Ranking das sagas de Cavaleiros do Zodiaco

 



Nesse mês de dezembro, comemoram-se os 40 anos de um dos animes mais icônicos do gênero Shonen: Os cavaleiros do zodíaco.

Para aqueles que não sabem, Cavaleiros do Zodiaco (ou Saint Seiya, no original em japonês) foi um mangá escrito por Masami Kurumada em janeiro de 1986. A trama girava em torno de cinco jovens guerreiros (Seiya de Pégaso, Shiryu de Dragão, Hyoga de Cisne, Shun de Andrômeda e Ikki de Fênix), usando armaduras inspiradas em constelações, que lutavam para a jovem Saori Kido, a reencarnação da deusa Atena, de deuses malignos e indivíduos que ameaçam a ela e o mundo.





Com arcos bem construídos, personagens carismáticos e lutas bem filosóficos e cheias de momentos emocionantes, tanto mangá quanto sua adaptação em anime pela Toei Animation, se tornaram um grande sucesso no Japão e outras regiões, principalmente aqui no Brasil, onde foi um responsáveis pela onda de animes que dominaram as televisões na década de 90.




Hoje em dia, Cavaleiros do Zodiaco é considerado um produto cult. Ainda tem seus fãs, porém outros julgam algo datado e inferior a outros animes, como Dragon Ball Z Naruto e One Piece.

Pessoalmente, eu acho que cada anime tem seus pontos negativos e positivos. Um não é copia do outro. No caso de CDZ, sua força vem da forma como adapta conceitos da mitologia grega numa grande história emocionante, que aborda temas sobre amizade, sacrifico, amor, dor, destino e a habilidade de um humano de transcender a si própria através de sua conexão com outros.



Para explicar essa profundidade da obra de Kurumada, decidi dedicar esse texto a discutir as principais sagas dessa franquia, classificando-as das piores para as melhores e o motivo delas estarem em tal posição.

Mas antes, já aviso que esse ranking só contará com as sagas do mangá e do anime, feitas pelo Kuramada, e não envolverá os filmes ou spin off como Lost Canvas, Omega, Episódio G, Saintia  Sho, e outras.












Dito isso, vamos começar...

 

Santuário – As forças ocultas do santuário



- Mangá: ---

- Anime: CDZ (1986) Episódio 16 a 20

Uma complicação muito comum em animes é quando eles são produzidos ao mesmo tempo que o mangá. Para evitar alcançar o material-fonte, costuma-se criar episódios fillers, exclusivos do anime, para prolongar a narrativa e dar tempo para o narrador finalizar a história sendo adaptada.

No caso de CDZ, isso aconteceu logo após o confronto dos Cavaleiros de bronze contra Ikki de Fênix, com a batalha tendo sido interrompida por guerreiros do Santuário, que estavam atrás da armadura de Sagitário. Diferente do mangá, onde os inimigos já foram os cavaleiros de prata e os cavaleiros bronze conseguem recuperar a armadura, nessa versão, não só os vilões foram trocados por guerreiros bem aleatórios mas os cavaleiros de bronze só conseguem manter o elmo de sagitário, que se torna o objeto de interesse do Santuário.

Daí se percebe o grande problema desse capitulo filler: A história é muito repetida. Todo episódio introduz um novo cavaleiro cuja missão é recuperar o elmo de sagitário. Seiya e os outros o derrotam e o Grande Mestre ameaça punir seu capanga pelo fracasso. Tudo parece roteiro de episódios de power rangers.

Tem também mudanças que acabam interferindo com a narrativa da história de Kurumada, incluindo a introdução do mestre do Hyoga, o Cavaleiro de Cristal, e o detalhe do Grande Mestre se chamar Áries, tendo assumido após a morte do Grande Mestre original e já se mostrando um completo tirano, tornando a forma como ele manipulava o Santuário muito confusa.

