10 razões pra você ler "Superman: Entre a Foice e o Martelo"


"Liguem para os laboratórios S.T.A.R. e coloquem o Dr. Lex Luthor na linha. A Guerra Fria acabou de evoluir e se tornar um novo animal."

Era absurdo como por tantos anos não se conseguia encontrar uma das melhores histórias do Superman pra comprar no Brasil! Enfim! Foi republicado! Se você nunca fez isso, é a oportunidade de conferir essa história imperdível do Homem de Aço! Neste texto passaremos pelos seus melhores pontos para convencê-lo disso!


1.O melhor "O Que Aconteceria Se...?" de todos!


O universo de super-heróis está cheeeeeeeeio de versões alternativas de suas próprias histórias. Apesar de uma compreensível tendência a produtos de pouco valor virem desses experimentalismos, há muita coisa legal. E se a Gwen Stacy não tivesse morrido? E se o Robin não tivesse morrido? A coisa costuma ir por esse lado. Nesta história do Superman a diferença é menor, mas ao mesmo tempo muito maior. O foguete que os seus pais criaram para salvá-lo da explosão de Krypton o mandando pra Terra aterrizou com algumas horas de diferença na sua rotação. Ao invés de cair no Kansas... Kal-El caiu na Ucrânia, território da União Soviética na época. Stálin pega o poderoso bebêzinho para se tornar seu soldado quando crescer...



2.Mark Millar com o universo DC

A cara dele de quem escreve as melhores histórias do mundo, mas tem que tá afim

O que o roteirista Mark Millar faz é ir desenrolando as consequências desse paradoxo até as últimas consequências. O homem prova como é muito mais que capaz de fazer isso. As histórias de Millar na DC (com Flash, Monstro do Pântano) não são muito reconhecidas, mas é justamente o contrário com as da Marvel: Guerra Civil, Os Supremos, Fantástico e Wolverine: Velho Logan, que influenciam adaptações de todos os lados. Bem, essa aventura do Superman é o marco que ele deixou na distinta concorrência antes de se aliar à Marvel. Temos um post especial dedicado justamente aos trabalhos do cara: http://ozymandiasrealista.blogspot.com.br/2016/04/analise-colecao-mark-millar.html


3.Uma nova Terra e um novo Universo DC


Com a melhor arma possível, a esquerda vence a Segunda Guerra Mundial com facilidade. O que vem depois é uma Guerra Fria reversa. A maior parte do planeta está se entregando ao comunismo e apenas uma minoria se mantém capitalista com dificuldade. Mas Mark Millar mistura essa versão do nosso mundo com uma versão alternativa do próprio universo DC! Desde o início é muito divertido acompanhar. Ver como para as amazonas pareceu mais sensato enviar a Mulher-Maravilha para negociar valores pacifistas com a Rússia e não com os Estados Unidos, o Batman completamente contra a forma fascista que o Superman está lustrando o planeta inteiro.


4.Um dos melhores combates entre o Superman e o Batman

Batman não tem dó não, não importa em qual hemisfério esteja!
Mesmo não sendo os mesmos Bruce Wayne e Kal-El que estamos acostumados, de forma rápida a história consegue criar um embate inesquecível entre os dois personagens a la O Cavaleiro das Trevas. Algo que todo fã gosta de ver, quando bem executado. Vai além disso, e as relações de inimizade que o kryptoniano faz com diferentes personagens são todas interessantes de acompanhar. A galeria de inimigos do Homem de Aço passa a ser armas criadas em laboratório pelos Estados Unidos para tentar destruir esta versão ditadora do herói. O Brainiac ao invés de ter engarrafado a cidade de Kandor, o faz com Stalingrado. Aproveitando que estamos falando dos inimigos, vale uma atenção especial ao careca mais famoso da cultura pop.


5.Lex Luthor como você nunca viu antes


Esqueça aquela desgraça que nos mostraram com o Jesse Eisenberg nos cinemas. Esse Lex Luthor é um cientista maluco ao mesmo tempo contando com todos os fatores que sempre fizeram dele um vilão tão marcante de um dos heróis mais famosos já feito. Millar segue o estilo da época do reboot do John Byrne, em que Luthor é um perigo para o kryptoniano não por enfrentá-lo com armaduras e armas mirabolantes, mas pela sua personalidade obsessiva e total falta de escrúpulos. Na história há desenvolvimento cronológico, os personagens envelhecem e o mundo se altera. Não é uma história gigantesca, e a forma que Millar mostra todos esses avanços políticos e econômicos em pouco tempo é exagerada de uma forma muito bem feita, afinal, se tratam de utopias.


