O Lanterna Verde do Grant Morrison foi uma merda?


"Eu sei que eu tenho uma reputação, mas... Nem toda mão verde gigante é minha, Ollie."

Cerca de dois anos após eu ter feito uma análise das primeiras edições do Lanterna pelo escritor Grant Morrison, me pareceu justo que eu escrevesse um novo review após ter terminado toda a primeira leva que ele fez. Naquela época eu deixei o grosseiro título "Grant Morrison vai cagar no Lanterna Verde?", o que fazia sentido pelas histórias decepcionantes e confusas que ele andava fazendo com super-heróis. Algumas pessoas que acompanhavam a revista anteriormente ficaram decepcionadas do autor ignorar as tropas criadas pelo Geoff Johns e dar aquela cagada pro cânone que o pessoal já sabe que o Morrison dá. Mas em nenhum momento ele aparenta deixar de se comprometer em fazer uma boa revista.


Mas quem lê Marvel/DC sabe que há pontos de vista completamente diferentes sobre o que é uma boa aventura de super-heróis. Apesar de haver uma história maior que liga todas as mensais, dá pra perceber que havia a intenção de fazer edições autossuficientes. Ou seja? Você pode pegar qualquer edição pra ler e sairá com a experiência de uma história completa. Quando Hal Jordan volta ao serviço é informado que tem que enfrentar a organização terrorista dos Blackstars, que possuem um plano pouco claro e integrantes espalhafatosos. No meio do caminho ele se envolve com outros problemas.


Nas primeiras páginas é possível notar que será uma jornada descontraída, com umas brincadeiras bem bobinhas, mas engraçadas. Pra mim que sou fã de super-heróis há longa data, algumas sacadas que o Morrison faz tirando sarro dos clichês e contradições do próprio gênero eu achei geniais. Não são as histórias mais brilhantes do Morrison ou do Lanterna Verde, mas dá pra notar que ele quer homenagear aquele lado de aventuras diversas e fantásticas que esses personagens têm em fases mais "despreocupadas" (no estilo do "Grandes Astros"). Eu tenho como ressalva que a escrita do Morrison não se incomoda em fluir bem. Ele mistura palavras alienígenas e personagens com línguas estrangeiras sem tradução que acabam dando uma sensação de ruído na leitura. Não era raro eu ter a impressão que estava perdendo alguma coisa. Mas é só impressão mesmo, porque as tramas são bem simples. Porém, mais um problema é ele incluir muitas coisas chamativas que depois não tem relevância em momento algum, contribuindo pra sensação de confusão.


Na terceira edição fica claro como esse tom de "qualquer aventura é possível" trará diversão com uma inesperada trama onde um alienígena com o visual parecido do deus cristão compra o planeta Terra em um leilão alienígena, e pelo seu visual os terráqueos não se opõe à aquisição. Na quinta edição Hal Jordan participa de uma iniciação em um planeta de vampiros. Não há lutas com anéis de energia, personagens voando ou viagens entre planetas. De repente parece que você está vendo o jogo "Dark Souls", tudo é gótico e medieval. Parece que quanto mais o Morrison exige dos visuais no roteiro, mais o desenhista Liam Sharp capricha. Depois de ler essa série o nome de Sharp sempre chamará minha atenção. Acho justo dizer que ele é a maior estrela da produção.

Quando li "Areias Esmeraldas" a sensação que tive foi que era um clássico recém-nascido 

As histórias que contam com esse tom são as mais divertidas, pois você fica realmente surpreso com as propostas inesperadas. A edição que junta o lanterna com o Arqueiro Verde podia parecer ter uma proposta fácil: apelar pra nostalgia da antiga série clássica que juntou os dois heróis. Mas é divertido pra caramba! A quinta edição tem a continuidade interrompida pela edição anual norte-americana, sem o Liam Sharp, substituído pelo trampo do Giuseppe Camuncoli, que me dá até pena de comparar com o Sharp. Fiquei confuso a princípio, e só entendi quando fui notar a numeração. Aproveito essa deixa pra criticar a publicação da Panini. O material é bom, mas pelo valor caro de cerca de 10 reais uma edição com apenas duas histórias, não há preocupação de fazer um textinho editorial pra trazer um recordatório das últimas aventuras (lembrando que a revista é bimestral), ou mesmo pra explicar que estão interrompendo a continuidade pra publicar a edição anual. O que custava? Como se não bastasse ainda há vários erros de revisão, que já tomaram fama internacional.

