Inspirado pelo post Algumas Capas De Hellblazer - Por Dave Mckean, escrito pelo Inominável Ser, resolvi desengavetar essa lista que pondero há
algum tempo. Assim como fui atraído por essas capas a ler mais o personagem,
quem sabe eu consiga convencer alguém aqui a dar uma chance, enquanto trago alguma boa lembrança a quem já o leu anos atrás. Hellblazer
teve a melhor sequência de capistas que conheci, uma time de elite composto por:
Dave McKean: #01–#21, #27, #40
Kent Williams: #22–#24,
#28–#39
David Lloyd: #25–#26
Tom Canty: #41–#50
Sean Phillips: #51, #85–#128
Glenn Fabry: #52–#83, #129–#133,
#144–#145, #239–#242
John Eder: #84
Tim Bradstreet: #134–#143,
#146–#215
Greg Lauren: #216–#217, #219
Lee Bermejo: #218, #221–#238, #243-#255
Leonardo Manco: #220
Simon Bisley: #256-#300
Fontes consultadas>>
Ordem dos capistas: Wikipedia.
Capas extraídas de: Read Comics Online.
Fui sincero nos meus motivos ao escolher cada uma, deixando claro meus gostos pessoais e a possível interpretação que tive, naturalmente é quase impossível que quem veja a lista e goste desse quadrinho tenha muitas preferidas entre as 290 capas que ficaram de fora, e até mesmo possa odiar algumas das escolhidas, Deixe sua lista e considerações ao fim do post.
10 – HELLBLAZER #123 – Sean Phillips
A fase de Paul Jenkins de Hellblazer
sempre me foi a mais esquecível. Não sei se por eu nunca gostar do autor,
e ele ainda ter pego o título "pós-Garth Ennis” e com desenhistas abaixo do padrão. Mas seria
injusto não incluir essa capa. Por mais que me fuja da lembrança a história
interna, é uma boa metáfora sobre como o protagonista reencontra amargas lembranças
no fundo do copo. Fora a rima visual que lembra em muito o começo de Apocalipse Now, com esse “This is the end” ao fundo, se tornando o
maior referencial estético quando se pensa em usar uma paleta de cores e
eventos à Guerra do Vietnam e similares.
09 – HELLBLAZER #260 – Simon Bisley
Outra fase desinteressante, fim de carreira
do título, todavia, com artes inspiradas do Simon Bisley, sempre conhecido como o cara que imortalizou o
visual definitivo do Lobo nos anos 90). Bisley até chegou até a desenhar algumas histórias fechadas de Hellblazer, com esse nível das capas. Por ironia -ou não- essa é a capa da Vertigo #51, publicada pela Panini, a última publica mensal do selo no Brasil até então.
08 – HELLBLAZER #171 – Tim Bradstreet
A tão divisava fase do Brian Azzarello, lembrada
por mudar mais o clima do horror e suspense para uma trama de suspense policial, trocar as histórias da
Inglaterra para os Estados Unidos, e trabalhar a bissexualidade do Constantine (até então só insinuada em um recordatório lá pela fase do Delano) com um caso do passado dele, e como é de praxe no trabalho do autor, ele cria sempre algum coadjuvante que rivalize com o protagonista, que é o caso do
agente Turro, que ilustra essa capa. O personagem havia surgido em uma históriacurta do autor, onde guiava um ex-criminoso para o serviço do proteção de
testemunhas, e como agente federal, serve como um “agente condicional” do
Constantine após o desfecho do primeiro arco “Hard Times” (talvez o melhor de
toda fase). Quase todos trabalhos de Bradstreet são geniais por conseguirem
contar quase toda uma história em um único momento, e nessa, numa sala de
interrogatório, ele meio que tá te mostrando a ficha do problema que ele tem
que ser babá, e o quanto ta saturado disso.
07 – HELLBLAZER #224 – Lee Bermejo
Uma história já da fase que não tive
paciência de ler, mas com trabalhos dignos de Eisner do Lee Bermejo,
seguramente meu desenhista preferido de todos os tempos. Assim como Alex Ross,
o artista é exímio em detalhar camadas de tudo o que faz, a ponto de ficar mais
real do que uma fotografia, e sue jogo de luz refletida e sombras humilham até
outros profissionais. E ao contrário de muitos outros que com tamanho detalhismo
possuem uma narrativa truncada ao contar uma história em quadrinhos, Bermejo
consegue ser fluido, basta ler seu Coringa, ou alguns arcos que ele ilustrou de
Hellblazer, infelizmente sem roteiristas tão inspirados.
06– HELLBLAZER #136 – Tim Bradstreet
A breve fase de Warren Ellis se tornou
marcante, apesar de não ter chegado a 20 números, devido a uma censura
editorial que o autor passou sobre uma
história que escreveu envolvendo um massacre em um colégio, por coincidência,
meses antes de acontecer um que chocou na época. A título de curiosidade, era
nesse conto, publicado em coletânea vários anos depois, que havia a detetive
que foi adaptada no filme de 2005. Após fazer “perguntas demais”, enquanto
tenta desvendar o caso de uma ex-namorada brutalmente assassinada, Constantine
leva uma surra memorável, ficando na sarjeta e precisando de um reboque, em um
beco sem saída, como bem captou Bradstreet.