Com isso o Lex Luthor é um gênio extremamente caricato, jogando vários jogos de xadrez, fazendo descobertas e lendo livros inteiros, tudo ao mesmo tempo! Defendendo os Estados Unidos como representantes do Capitalismo até as últimas consequências, esse Lex Luthor ficou um nêmesis perfeito contra essa versão socialista do Superman. As escalas de tudo pelo qual os dois lutam são muito altas!


6.Ainda se trata do Superman!


"Eu jamais fui um soldado. Um soldado sempre segue ordens. Um soldado conhece e odeia seu inimigo. Um soldado só luta e morre pelo seu povo... Eu simplesmente lutava pelo que era certo."

Apesar de ser um ditador comunista e a versão original ser um super-herói bonzinho lutando por "verdade, justiça e o modo americano", Mark Millar tomou cuidado para que o personagem do Superman continuasse sendo o mesmo: um cara que quer fazer a coisa certa. Com isso, além de um excelente "O Que Aconteceria Se...?", essa história também é um complemento muito bom da personalidade do personagem, o mostrando nessa posição opressora, utópica e violenta. Muitos conflitos do personagem são mostrados o tempo todo com muita competência.


7.Lambendo os dedos ao término da refeição


Neste universo particular que é criado, o roteirista leva toda a situação a extremos quase inimagináveis, te surpreendendo de novo e de novo. No final ele consegue ligar tanto os elementos relacionados à mitologia da DC, quanto a história política dos homens e questões existenciais de maneira otimamente coesa. Difícil não ficar satisfeito ao final. "Superman: Entre a Foice e o Martelo" é um exercício de criatividade como poucos!


8.Saia do mundo real e se isole um pouco no melhor que o mundo das HQs tem a apresentar

A filha do presidente ajudou ele a virar deputado, hahaha
Faça um favor a si mesmo e não se deixe levar por comentários negativos que foram feitos sobre a obra logo que anunciaram a republicação, a acusando de ser uma tentativa de doutrinação marxista. As pessoas que falaram isso nem devem ter lido o gibi, já que Millar não passa o pano em Stálin e seu regime em qualquer momento (afinal, como fazer isso com um dos maiores genocidas da história?), a violência e a fome da época são mostradas, inclusive há vários esquerdistas que não gostam dessa história. Então não ouça essas bobeiras, o comprometimento da história não é com panfletagem ideológica, mas sim com a imaginação.


É para mais do que fãs de HQs, do Superman e da DC. É para qualquer um que quer ter uma boa experiência com ficção. É um exemplo de como as HQs podem (e provavelmente devem) se aproveitar dos seus recursos fantasiosos em universos de heróis, como os da Marvel e da DC Comics, para proporcionar experiências que tem como objetivo e resultado principal o entretenimento inteligente e recompensador.

Tanto os extremistas da direita que passam pano no Ku Klux Klan e nos ladrões evangélicos, quanto os da Esquerda que conseguem o contorcionismo lógico de ter carinho afetivo pelo Lula e pela Dilma não gostam dessa HQ. Pra mim um excelente sinal de que a ideia dela não é agradar qualquer um dos dois, hehe, como tem que ser.


9."Injustiça" é pra meninos, "Entre a Foice e o Martelo" é para homens


Não estou dizendo que "Injustiça" não tenha sido legal, pelo contrário, eu curti muito na época também. Um dos trunfos interessantes da HQ era terem feito um evento na DC equivalente à Guerra Civil, da Marvel, o que até então não tinham. Mas pra quem conhece as principais histórias, "Injustice" não passa de uma mistura de "Reino do Amanhã", "Crise nas Infinitas Terras" e "Entre a Foice e o Martelo". Se você já curtiu a história desse game e sua adaptação pras HQs, "Entre a Foice e o Martelo" é a melhor versão de uma história com um Superman ditador. Inclusive, se for pra comparar com Injustiça, ela ganha justamente por não ter se estendido desnecessariamente por vários títulos pra continuar vendendo bastante, é uma história curtinha que foca no essencial.


10.TÁ BARATO, MOLEQUE!


A Panini deixou em um preço ótimo! Eles colocaram R$32,90!!! A Eaglemoss tem lançado encadernados da Arlequina por mais de cinquenta reais! É o momento perfeito para conhecer a história, uma ótima oportunidade!

"Você é o oposto da doutrina marxista, Superman. A prova viva de que nem todos os homens são iguais."

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