Contudo, o arco tem pontos positivos: Os cavaleiros do Santuário tem designs e habilidades bem criatividade, algumas das lutas são bem construídas e tem uns momentos emocionantes incluindo o sacrifico do Cavaleiro de Cristal e o retorno de Ikki como um aliado.

 

Hades – A saga dos Elísios



- Mangá: Capítulos 100 a 110

- Anime: CDZ Hades Episódio 26 a 31

A saga de Hades pode ser considerada uma das melhores sagas dos Cavaleiros do Zodiaco e um dos maiores projetos que o Kurumada trabalhou, mas tá longe de ser perfeita. Um dos primeiros exemplos é seu capitulo final, a fase dos Elísios.

Ela acontece logo após os cavaleiros de ouro terem se sacrificado para abrir caminho para que Seiya e os outros conseguissem sair do Inferno e chegar até os Campos Elísios, onde Hades levou Atena. Tendo passado por alguns obstáculos, os cavaleiros conseguem chegar aos Elísios, descobrindo que, para salvar Atena, eles não só terão que enfrentar Hades, mas também seus leais servos, Hypnos, o deus do sono, e Thanatos, o deus da morte.

Em conceito, a fase funciona como uma boa conclusão não só a Saga de Hades como da evolução dos Cavaleiros até agora, com Seiya e seus amigos, literalmente, chegando a uma terra onde só deuses podem pisar. A luta deles contra os Deuses Gêmeos é o teste final que puxará eles além de seus limites, o momento onde eles precisam provar seu poder superando o dos deuses.

Infelizmente, a execução acaba pecando no desenvolvimento dos personagens, com Seiya sendo o único a ter um crescimento significativo, que resulta num final melancólico da saga.

 

Hades – A saga do Inferno



- Mangá: Capitulos 84 a 99

- Anime: CDZ Hades Episódio 14 a 25

Outra fase bem “mais ou menos” da Saga de Hades foi a do Inferno.

Sua trama envolve Seiya e seus amigos levando a guerra contra Hades até o reino do vilão, o Submundo. Tendo conseguido chegar com vida, graças ao Oitavo Sentido, os cavaleiros são espalhados pelo Reino dos Mortos, tentando encontrar Saori e chegar até a sala do trono de Hades, tendo que passar pelos Espectros que estão à sua espera.

De início parece que essa fase teria todo o clima de aventura e lutas épicas como a Batalha do Santuário e contra Poseidon. Porém, o roteiro não explora essa trama mais a fundo. O Mundo dos Mortos tem sua construção explicada no começo da fase, porém os Cavaleiros não se aventuram pela região, e os espectros, que estavam sendo construídos como esses inimigos poderosos, são muito mal desenvolvidos e desperdiçados. Esse detalhe também prejudica os Cavaleiros, que são muito deixados de lado (Hyoga e Shiryu) ou não tem lutas memoráveis (Seiya).

Mas, apesar desses problemas, a fase do Inferno também possui 3 grandes pontos positivos:

Primeiro é o pequeno arco com Orfeu de Lira, um cavaleiro de prata que, a princípio, tinha vendido sua alma para Hades, para poder viver ao lado de sua falecida amada Eurídice, mas depois tem sua chance de redenção, ajudando Seiya e Shun a chegarem até o trono de Hades.

Segundo é a reviravolta de Hades possuir o corpo de Shun, criando um drama no conflito do vilão com os cavaleiros, que agora se vêem forçados a terem que enfrentar um amigo e aliado. Isso leva a um momento bem tenso onde Ikki confronta seu irmão possuído, que implora que ele o mate. É um momento que expõe o lado sensível por trás do cavaleiro de fênix.

Mas, o melhor momento de toda fase é seu final, onde Seiya e os outros, para chegarem até Hades e Atena nos Elísios, precisam derrubar o Muro das Lamentações. Diante sua dificuldade, eles recebem a ajuda dos Cavaleiros de Ouro, que ressuscitam uma última vez para realizar um sacrifício heroico, confiando o destino da deusa e da Terra a nova geração de cavaleiros.

