Olavo Bilac: Ouvir Estrelas



em tempos de pandemia..., quando a população perde o juízo e os governantes perdem a dignidade..., um momento de deleite e reflexão na leitura deste belo Soneto XIII (Via-Láctea, 1888) de Olavo Bilac: Ouvir Estrelas.


                        

Ouvir Estrelas (soneto XIII)
Olavo Bilac

— Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso! - E eu vos direi! no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto,
E abro as janelas, pálido, de espanto.

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálido aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: - Tresloucado amigo
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?

E eu vos direi: - Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

*
ilustração de joba tridente.2020


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro-RJ: 16.12.1865 - Rio de Janeiro-RJ: 28.12.1918), jornalista, escritor (parnasiano) de prosa e verso e membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1896), onde ocupou a cadeira 15, cujo patrono é o poeta Gonçalves Dias. Olavo Bilac, eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, pela revista Fon-Fon, em 1907, tinha grande apreço pela literatura dirigida aos jovens. Republicano e nacionalista o polemista escritor é autor do Hino à Bandeira e de Poesias (1888); Crônicas e novelas (1894); Sagres (1898); Crônicas e Novelas (1894); Alma Inquieta (1902); Via Láctea (1888); Sarças de Fogo (1888); O Caçador de Esmeraldas (1902); As Viagens (1902); Crítica e fantasia (1904); Poesias infantis (1904); Contos Pátrios (1904); Conferências literárias (1906); Tratado de versificação (1905); Dicionário de rimas (1913); Ironia e piedade (1916); A Defesa Nacional (1917); Lições de História do Brasil (1918); Tarde (1919).
Para saber mais: Academia Brasileira de Letras: Olavo Bilac; Wikipédia: Olavo Bilac; Templo Cultural Delfos: Olavo Bilac - príncipe dos poetas; Download do livro Via Láctea.

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