Os Três Coringas Históricos Do Audiovisual


Esclarecimento Inicial 

Inomináveis Saudações a todos vós, realistas leitores! 

Antes de tudo, devo esclarecer aos realistas leitores que acessarem esta postagem que a mesma nasce de uma noção íntima deste Inominável Ser que vos fala. O embasamento se encontra em minhas lembranças, do afeto que tenho por cada versão do Coringa aqui considerada e de seu impacto no meio cultural. Não levo em consideração a versão de Joaquin Phoenix, cujo filme estreará daqui a nove dias; a de Jared Leto, cuja atuação ainda não presenciei por ainda não ter assistido o filme do Esquadrão Suicida; e nem outras versões, incluindo as de animações como Batman: A Série Animada, Superamigos e Liga da Justiça: A Série Animada, somente para citar as mais famosas nas quais o personagem aparece. A meu ver, as três aqui consideradas tiveram um imenso impacto construtor do que hoje é o vilão, culturalmente considerado como o mais visceral para alguns no Meio Audiovisual. Para outros, no entanto, é um personagem comum, banal e desinteressante, opinião que, como uma pessoa de bom senso não vou contestar porque respeito cada opinião alheia contrária. E isso tem muito a ver com esta postagem de cunho estritamente opinativo, isento de qualquer natureza de uma possível verdade absoluta. Porque pode ser que nos próximos anos, outros intérprete do personagem, como Phoenix, venham a ter o mesmo impacto sobre a Cultura e sobre mim com a mesma potência e importância. E o quadro pode mudar, aumentando assim o número daquelas que historicamente considero como as maiores e melhores versões dele. 

Baseio-me em partes na Teoria Dos Três Coringas para a geração deste texto porque se trata de uma questão bastante interessante. No caso dos três aqui vistos, habitantes de mundos diversos do Multiverso DC, o espelho de recortes de suas variáveis interpretações vem a se fundamentar nitidamente no que tange ao exercício simples de suas mitológicas mensagens. Inegavelmente, cada um deles trouxe uma proposta pessoal, uma densidade particular, uma organizada impressão a fim de tornar cada versão magneticamente atrativa. Pelo olhar analítico, na parcialidade de um , a proposta aqui inserida é de um discurso baseado também nas memórias de épocas nas quais eu, como espectador, pude apreciar cada um deles. Reitero este ser um texto muito pessoal, pois sei que irá gerar controvérsias e alguns antagonismos que são totalmente naturais. Ninguém é obrigado a aceitar qualquer opinião sobre qualquer assunto e o meu intento não é, como definido nas entrelinhas do parágrafo anterior, construir uma arrogante torre de incontestável verdade. Eu sou apenas um Fã aqui falando do meu apego eletivo aos atores aqui considerados. 

Os esclarecimentos foram já amplamente dados acima. Vamos, então, aos quadros analíticos das versões do Coringa. 



O Coringa De Cesar Romero 


Criança, eu era fascinado pelo palhaço que Cesar Romero entregou ao mundo do entretenimento na série do Batman dos anos 60, criada por William Dozier. Assisti a mesma na TVS inicialmente, hoje SBT, e me sentia hipnotizado cada vez que o personagem aparecia. Para mim, era o mais importante da série, mais interessante até do que os próprios heróis da mesma. Inegável que eu tenha carinho pelo Batman (Adam West) e pelo Robin (Burt Ward), mas o Coringa de Romero era meu personagem preferido. O deboche escrachado era a maior marca desta versão, aliado a uma infantilidade pura dentro de tendências criminosas bastante bizarras. Igualmente bizarros eram seus planos mirabolantes, sempre desmascarados pelos heróis e que, muito inteligentes, denotavam nestes uma aplicação mais profunda de seus dons pela demasiadamente colorida cidade de Gotham City. A índole cômica desta interpretação fez Romero figurar como aquele que trouxe a primeira versão de destaque do Coringa na Televisão de um modo visivelmente repleto de alegria, entusiasmo e galhofa. Um Agente Da Traquinagem, um elemento que se divertia à custa dos sofrimentos que causava, mais querendo brincar do que em ser um bandido que espalhasse o terror com mais contundência. A Loucura em suas nuances de destruição do estado de coisas normalmente aceitas tem sua efígie aqui manifestada. Ele gerava em mim risos e gargalhadas, uma diversão completa ao gosto de uma criança que hoje, como adulto, ainda possui o mesmo divertido fascínio por esta interpretação. 




