José Ortiz Moya: Seis Décadas De Arte

Inomináveis Saudações a todos vós, Realistas Leitores!

José Ortiz Moya (1932-2013) é um dos grandes nomes do Tebeo Espanhol e em mais de sessenta anos de carreira produziu um legado de fôlego e brilhantismo em desenhos que artisticamente possuem energia, vigor, movimento e vida. Ele é mais um artista que conheci na Juiz Dredd Megazine, primeiramente em um artigo na edição 9 e em A Noite Do Estripador na edição 14. Nesta história, um cientista da era do Juiz Dredd, querendo descobrir a identidade de Jack, O Estripador o conduz até sua época e, após muitos incidentes, é perseguido por aquele em Mega-City Um. Uma história contida, bem fechada e que demonstra o quanto ele sabia ir além do roteiro que a ele entregavam para ilustrar. E foi, infelizmente, a única história do Dredd por ele desenhada.

Nascido aos 01/09/1932, mundialmente ele deu uma enorme contribuição para os Quadrinhos, relacionado ao já mencionado legado dele, que iniciou a carreira aos 16 anos. Revelando-se rapidamente como um grande artista, pertencia à Escola Valenciana de Desenhistas e Sigurd, O Viking é o grande destaque dele no período inicial da carreira. Mas, o início da série, em 1958, que se expandiu por 33 edições coincidiu com o início da decadência do Tebeo. Ortiz, então, voltou-se para outros mercados, principalmente o inglês, onde, através da 2000AD deixou registros visuais de considerável valor.

O primeiro trabalho dele para uma editora fora da Espanha foi para a editora escocesa D. C. Thomson. A este trabalho, ilustração de uma história romântica no ano de 1957, seguiram-se várias outras publicações no mercado inglês que o fizeram rapidamente ascender neste. O renome lhe fez trabalhar para a Eagle, a mais famosa revista inglesa da época, onde ficou a cargo das artes das séries UFO Agent, Smokeman e Sky Bucaneers, que tiveram diferentes níveis de repercussão. Para a revista Lion, rival da Eagle, ele também efetuou alguns trabalhos; e no início dos anos 70, na revista TV Action ilustrou a versão em Quadrinhos da série televisiva The Persuarders, estrelada por Roger Moore e Tony Curtis. Na época, a decadência atingiu o mercado inglês e, mais uma vez, ele mudou para outro, o americano, encontrando na Warren um reduto ideal para criações memoráveis que mais são obras de arte que merecem minutos de admiração para que cada detalhe não escape. Vampirella é o destaque, onde ele soube imprimir nas páginas um sofisticado e inimitável nível de Terror que poucos antes dele souberam aplicar antes e depois da passagem dele pelo universo dela.

No entanto, a Warren morreu em impacto e valor lentamente durante o decorrer dos anos 70. Ortiz voltou para o mercado espanhol no início dos anos 80, que estava retomando o rumo de qualidade e valor de antigamente. Foi quando ele conheceu Antonio Segura, forjando uma dupla de sucesso memorável produzindo Hombre, Morgan e Burton & Cyb, consideradas obra-primas. Ele voltou ao mesmo tempo a trabalhar na Britânia, no revival da Eagle a partir de 1982, desenhando, principalmente, as séries The Tower King, The House of Daemon e The Thirteenth Floor. Em 1984, ele passou a trabalhar para a 2000AD e assumiu a arte de Rogue Trooper, que não obteve um bom retorno para ele porque encontrava-se em um momento de queda na qualidade das histórias. Após um ano, ele e o roteirista da série, Gerry Finley-Day, foram substituídos e a série, posteriormente, foi cancelada (e revivida ao longo dos anos posteriores com diversos tipos de efeitos nos leitores).

E ele, enfim, chegou ao mercado italiano e a Tex Willer nos anos 90, a convite do próprio Sergio Bonelli. Não tinha mais como ele continuar trabalhando, no início daquela década, na Espanha porque a decadência novamente atingira os Quadrinhos adultos e a oportunidade de trabalhar com um outro mercado mais promissor ele não deixou escapar. O primeiro volume de Tex por ele desenhado foi o álbum gigante O Grande Roubo e, a seguir, Ortiz convocou Segura para juntos desenvolverem histórias para o personagem e seu universo. Os dois fizeram história na Maxi Tex, conhecida por aqui em nosso país como Tex Anual em aventuras como Os Caçadores de Fósseis e O Ouro do Sul. Ele desenhou também na mesma época Mágico Vento e Dylan Dog, sempre oferecendo ao público leitor um altíssimo grau de qualidade gráfica em produção vertiginosa e com uma idade já bastante avançada. E praticamente desenhando ainda ele faleceu aos 23/12/2013, dois anos após o falecimento de Segura, o maior parceiro de criação artística da carreira dele.

Fica aqui o registro de uma verdadeira lenda dos Quadrinhos Mundiais, um Gênio de fecundante brilhantismo e criatividade. Fiz uma Galeria bem especial, tanto que esta postagem aqui era para ser publicada no blog há uma semana atrás. Porém, devido à maestria deste Mestre em sua arte, decidi colher mais material, pesquisar mais um pouco e fazer algo que o dignificasse, guardadas as devidas proporções. Entrego-lhes, então, este fruto do que colhi e pesquisei, admirem os desenhos abaixo e conheçam um artista que vale a pena conhecer muito mais. Então, encerradas as minhas palavras, peço-lhes que à Galeria abaixo…

APRECIEM SEM MODERAÇÃO!!!

Saudações Inomináveis a todos vós, Realistas Leitores!