 

Santuário - A Guerra Galáctica



- Mangá: Capitulos 1 a 10

- Anime: CDZ (1986) Episódio 01 a 08

Eis o arco onde Kurumada começou toda a franquia. Nesses 10 capítulos do mangá (e 8 episódios) somos introduzidos a história dos cavaleiros de atena, guerreiros que manipulavam cosmo, uma energia presente em todas formas de vida, para proteger o mundo do mal. O foco dessa saga é um grupo de 100 órfãos que são enviados por Mitsumasa Kido, o presidente da Fundação Graad, para vários cantos do mundo para se tornarem Cavaleiro, algo que apenas alguns deles conseguem ter sucesso.

Tendo retornado ao Japão, os jovens descobrem que Mitsumasa tinha falecido e que sua neta, Saori, organizou um torneio onde eles serão os participantes, com o prêmio sendo a Armadura de ouro de Sagitário.

Apesar de curto, esse primeiro arco consegue de forma eficiente apresentar todos elementos que viriam ser explorados mais a frente na narrativa, desde o conceito dos cavaleiros de atena, as armaduras, as lutas intensas, momentos emocionantes e, o mais importante,  os personagens e personalidades distintas: Seiya é um protagonista impulsivo mas com um coração bom e um desejo de querer reencontrar sua irmã, Shiryu é o mais racional e nobre, Hyoga é mais emocional, estando dividido entre seus deveres como Cavaleiro e seus relacionamentos, e Shun, apesar de ser subestimado por sua atitude pacifica e gentil, é um guerreiro hábil e com muito potencial.

O auge desse arco, com certeza, é o duelo entre Seiya e Shiryu, que não só mostra dois personagens opostos, embora adversários, desenvolvendo um respeito um pelo outro, mas o final estabelece a essência emocionante de CDZ.

 

Santuário – A saga dos Cavaleiros de Prata e Cavaleiros de ouro



- Mangá: Capítulos 20 a 27

- Anime: CDZ (1986) Episódio 26 a 41

Depois de duas sagas focadas nos cavaleiros de bronze e como eles se tornam esse grupo que conhecemos, o arco dos Cavaleiros de Prata e de ouro é quando eles são introduzidos ao seu grande inimigo: Os cavaleiros do Santuário. Seguindo ordens do misterioso Grande Mestre, eles buscam Seiya e seus amigos, acusando de serem rebeldes e terem que pagar por desafiarem o Santuário. Conforme Seiya e seus amigos vão enfrentando os Cavaleiros de Prata em lutas bem difíceis, eles vão, também, descobrindo que Saori é a reencarnação de Atena e que Mitsumasa Kido os criou para que eles pudessem ajudá-la a libertar o Santuário, que foi corrompido pelo mal.

Embora tanto o mangá quanto o anime sejam bem próximos quando se trata da representação da história, com o segundo tendo umas leves alterações (ex: a inclusão dos Cavaleiros de Aço), o ponto onde mangá consegue ser bem superior é no desenvolvimento do Seiya e dos seus amigos. Até esse ponto, eles eram heróis relutantes, não tendo interesse algum em lutar pela Saori, devido ao sofrimento que o avô dela (que foi revelado sendo pai dele e dos outros cavaleiros) fizeram eles passarem.

No entanto, quando Saori é sequestrada por Jamian de Corvo, são os cavaleiros de bronze que vai ao seu resgate, não porque eles estejam convencidos que Saori é uma deusa, ou porque eles a perdoaram pelo que passaram, mas sim porque proteger pessoas é a coisa certa.

É esse aspecto do cavaleiros de bronze cria um contraste com seus adversários, os cavaleiros de prata, que seguem regras sem questionamento, se tornando peões do Grande Mestre em seus esquemas.