O Coringa De Jack Nicholson 


Inserido no contexto do primeiro Batman de Tim Burton (1989), este Coringa já era um pouco mais sério, mantendo, no entanto, resquícios da comicidade vista na série televisiva. Aqui, vemos que ele foi considerado como autor dos disparos que fatalizaram os pais de Bruce Wayne (Michael Keaton), uma tomada de liberdade criativa no roteiro que até hoje é escandalosamente polêmica e execrada por muitos (e que merece um futuro tópico de minha parte). Jack Nicholson entrega aqui um icônico papel de um reles marginal que, acidentalmente, no meio de um confronto com o Batman, é vitima de residuos químicos que lhe desfiguram o rosto. Com um eterno sorriso no rosto e ódio pelo responsável indireto pelo acidente, sua máscara de equilíbrio é derrubada, imediatamente sendo substituída pela do palhaço criminoso cuja loucura trouxe dor e sofrimento a Gotham City. A Loucura aqui se mostrou a mãe de um monstro determinado a ser um espetáculo de terror para quem quisesse lhe barrar, sendo cada ato metodicamente pensado a fim de atrair o Morcego Vigilante para sua vingança pessoal. O Agente Da Tragicomédia é como eu considero esta versão do Coringa, visto a forma como ele é desenvolvido no decorrer da trama cinematográfica até seu sorridente fim. Risos acompanhados de certo medo me atingiram na época em que assisti, na Temperatura Máxima da Rede Globo, esta interpretação de Nicholson, já na adolescência. O Mito Do Vilão, invertendo agora o Mito Do Herói de Joseph Campbell, contrai um etetno matrimônio com esta peculiar versão. Hoje, até mesmo piedade pelo personagem tenho, não há como eu negar ver nele um Ser mais digno de tratamento psiquiátrico do que a cadeia ou a morte, uma solução tomada pelo roteiro que considero absolutamente simplista na atualidade. 




O Coringa De Heath Ledger


Um homem sem passado. Um homem sem identidade. Um homem sem laços familiares. Um homem sem ligações afetivas. Um homem sem interesses políticos. Um homem sem ambições de riqueza. Um homem sem os limites que nós psiquicamente estabelecemos para que não soltemos para o mundo os monstros que sabemos existir dentro de nós. Um homem que abraçou seu Monstro Interior e o pôs para fora com o objetivo de revirar toda a realidade de cabeça para baixo. Um homem que, em sua psicótica divertida simplicidade, ama facas, bombas e incêndios, querendo apenas demonstrar que qualquer Ser Humano é naturalmente corruptível e passível de um tratamento de choque rumo à Loucura. Heath Ledger entregou em Batman, O Cavaleiro Das Trevas (2008) a mais emblemática versão da Loucura do Arquétipo Coringa como O Agente Do Caos. Já estabelecidas na memória cultural as versões de Nicholson e de Romero, a de Ledger, que compôs por ele mesmo a dele no quesito da composição visual e de personalidade, inconscientemente mesclou elementos das anteriores e trouxe algo novo. A graça e a crueldade do personagem moldado por Ledger se alternam, ora repassando uma mensagem de que vale a pena se divertir sem nenhum propósito, ora anunciando que destruir propósitos alheios é o mais divertido dos passatempos. Batman (Christian Bale), Harvey Dent (Aaron Eckhart) e Rachel Dawson (Maggie Gyllenhaal) são os brinquedinhos preferidos, marionetes de seu caótico jogo de lançar para qualquer lado uma oportunidade para desequilibrar seres supostamente equilibrados. Seu grande parque de diversões é a Gotham City com seus políticos, juízes, policiais, criminosos e cidadãos comuns como banquetes oferecidos ao seu perverso gosto em arruinar as mesas de diversos manjares em ação dentro do meio social corrupto, sujo e hipócrita da cidade. Já na idade adulta assisti no cinema ao filme e o mesmo se tornou, a partir de então, instantaneamente, o melhor que já assisti até hoje. Este Coringa também pode ser considerado como O Agente Da Anarquia Existencial, agindo na deliberada tentativa, sem planejar nada, de atacar toda estrutura estabelecida da cidade em convulsão social para mostrar a verdadeira face e caráter de seus habitantes à luz do sol causado pelas chamas das explosões de suas chamas e o sangue derramado por sua influência. Um Agente Das Trevas vencido pelo Cavaleiro Das Trevas, paradoxo genial que Christopher Nolan e David S. Goyer constituíram como a marca mitológica maior da história. O Coringa tem todo o filme para si e, na realidade, ele que é o personagem principal, O Mal Absoluto escancaradamente encarnado em uma figura misteriosa, letal e nada engraçada no sentido de ser infantil como era a versão de Romero. 