05 – HELLBLAZER #01 – Dave McKean
O começo de tudo com a fase de Jamie
Delano, e desenhado pelo subestimado, porém ótimo John Ridgway. Dave Mckean,
com seus trabalhos sempre mais pro lado do terror e surreal, conseguiu captar
com maestria o que a fase inicial cobrava e essa inicial consegue ser minha
preferida. O rosto do Constantine meio fantasmagórico, como se visto de um
lapso de memória se fundindo com toda uma espécie de colagem de insetos e
selos... É difícil explicar, mas consegue passar toda uma aura sinistra
convencendo o leitor a embarcar naquilo.
04 – HELLBLAZER #175 – Tim Bradstreet
Não sei se foi intencional, ainda mais por
se tratar do começo da fase do Mike Carey, mas essa capa emula de forma inconsciente
a primeira, apesar de não ter toda a criatividade visual. Com tantos títulos da
Vertigo chegando aos seus fins naquela época, Hellblazer ainda tinha lenha pra
queimar faltando 25 números para chegar na edição #200? Diferente da capa um,
aqui nessa, Constantine encara o leitor de forma fixa, quase suplicante,
enquanto segura nas sombras sua bebida e cigarro e tem na parte superior mais
um carimbo de viagem estampado, insinuante de que estaria voltando as suas
origens. No Brasil foi a capa da Vertigo #01 da Panini, e confesso que foi uma
capa que vi há vários metros de distância e me fez levar a edição na hora.
03 – HELLBLAZER #178 – Tim Bradstreet
A história que Mike Carey escreve é do "ok" ao esquecível/ruim, mas Bradstreet seguia inspirado, e mesmo honrado seu estilo
quase teatral de fundo preto e iluminação projetante de cima para baixo, quase
nunca entregando os olhos de seus personagens, ele se permite mostrar mais
nessa ilustração, emulando Dave Mckean e trazendo uma das expressões mais
concentradas e tristes que vi numa capa. Até nos meus momentos mais para baixo,
relembro dela. E com esse som na mente, vai entender...
02 – HELLBLAZER #81 – Glenn Fabry
A melhor fase do personagem sempre será na
minha visão a do Garth Ennis, não
canso de repetir. Abandonando parte da verborragia que Jamie Delano tinha enquanto fazia suas críticas a política da época
e a quase tudo, Ennis conseguiu encontrar o tom definitivo quando penso em Hellblazer, sem abandonar a fantasia e
magia, foi quem mais deu profundidade para “o homem por trás do sobretudo”, e
um dos seus grandes cúmplices desse sucesso foi Glenn Fabry. Por mais que vá
muitas vezes pro lado do humor, essas pinturas sujas e detalhadas que ele
fazia, também conseguiam captar o cerne da maioria das histórias, e anos depois
quando assumiu Preacher, foi quando
atingiu seu inegável ápice, até zoando em um livro de extras que uma capa sua
foi melhor votada sobre uma de Alex Ross.
A capa em si, pode não ter uma complexidade narrativa como outras tantas do post, mas representa a única entre 300
edições onde Constantine sente um medo genuíno de ser pego por seu maior
inimigo, buscando abrigo em uma igreja e a enchendo de símbolos de
mascaramento. Segurando uma garrafa e uma navalha, dando a entender que não
possui naquele momento mais nenhuma de suas famosas artimanhas, que caso venha
a ser pego, tá pronto pra tomar um último trago e se matar, embora que não
fizesse diferença, já que sua alma era direito legítimo por insulto do senhor
do inferno, agora não mais de mãos atadas por seu truque arcos antes.
01 – HELLBLAZER #61 – Glenn Fabry
Já vi pessoas que não vêem nada demais
nessa capa, e até apontando um erro anatômico em um dos braços. Não tem um
fundo tão criativo, detalhes no cenário a serem pegos, apenas o John com as
mangas arregaçadas, navalha na mão e um pouco se sangue na camisa, após ter
feito um parto e um entalhamento de ocultação perante outros demônios em uma
súcubo, que só tornou uma das personagens chaves dessa fase ao ter tido um caso
com um anjo. Mas, ela possui uma lembrança bem nostálgica na memória por sido a
primeira que vi com o personagem, e usada na Vertigo #1 (de apenas 12 publicadas) dos anos 90, da Abril. Ela também consegue passar muito
mais do que aparenta, como o deboche do John com o Primeiro dos Caídos, tanto
por ter tirado a demônio que ele procurava punir pela traição ao seu reino,
quanto pelo próprio monarca não poder tocar em John naquele exato momento, já
que se algo lhe fosse feito, a alma dele teria que ser disputada com seus
irmãos que também eram reis do inferno, provocando um tipo de guerra civil que
enfraqueceria eles perante os anjos, tudo por causa de uma alma. Como o próprio
John diz na história “botei no seu rabo
outra vez, se fizer algo comigo vai comer merda pelo resto da vida.” E quando
este se retira, John ainda pondera “Merda,
esqueci de dar o dedo do meio para ele de novo.”
Até o próximo.
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