A batalha que melhor representa isso é o duelo de Seiya contra Aioria de Leão. Sua importância não se deve só por mostrar Seiya enfrentando pela primeira vez um cavaleiro de ouro, mas pelo fato de Aioria representar a falha dos guerreiros do santuário: Ele é um cavaleiro bondoso porém obediente as regras do Santuário, apesar do quão cruéis e injustas elas são. É apenas graças a Saori e Seiya (usando a armadura de Sagitário, que pertenceu ao irmão de Aioria, Aioros), que o cavaleiro de leão reconhece seu erro e pede perdão a Atena.

 

Saga de Poseidon



- Mangá: Capítulos 47 a 67

- Anime: CDZ (1986) Episódio 100 a 114

De todas as sagas de CDZ nessa lista, a Saga de Poseidon é uma das poucos faladas.

Como o nome sugere, ela envolve os cavaleiros de Atena tendo que lidar com o despertar de Poseidon, o deus grego do mar, que se reencarnou no corpo do rico Julian Solo. Julgando que a humanidade é corrupta e tem mal tratado o planeta Terra, o imperador dos oceanos decide usar seu poder para provocar um dilúvio por meio de chuvas e maremotos. Para tentar dar tempo para que seus cavaleiros possam deter Poseidon, Saori se oferece para ser sacrificada no Grande Suporte Principal, uma câmara, dentro de um pilar, que irá se encher com toda água que cairá na Terra. Então os Cavaleiros são colocados numa corrida contra um prazo de 12 horas para libertar Saori, destruindo os 7 pilares que sustentam os oceanos, cada um guardado por um dos sete generais marinas.

O motivo desse arco não ser tão comentado por fãs provavelmente se deve muito ao fato de sua estrutura ser bem parecida com a Batalha das 12 casas, assim como os longa-metragens da época (um deus desperta nos tempos modernos e tenta punir a humanidade por seus pecados, Saori se oferece como sacrifico para poupar humanidade, os cavaleiros tem que salva-la em 12 horas, etc....).

No entanto, por baixo dessas semelhanças, temos um arco sobre redenção e um questionamento sobre a capacidade de um indivíduo de mudar seu destino. Isso não é só representando pelo fato dos cavaleiros (mortais) estarem se opondo a um deus, mas também no conflito ideológico entre eles e os marinas.

Como demonstrado por oponentes como Krishina de Crysaor e Issac de Kraken, os Marinas não se enxergam como vilões ou suas ações como malignas, mas sim algo necessário para poder purificar a humanidade. Ao olhos deles, os humanos estão além da salvação e a única forma de salvar o planeta é eliminando a humanidade e recomeçando tudo do zero. Eles são o oposto de Saori e seus cavaleiros, que escolhem acreditar no melhor da humanidade.

Esse dilema acaba sendo representado pelo arco do Dragão Marinho, cuja identidade e a direção de sua história o leva a se tornar um dos personagens mais desenvolvidos na franquia.

Também não posso falar dessa saga sem citar muitas lutas subestimadas, incluindo os combates do Shun contra Io de Scyla e, depois, o Sorento de Sirene (em ambos do duelos ele vence sozinho), o trágico duelo do Hyoga contra seu ex-amigo Issac e a batalha final de Seiya, Shiryu e Hyoga contra Poseidon, onde os três cavaleiros usam as armaduras de ouro.

 

Santuário – A saga dos Cavaleiros Negros





- Mangá: Capítulos 11 a 19

- Anime: Episódio 09 a 15

Se a Guerra Galática era sobre estabelecer os personagens principais para o público, a Saga dos Cavaleiros Negros mostra eles enfrentando seu primeiro desafio como cavaleiros.

Durante os partidas da Guerra Galática, o torneio é invadido pelos Cavaleiros negros, liderados por Ikki de Fênix, o irmão mais velho de Shun. Revoltado com todos pelo sofrimento que ele passou em seu treinamento, Ikki jura vingança e rouba a armadura de sagitário. Ao persegui-los, Seiya e os outros conseguem recuperar partes das armaduras. Mas, para conseguirem as outras, eles teriam que enfrentar não só Ikki mas os quatro Cavaleiros Negros principais, que são copias dos heróis.