Levaram uma comida de rabo do próprio Neil Gaiman (sim, o lorde das trevas, mestre do plano astral).
Infelizmente, nas últimas edições a coisa começou a perder a graça pra mim. Não é de hoje que o Morrison muitas vezes tá escrevendo uma série divertida e curiosa, então resolve enfiar problemas com dimensões paralelas, aquelas coisas de multiverso. Eu detesto história assim. Não consigo me identificar, já que nós nunca lidamos com nada parecido na vida real. Tirando quando é uma única realidade diferente, como "Dias de um Futuro Esquecido" ou "Velho Logan", eu nunca curto histórias com a trama "aaaah! Os multiversos estão entrando em conflito!". É sempre difícil de acompanhar e pouco recompensador quando você consegue. AINDA MAIS SE É DO GRANT MORRISON, ESCRITOR DE CRISE FINAL E MULTIVERSITY! Eu cheguei a ver uma entrevista onde o próprio desenhista confessava que tinha entendido nada da história!!! Aqui pode não ser tão complicado, mas eu não consigo achar divertido esse tipo de trama, não foi dessa vez que mudei minha opinião.

"Buuuuuuuu! Multilixuuuuu! Crise nos infinitos lixuuuus!!!"
Eu fiquei com o pé atrás, mas resolvi continuar lendo. Afinal, já tinha acompanhado até lá. Meus temores se realizaram. Fica mó bagunça, é horrível de entender, eu fiz meio que uma nota mental: "nunca mais comprar quando o cliffhanger envolver multiverso". A única coisa que salva são os desenhos do Sharp, que continuam impressionantes.

Conclusão

Respondendo a pergunta que eu propus anos atrás: o Morrison não cagou no Lanterna Verde. A série tem seus problemas, mas é muito divertida em vários momentos. Eu diria que está acima da média de HQs mensais, tranquilamente. Infelizmente, no final são adicionados elementos que Morrison e muito de seus fãs acham divertidíssimos, mas eu detesto e não foi diferente dessa vez. Então as últimas 4 edições dessa primeira leva acabaram sendo bem chatas pra mim. Pra quem gosta de roteiros desse tipo, pode ser que valha a pena arriscar. As pessoas criticam tanto a fase do Johns por ter adicionado tantos elementos e ter ficado confuso, mas aquelas histórias eu sempre conseguia entender tudo e achava muito divertido no final. Aqui o Morrison ignorou esses elementos todos e no final ficou 300x mais confusos, com uma trama que me cativou nadinha. Resumindo: a viagem valeu a pena, mas no final eu queria que acabasse logo. Houveram duas sequências, uma foi a minissérie "Lanterna Verde: Blackstar" (que não tem o Sharp...) e outra é a segunda temporada, que continua a sequência mensal. Não estou com muita vontade de ler, mas mesmo que eu confira, acho que ficaria melhor pra outro post.

Se quiser conferir outros textos meus: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2020/02/o-post-dos-melhores-posts-ii.html




"Eu já lutei contra exércitos de mortos, já derrubei deuses e tiranos cósmicos. Já fui possuído por um monstro chamado Parallax. Já vivi, já morri, já renasci. Já revivi a morte do meu pai e todas as traições milhares de vezes. Sou membro fundador da Liga da Justiça do planeta Terra, então, sério mesmo..."




Muito obrigado por ter lido.
































Oooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooolha!



































Então você quis ficar até o final dos créditos? Am?

























































Muito bem, nós temos uma cena especial! 
Você está pronto pra uma caralhada de posts do Lanterna Verde nos próximos meses? Hein?


























































































Um tipo de post que você está longe de poder imaginar?









































Aguarde então...
























Em breve...















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