Conclusão 

Cada ator acima é importante dentro da História Do Audiovisual no tocante à encarnação deste personagem em três respectivos contextos existenciais. Criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane  em  1940, ele atingiu inicialmente nos Quadrinhos uma imensa importância dentro da mitológica galeria de antagonistas do Batman. E as três transposições para outras mídias acima descritas, todas inseridas no Caótico Contexto de um Caótico Ser muito bem definido, como as melhores em minha inominável opinião, popularizaram com amplitude o personagem fora dos limites da Nona Arte. Ele é, para mim, O Vilão Perfeito, pois quem em nosso mundo real daria a oportunidade de sentir e ver alta periculosidade em um cara fantasiado de palhaço cometendo crimes? É aqui que se encontra a magia oculta do citado acima Arquétipo Coringa, pois seja qual for a mídia na qual o mesmo seja transposto, a cínica e icônica maestría de sua essência permanecerá incólume. Ele é como o Coringa do Baralho, uma carta sem aparente valor e que, na verdade, possui um significado para sua presença dentro do naipe de cartas como iniciadora do próprio sentido das mesmas; o Louco do Tarot, Arcano que corresponde ao número Zero, sempre autoconfiante em sua loucura, de um lado para o outro carregando sua sacola e não se fixando em qualquer local específico, perseguido pelo incômodo em ver algo fixo, representado pelo cachorro lhe mordendo o calcanhar; o Loki da Mitologia Nórdica, Deus Da Fraude, um mentiroso e galhofeiro crônico, sempre aprontando peças grosseiras com os demais Deuses do Panteão Nórdico; o Exu da Quimbanda, amoral e acima do que concebemos como ética, agindo fora das humanas linhas que determinam tudo que conhecemos como civilizado, sempre com sua estrondosa gargalhada, que é um misto de desafio e perigo; e todo e qualquer referencial simbólico, mitológico, iniciático e arquetípico que comporte em si uma intrínseca aversão à Sanidade Existencial e aos valores que nos foram ensinados como fundamentais para o viver em comunidade. 

Coringa é tudo isso e muito mais. O que percebi dos aspectos referenciais no parágrafo acima é o que contextualizo dentro das análises descritivas acima da minha opinião pessoal. Um texto movido pela paixão, melhor dizendo, Amor, que eu possuo por Personagens Ficcionais. Eles são tudo que nós queremos ser e confesso que, não fosse a minha opção religiosa e os princípios repassados a mim pela minha mãe, eu seria uma adaptação para este mundo real do Coringa. Porque eu conheço o caótico monstro residente dentro de meu Ser e que controlo com bastante dificuldade… 

E você, leitora virtual, conhece o seu caótico monstro? 

E você, leitor virtual, conhece o seu caótico monstro? 

Conseguem controlá-lo ou fingem ser o que não são diante do mundo com ele estando no controle de suas mentes, corpos e almas? 

Saudações Inomináveis a todos vós, realistas leitores! 



Anexo I



Pelo que estou lendo das críticas até o momento e o estado de ansiedade em que estou para o filme do Coringa, creio que a versão do Joaquin Phoenix entrará para minha pessoal lista de Coringas Históricos Do Audiovisual. Estou no aguardo do filme e, com toda a certeza, isso se confirmará. 



Anexo II



O Jerome Valeska (Cameron Monaghan) de Gotham, enfim, pode ou não ser considerado uma versão do Coringa? 



Anexo III



Uma pergunta para quem assistiu Esquadrão Suicida: a interpretação do Jared Leto é tão ruim quanto já li em diversas críticas do filme? 



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Inomináveis Saudações, leitoras & leitores virtuais! 
Se este escrito vos agradou, lhes convido para conhecerem meus outros inomináveis universos:




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