Esse conceito estabelece o tema do conflito, que é uma batalha contra um reflexo sombrio. Tanto Ikki quanto os Cavaleiros Negro representam o que Seiya e seus amigos poderiam ter se tornado se rejeitassem a amizade e valores deles por ódio e vingança. Isso é perfeitamente representado pelo arco de Shiryu, que não só arrisca sua vida numa jornada até Jamiel, para pedir a Mu que conserte as armaduras de Dragão e Pegasus, mas também, mesmo após ficar enfraquecido por perder sangue para restaurar as armadura, ele se junta seus amigos na batalha e enfrenta o Dragão Negro, que, por sua vez, não vê valor em se arriscar por outros.

 

A saga de Asgard



- Mangá: ---

- Anime: CDZ (1986) Episódio 74 a 99

Só porque um arco é filler não significa que seja ruim. Dependendo do roteiro, os produtores podem entregar uma história tão boa quanto as originais do mangá. Esse foi o caso da Saga de Asgard.

Acontecendo logo após o final da Saga do Santuário, esse arco exclusivo do anime clássico mostra Saori e seus cavaleiros sendo desafiados pelos guerreiros deuses, liderados por Hilda, a representante de Odin em Asgard, uma terra de gelo no Norte da Europa.

Ao chegarem lá, Saori e os outros descobrem através de Freiya, irmã de Hilda, que essa guerra está acontecendo porque alguém está controlando Hilda através do Anel de Nibelungo. Para libertar Hilda desse feitiço, Seiya e os outros tem que ir em direção ao palácio Valhalla e conseguir as safiras dos 7 guerreiros deuses, que são a chave para invocar a Espada Ballung, a única arma capaz de destruir o anel.

Além de expandir o mundo de CDZ, introduzindo novas regiões e panteões de deuses, o que torna a Saga de Asgard tão popular são as backstories dos guerreiros deuses, que não são representados como malignos (com uma exceção), mas nobres e com origens bem melancólicas que tornam seus conflitos com Seiya e os outros bem trágicos e cheio de momentos de derramar lágrimas de emoção.

 

Next Dimension



- Mangá: Saint Seiya Next Dimension

Apesar da conclusão da Saga de Hades, muitos fãs não estavam satisfeitos com o resultado e esperavam ansiosamente Kurumada lançar uma continuação, provavelmente tendo como antagonista Zeus (que foi mencionado em volumes anteriores).

Originalmente, Kurumada pretendia começa a construir a Saga de Zeus após, o filme Prólogo do Céu, que serviria para estabelecer os deuses do olimpo como próximos adversários de Seiya e seus amigos. No entanto, por causa de umas diferenças criativas o filme não recebeu as sequências planejadas. Contudo, apesar disso, e de ter ficado doente por um longo período em 2009, Kurumada conseguiu incorporar algumas de suas ideias em um novo mangá.

Intitulado Saint Seiya Next Dimension, a trama se passa logo após a batalha contra Hades e tem como foco Saori e os Cavaleiros de bronze tentando salvar a vida de Seiya, que está num estado vegetativo devido a uma ferida causada pela Espada de Hades. Sabendo que ele só tem dois dias de vida, Saori arma um plano: Indo até o Olimpo, ela e Shun, com a ajuda de Cronos, viajam para Guerra Santa do Século IX, com o propósito de destruir a Espada de Hades, garantido que Seiya sobreviva no presente.

No entanto, durante a viagem ao passado, não só Saori e seus cavaleiros acabam sendo separados pelo Santuário, mas Cronos, sendo um manipulador, altera o DNA de Saori, fazendo-a voltar a ser um bebê e ser confundida pelos cavaleiros da época como a Atena deles. Agora os cavaleiros precisam, mais uma vez, passar pelas 12 casas, para que possam reencontrar Saori e protege-la não só dos Espectros como também de cavaleiros que buscam elimina-la.

