SINOPSE:
"Existem mariposas que adornam as asas com olhos de coruja, flores que imitam o convidativo traseiro de uma abelha-rainha, mas foi o macaco pelado que inventou a MODA!
Com a pata sem penas e sem pêlos envolta em luva de veludo animal, ele agarrou a evolução pela garganta e a sacudiu até ela gritar, POIS NA IMAGEM ESTÁ O PODER!"
Jean Claude Celestine
In: pags. 128-129
Inomináveis Saudações a todos vós, leitores virtuais.
Quando caminharem pelas ruas, pelo menos uma vez nas vossas vidas, observem o modo de cada vestimenta dos transeuntes em redor. Cada peça de roupa, combinada ou não, transmite uma específica mensagem, silenciosa ou gritante, insinuante ou sutil, algo preenchendo quadros de referências pessoais dos mais vastos ligados à Imagem. A Imagem Ideal. A Imagem Real. A Imagem Fabricada. A Imagem Natural. A Imagem Anti-Natural. E o que é A Imagem, na realidade específica de uma incondicionada abordagem?
A Imagem é o arquétipo que idealiza uma estética nascida da própria tendência humana de depender sempre de um fetiche, sendo reprodução constante e imitação de si mesma. A adolescente ligada ao Mundo Pop reproduz e imita o visual da sua popstar preferida; o evangélico reproduz e imita o visual do seu pastor preferido e dos irmãos de sua igreja; os atores reproduzem e imitam uns aos outros, visuais reciclados de ano a ano; os alternativos reproduzem e imitam o visual de si mesmos, a fim de chocarem os olhares conservadores; os executivos imitam o visual uns dos outros para não se desconectarem de seu ambiente corporativo; os militares seguem um padrão roboticamente linear que os identifica conforme os ditames régios de suas corporações; os estudantes de escolas tradicionais são obrigados a utilizarem unoformes com formatos e cores distintas identificadoras de suas respectivas instituições de ensino; os universitários declaram uma silenciosa guerra uns aos outros no quesito do vestuário a fim de serem aceitos em determinadas tribos dentro do mundo pós-Segundo Grau; eu e cada um de vós, leitores virtuais, reproduzimos e imitamos o visual de nossas respectivas referências imagéticas que, constantemente, nos influenciam.
Alguns exemplos de um ciclo complexo, de uma serpente engolindo a própria cauda e soltando seu veneno: A Moda. A Moda, seja esta mainstream ou alternativa, popular ou dos abastados, é produto da humana excessiva preocupação com A Imagem. A Moda contamina. A Moda contagia. A Moda é plena de glamour, seja este empoderante ou decadente. A Moda dita regras. A Moda gera lições. A Moda eleva. A Moda faz cair. A Moda vicia. A Moda cega. A Moda acorrenta. A Moda escraviza. Risos e palmas são seus alimentos. Risos e palmas são suas bebidas. Risos e palmas são sua sobrevivência. Risos e palmas são sua insistência em continuar a existir. Risos e palmas executam a exaltação das esqueléticas modelos nas passarelas; atualmente, as Plus Size Models são igualmente veneradas e aplaudidas; na Internet, principalmente no Facebook, Instagram, Twitter e Pinterest, as Fitness Models são as explosivas Musas do momento; por toda a Internet, tendências que variam do exótico ao clássico, do bizarro ao popular, do Belo ao ridículo, do excessivo ao vazio, um grande ciclo que se expande para a moda masculina, regendo tendências conforme as estações e o gosto dos estilistas.
Difícil escapar da Imagem; desafio qualquer um a relatar o caso de alguém que jâ escapou Dela. Alguém que nunca deixou se condicionar com o que está em alta na Moda, no momento que a todo momento se transforma em um novo momento dentro Dela: existe tal “Ser Superior” isento de vaidade e a ambição puríssima de apresentar ao mundo seu melhor visual e suas melhores roupas? Conhecem tal Ser? Algum de vós é tal Ser? Algum de vós pretendeis ser tal Ser? Sim ou não? Talvez ou quem sabe? Se existir alguém tão desprovido de desapego à Imagem e suas influências, deve ser um ser humano desprovido de vitalidade, amorfo, assexuado e fora do contexto da contemporaneidade. "Mas, ele tem Essência", vós aí pensais; mas, como transparecer externamente qualquer Essência sem A Imagem? Essência sem Aparência? Essência sem Presença? Essência sem Glamour? Impossível ou possível? Inventem uma nova linguagem, primeiramente, e depois respondam a todas estas perguntas.
Alan Moore falou através de cada um de seus personagens em Fashion Beast sobre o domínio da Imagem sobre nós. Bonecas e bonecos, Animais Fashion, é o que somos, consciente ou inconscientemente. E como a Essência de Moore poderia ser conhecida pelo mundo sem A Imagem? Tudo sobrevive da Imagem, da Arte à Religião, do Ocultismo ao Ateísmo, da Política à Música; Imagem Falada, Escrita, Pintada, Ouvida, Tudo É Imagem! A Moda de sempre, a mais primordial, é A Imagem. De manhã à noite, somos afetados pela Imagem. Na rua, A Imagem nos atrai. No trabalho, A Imagem é fundamental. Na escolha de amizades, A Imagem é imprescindível. Na escolha de um relacionamento amoroso, A Imagem é o que primeiro vem em conta. As correntes são poderosas, escravizados somos pela Imagem. Não há pecado ou erro na vaidade: eis o recado da Imagem.
O que o espelho vos mostra quando vossos olhares nele fixam-se?
Glamour ou Decadência?
Beast ou Angel?
Capa de Fashion Beast 1