffrey Wright, de 007 - uma vez que os cartões estavam destinados a ele.

 

Batman demonstra muita inteligência ao acertar várias charadas que são levantadas no ambiente; seu poder de dedução é bastante impressionante durante todo o filme.

 

Sua entrada no filme, quando espanca o bandido de cara-pintada, que impressionou no trailer, perde impacto no filme e mostra um lutador sem técnica e meio que leva a pancadaria na raça.

 

Nada contra a ideia, e chega até a fazer sentido em certo ponto, mas qual ser humano normal aguentaria tanta bordoada sem nem precisar de um analgésico?

Com as "informações" do Charada, Batman desce ao submundo de Gotham, enquanto também desnuda a vida aparentemente perfeita do prefeito.

Ele chega então à boate Iceberg, supostamente pertencente ao Pinguim "take easy, sweet-heart!".

E conhece Selina Kyle, a Mulher-Gato, interpretada por Zöe Kravitz!


 

Nesse clima, percebe-se algumas coisas: Batman não age sorrateiramente e lembra muito mais um policial de filmes genéricos, do que uma pessoa sagaz.

Ele simplesmente adentra a boate na raça e vai metendo a bordoada até chegar aonde quer.

Essa cena lembra filmes como Showtime, Bad Boys e Miami Vice.

 

E o clima noir se mantém, porque temos o detetive, temos os bandidos, os cafajestes e também a mulher-fatal; cada um a seu estilo se mostrando útil à trama e desenvolvendo a ideia de que se trata de um filme do Batman, mas que poderia ser de qualquer outro personagem urbano.

Quanto mais se aprofunda na trama, mais Batman parece desconhecer tudo à sua volta.

Claro, por ter os pais assassinados, ele se conecta ao filho do prefeito; depois também há outra situação envolvendo a Mulher-Gato que o faz baixar a guarda, mostrando que, embora queiram deixar claro que o filme mostra um Batman em período integral, esse personagem é muito mais um Bruce Wayne preso ao assassinato dos pais quando criança.

Seu desprezo pela vida social, pelas indústrias Wayne, que mantinham a cidade - e as finanças do vigilante - de pé se mostram cada vez maiores e zero apego às pessoas, com exceção de órfãos.

Coitado do Alfred, que toma pelo menos duas respostas atravessadas, além de uma cobrança sem precedentes como se ele fosse ninguém.

Houve um pequeno movimento que acusou esse Batman de ser um aristocrata, mas eu não vejo dessa maneira; para mim, pareceu mais um personagem desprovido de sentimentos que destila sua amargura contra os outros, tal qual foi o Clark de Homem de Aço.

E, embora tenha mais de duas horas, a resolução final se dá de forma impressionantemente idiota, via zap!


Por outro lado, Colin Farrell rouba a cena com o seu Pinguim e é seguramente o melhor momento do filme quando ele está em cena.

É um personagem cru, afiado como uma navalha e cafajeste. 

Embora o diretor e roteirista do filme, Matt Reeves tenha dito ser fã do personagem e o que ele mais ama é exatamente essa esquisitice toda envolvida, o que parece mesmo é que ele assistiu à trilogia do Nolan e tentou fazer um spin-off daquilo com uma outra pessoa encontrando todos os apetrechos e se passando por Bruce Wayne/Batman.

Pattinson e Matt Reeves

 

Lembra em Cavaleiro das Trevas, quando Bruce e Fox - interpretado por Morgan Freeman - têm uma discussão ética porque o bilionário queria que o empregado utlizasse um programa espião de celulares para encontrar o Coringa, e para isso teria que invadir todos os aparelhos da cidade?

 

Então, em The Batman, claro, há redes sociais, mas o Batman sequer cogita isso e acaba encontrando o Charada na "sorte". No entanto, há o dilema na cena, quem viu o filme anterior se remete àquilo na hora.

A segunda questão que nos levanta é a forma que Gotham é vista como uma cidade viva. Que seus cidadãos irão se juntar e defendê-la de quem quer que seja. Uma falácia vista em toda a trilogia Nolan e a prefeita desta Gotham atual também utiliza como narrativa inclusivista.

Vejo como algo bobo porque a cidade é mostrada como diferente de todas as outras e bastante grande, mas com um pensamento bastante pequeno - você não percebe essas ideias na Metropolis do Super ou nas Nova Iorques dos personagens Marvel.

 

No entanto há nuances de arte imitando a vida, quando Charada consegue cooptar vários seguidores para fazerem seu trabalho sujo; isso lembra muito o que o Trump fez em certo momento nos EUA e o que o bolsonarismo faz no Brasil.


O próprio Charada em si lembra o Coringa de Heath Ledger, pois ao final das contas, todos fazem o que ele planejou, ficando aquela sensação de que, embora o Batman seja bastante inteligente, em nenhum momento ele ficou à frente de seu adversário; que também foi bastante ingênuo ao confessar todo o plano mesmo antes desse estar totalmente concretizado.

Confesso que estava ansioso para ver o Charada de Paulo Dano, que sempre desempenhou muito bem seus papeis; e fiquei bastante satisfeito com o que vi. Ele nem de longe lembra o Charada de Jim Carrey por exemplo.

A Mulher-Gato de Zöe Kravitz também entrega uma mulher-fatal muito conflituosa em suas atitudes, mas ágil e furtiva, e com uma origem bastante plausível. 

O ponto baixo do elenco é realmente Robert Pattinson. Eu realmente esperava mais do ator.

Na verdade, The Batman começou há muito tempo, com o ator sendo escalado antes do diretor: Ben Affleck foi contratado para ser o Batman de Batman V. Superman, pois sua carreira como diretor estava indo muito bem, obrigado, e a Warner, naquele momento sonhava em ver um fanboy como Affleck, vencedor de Oscar como roteirista, indicado como diretor, escrever, dirigir e estrelar o filme.

 


 

Mas Batman V. Superman apenas fustigou a carreira de Affleck, que já havia se reinventado após um revés com filmes e interpretações horrorosas, num passado recente.

 

E repetir a experiência era algo que Affleck não queria.

Junte-se a sua dificuldade com a bebida, um divórcio com Jennifer Garner, e todos os problemas no set de Liga da Justiça e teremos um papel de Batman/Bruce Wayne disponível.

Matt Reeves então recorreu a Pattinson, cuja escolha até faria sentido; se ele entregasse algo novo. Mas não entregou.

Não há como não pensar em Crepúsculo ao ver aquele Bruce Wayne emo em cena.

Falta humor? Não, falta vida. Falta empatia!

 

Claro, ele não precisava fazer o estilo Bruce Wayne playboy, que se joga na fonte do hotel e depois o compra quando é repreendido pelo gerente do local; não. Mas poderia-se criar formatos de personalidade muito mais interessante.

 

Quantos personagens reclusos já não vimos antes e nenhum parece estar triste e depressivo o tempo todo?

Dessa maneira o personagem perde o brilho.

Ao final, podemos dizer que os principais vilões de Batman apareceram.

The Batman poderia terminar dessa maneira, sem que um novo capítulo se fizesse necessário.

Mas até Coringa 2 está sendo cogitado, imagine se Batman não voltará.

 

Texto originalmente publicado no site Vagnerverso, e que pode ser lido AQUI.

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