Quando foi publicado, alguns fãs criticaram Next Dimension por vários motivos, como a demora de lançamento dos volumes, a aparente repetição de arcos como a Batalha das 12 Casas e a Saga de Hades, a história ter muitas sub-tramas e o fato de Kurumada ter descanonizado os eventos de CDZ Lost Canvas, que tinha sido bem recebido pelos fãs. Isso fez com que muitos, incluindo eu, acusassem Kurumada de ser um autor decaído e sem ideias novas.

Entretanto, tendo lido todo os volumes do mangá recentemente, do início ao fim, digo que minha opinião mudou muito. Sim, a história começa meio bagunçada e com tramas com pouca conexão. Porém, quanto mais a leitura ia avançando, mais a história ia se tornando interessante, introduzindo personagens com surpreendente desenvolvimento (melhor exemplo sendo o Contador da Morte de Câncer), novos conceitos (a introdução de um 13º cavaleiro de ouro) e tendo reviravoltas chocantes que expõe como as tramas estavam bem mais conectadas umas as outras do que eu esperava.

O maior destaque é a forma como o Kurumada descontrói a imagem de Saori e de seus cavaleiros, com o plano deles salvar o Seiya sendo a causa dos problemas que eles enfrentam no passado. Mesmo com boas intenções, suas ações tiveram consequências negativas que eles tem que responder no final.

Para um mangá que muitos achavam ser saga repetitiva de CDZ, Next Dimension acabou sendo um dos arcos mais inesperados da franquia, mostrando que o Kurumada continuava sendo o autor com muitas ideias novas a serem aplicadas na obra.

 

Santuário – Batalha das 12 Casas



- Mangá: Capítulos 28 a 46

- Anime: CDZ (1986) Episódio 42 a 73

“A batalha no santuário começou! Depressa Cavaleiros de Atena! Abram caminho pelas 12 casas, onde se encontram os cavaleiros de ouro, e salvem Atena, que foi ferida por uma flecha do mal!”

Essa é a narração que marcou uma das sagas mais icônicas de CDZ para muitos fãs. Foi a grande batalha que a fase do Santuário tem construído, com Seiya e os outros finalmente assumindo a ofensiva e indo confrontar o Grande Mestre.

No entanto, para aumentar o suspense, Saori acaba sendo ferida por flecha que só pode ser removida pelo Grande Mestre. Para chegar até ele, Seiya e os Cavaleiros de Bronze tem que atravessar as 12 casas do zodíaco, com cada um sendo guardada por um dos 12 Cavaleiros de Ouro.

Essa saga é como um grande vídeo game, com cada casa introduzindo um novo cavaleiro de ouro e um desafio para os cavaleiros de bronze superarem. Até mesmo as casas que não possuem guardião para os Cavaleiros enfrentarem contribuem para o desenvolvimento da história e dos personagens.

Dessa última parte que temos o resumo do ponto alto desse arco, a forma Kurumada conseguem usar esse cenário para desenvolver cada um dos cavaleiros em arcos pessoais.

Apesar de não ter tantas lutas, Ikki é participante de um duelos mais icônicos do mangá e anime contra Shaka de Virgem. Enquanto muitos elogiam a luta pelo suspense o nível de poder dos personagens, o legal dela é a forma como Shaka age como um reflexo ao Ikki, sendo um cavaleiro que obteve poder se privando das emoções e materialismo (daí o simbolismo por trás dele ser um personagem com olhos fechados), com a vitória do cavaleiro de Fênix acontecendo não por sua força, mas sim por sua coragem para se sacrificar pelos seus amigos.

Por meio de suas lutas contra Máscara da Morte de Câncer e Shura de Capricórnio, Shiryu enfrenta oponentes que representam dois opostos extremos de sua personalidade (um é cavaleiro cruel e sem honra e outro é um cavaleiro que segue regras cegamente)

O arco de Shun envolve equilíbrio, com ele tendo que aceitar seu altruísmo mas também seu lado agressivo, seja usando sua corrente para escapar da ilusão do cavaleiro de gêmeos ou arriscar a vida para salvar Hyoga na casa de Libra. Isso culmina num confronto dele contra Afrodite de Peixes, o assassino de seu mestre.

Hyoga tem, com certeza, o melhor desenvolvimento, envolvendo sua relação com seu mestre Camus de Aquário, que resulta uma triste mas bela história de um mestre passando seus últimos ensinamentos para seu aluno.

Por fim, Seiya, embora pareça não ter desenvolvimento, na verdade possui um arco sobre sacrifício e perseverança. Desde que o inicio da saga, Seiya tem que encarar não só oponentes bem mais fortes que ele, como Aldebaran de Touro e Aioria de Leão, mas também vê vários de seus amigos sendo mortos ou ficando para trás para permitir que ele pudesse chegar até a Sala do Grande Mestre. Essas experiências poderiam quebra-lo emocionalmente, mas, ao invés disso, Seiya escolher seguir em frente e não decepcionar a fé que seus amigos puseram nele. Seu poder e vitórias não são obtidos por meio “protagonismo” mas sim por sua capacidade de receber golpes e sempre se levantar.

Para muitos fãs, a Batalha das 12 Casas é a saga definitiva de CDZ e uma dos arcos mais icônicos de mangá/anime, sendo colocado no mesmo patamar que a Saga de Freeza (de DBZ) e o Torneio das Trevas (de Yu Yu Hakusho).

 

Hades – A saga do Santuário



- Mangá: Capítulos 68 a 83

- Anime: CDZ Hades Episódio 01 a 13

Se os capítulos que citei até agora, da Saga de Hades, foram, pelo menos pra mim, mais ou menos, por que ela é tão popular?

A resposta se encontra na primeira parte dessa grande saga, a fase do Santuário.

Essa fase não perde tempo em introduzir o novo antagonista, Hades, deus dos mortos e um dos vilões mais recorrentes de Atena em suas várias reencarnações. Tendo voltado a vida nos tempos modernos para travar mais uma guerra santa contra Atena, Hades ressucita os cavaleiros de ouro que morreram na Batalha das 12 casas, além o Grande Mestre Shion de Áries, e os envia para invadir o Santuário e matar Atena em um prazo de 12 horas, em troca de conceder a eles vida eterna.

No entanto, quando os cavaleiros conseguem pela primeira casa, de Áries, Mu sente algo estranho nos seus oponentes. Será que a traição deles é genuína ou eles são parte de um plano misterioso em processo?

Como uma trama, essa fase é praticamente um contraste da Batalha das 12 Casas, com os vilões sendo os que buscam atravessar as 12 casas para chegar Atena.

Com Seiya e os outros Cavaleiros sendo deixados de lado nesse arco (os que se envolvem agem mais como testemunhas do que personagens ativos) o protagonismo é dado para os Cavaleiros de Ouro, o que resulta em momentos bem emocionantes incluindo o reencontro de Saga de Gêmeos com seu irmão redimido Kanon (que depois passa por um teste pelas mãos de Miro de Escorpião) e Dohko de Libra voltando a ser jovem e travando um duelo emocionante com Shion.

Mas o cavaleiro de ouro que rouba cada momento foi o Shaka de Virgem, que ganha uma grande importância conforme a saga vai se desenvolvendo, além de ser participante de uma das melhores lutas de toda franquia.

Contudo, o maior destaque dessa fase são os cavaleiros ressuscitados, cujos motivos para terem se unido a Hades vão, aos poucos, se revelando, o que leva a uma reviravolta que muda a perspectiva dos leitores em relação a fase até o momento, ao mesmo tempo que, mais uma vez, representa as principais temáticas dos Cavaleiros do Zodíaco: Uma história sobre grandes guerreiros dispostos a realizar grandes sacrifícios por seus ideais.

Então é isso! O que acharam do rank? Quais são suas sagas favoritas de CDZ? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo