Análise de Demolidor 2ª Temporada (Netflix)

Assistimos a segunda temporada completa da série Demolidor lançada pela Marvel/Netflix e queremos deixar nossas impressões. 


Análise e opinião do Ozymandias Realista:

Eu iria escrever sobre a 2º Temporada do Demolidor logo em Março, mas acabou atropelado por outros textos e temas, em especial BvS, não que todas essas coisas fossem superior ao seriado, mas ele acabou ficando em segundo plano (sem trocadilhos) . Por se tratar de um tema ultra explorado, bem como algo que boa parte das pessoas ou já assistiram, ou leram sobre em algum lugar, vou tentar ser o mais breve e objetivo. Eu fatio a série por picos:

#01 ao #03 – Médio



Infelizmente, Douglas Joker estava certo. Por mais que eu não tenha tido a percepção que ele teve ao ver o trailer, há um comparativo muito forte de ideias representadas nesses três primeiros episódios e o filme Batman – O Cavaleiro das Trevas. É um comparativo, uma espécie de “raciocínio semelhante ao do roteiro de TDK referente as conseqüências e reflexos que um vigilantismo cria.” Longe do Matt Murdock ser o Bruce Wayne, ou Frank Castle ser o Coringa, acredito ter sido apenas uma “ideia de apoio” para algo maior, nisso eles se referenciaram no filme. Causa um pouco de decepção, mas é algo normal nas séries, Spartacus, por exemplo, é a minha série preferida de todos os tempos. Já assisti três vezes a todas as temporadas, e apenas fiquei mais admirador de onde toda aquele conflito nos leva, mas é inegável que os três primeiros episódios da primeira temporada dela (Sangue e Areia) seja um arremedo de 300 e Gladiador que quase me fez desistir. É a partir do 4º Episódio, que tudo ganha seu tom certo, que seguiria em fraca evolução até o ápice final contra Marcos Crassus.

#04 ao #09 – Excelente



Aqui a evolução acontece, o arco de Castle, a verdadeira jóia dessa segunda temporada, ganha contornos surpreendentes, fazendo com que o telespectador queira ir até o final. No começo, não havia gostado muito do personagem por sua “descaracterização” ao sair atirando estilo “Exterminador do Futuro” no meio de civis, ao contrário de seu método frio e calculista de se trabalhar nos quadrinhos. Mas logo o roteiro não se só justifica, como referência, questiona de maneira inteligente, e faz toda uma lenta construção daquele que viria a se tornar o Justiceiro, de forma tão brilhante quanto havia feito com Matt Murdock e Wilson Fisk na temporada anterior. Nisso deve se embasar uma série, seria muito fácil pegar personagens conhecidos e os colocarem em histórias cheias de ação sem muito desenvolvimento, e aqui temos o contrário, há toda a ação, mas também existe um raciocínio lógico definindo os dilemas que cada um enfrentou para se tornar “o ícone” reconhecido. A trinca ideológica – totalmente contrária uma com a outra – formada por Murdock / Castle / Fisk supera em qualidade com folga uma das minhas preferidas, pertencentes ao “fenômeno” Breaking Bad”, cujos integrantes eram Walter White / Jesse Pinkman e Gus Fring. Mas não quero cometer a injustiça de tratar o Demolidor como “coadjuvante” de sua própria série. O lado lutador e solitário de Matt ganha um reforço ainda maior nessa temporada, visto que não só inimigos tentam derrubá-lo fisicamente, como seus próprios amigos o desestimulam de sua missão, ou mesmo quando seu “maior amor”, chamada Elecktra surge sempre fazendo joguinhos a fim de quebrar suas fortes convicções. Pior do que seus inimigos, é muitas vezes ele não ter um único referencial para se embasar de que faz a coisa certa. Não a toa ele é “o homem sem medo.”

#10 ao #13 – Decepcionante.



O fim do episódio #09 deixa mais expectativas que todos os outros episódios, logo é esperado que tudo rumará para um desfecho ainda melhor que a temporada anterior, o que não acontece. Em dez minutos é resolvido um conflito que tinha sido prometido por horas, para efeito de comparação, Gotham, em sua primeira temporada errou da mesma forma, a diferença é que foi seu último episódio inteiro um lixo radioativo, enquanto a série do Demolidor deixou a desejar mesmo em relação ao “confronto supremo contra o “Tentáculo” - Na série, chamado de “Mão”--, quanto ao desenvolvimento de personagens, leia-se “o fechamento de seus arcos”, algumas coisas ganharam um tom previsível, como a aparição de ajuda do Justiceiro, ou mesmo a “revelação” que Matt fará nos últimos minutos de projeção do episódio #13. Não chega a ser ruim, mas chega a ser desconfortante quando comparado com a temporada anterior. No “frigir dos ovos”, Demolidor ainda continua para mim a melhor série a adaptar um quadrinho feita até hoje. É notável os esforços ao se fazerem ela de forma que não ofenda a inteligência do “público civil” que a acompanha, bem como o respeito – quase nunca dado em produções de séries ou filmes – a quem acompanhe o personagem nos quadrinhos há alguns anos, tendo um bom entendimento dele. São trinta em poucos anos de fase do “Homem sem Medo”, vindo de Miller, Bendis e encostando em Waid. Do Justiceiro eu digo parecido, desde da época em que suas histórias eram mais “aventuras” (muita coisa disso, publicada no extinto formatinho “Super-Aventuras Marvel” aqui no Brasil), até quando Garth Ennis pegou o personagem e o esculpiu até seu suposto molde definitivo pelo selo Max.




Uma ressalva, que não fuja muito do tema, é quando a Panini vai publicar os encadernados do Justiceiro Max, particularmente, eu os compraria até como “edições definitivas” por R$ 150,00 como fizeram com Sandman. Ou mesmo acelerar e concluir a publicação do Justiceiro Max do Jason Aaron com o Steve Dillon, um material do mesmo nível de qualidade do de Ennis, que teve 22 edições, só que até agora apenas 10 publicadas em dois encadernados, que foram lançados ANUALMENTE pela Panini.

Nota: 8.4


Análise e opinião do Roger:

A série tem vários arcos pequenos ao longo da temporada, mas, no geral, de forma bem resumida, vemos Matt Murdock acirrando sua guerra contra o crime em Hell’s Kitchen, ao mesmo tempo em que sua vida pessoal e profissional como advogado é cada vez mais afetada. Essa situação se agrava com a aparição de Frank Castle deixando um rastro de corpos pelo caminho. E para piorar ainda mais, Matt tem de lidar com retorno de Elektra, cujo envolvimento no passado foi bem conturbado.

Dito isso, quero dizer que gostei muito da série. Acho que o formato de treze episódios é bem aproveitado para o desenvolvimento dos personagens e até a evolução de alguns, no caso de Foggy e Karen. O tempo de tela entre os personagens principais – Demolidor, Foggy, Karen, Justiceiro e Elekra – foi bem distribuído, a ponto de eu achar que o Demolidor, em alguns momentos ficou meio esquecido no desenrolar de alguns pontos da trama.

O Justiceiro foi muito bem retratado. Apesar dos trejeitos do Jon Bernthal (que ele já tinha em Walking Dead), sua interpretação ficou muito boa. A sequência dentro da prisão mostrou que realmente é o Justiceiro do universo Marvel. Aliás, à medida que assistia a série, conseguia visualizar o Justiceiro apresentado na minissérie Círculo de Sangue (leia a resenha aqui). No caso de Elektra, eu só a conheço mesmo durante sua fase em Demolidor de Frank Miller. Ela teve alguns títulos solo, mas não cheguei a ler. Digo isso, porque estranhei um pouco a forma como ela foi retratada. Não acho que foi assim que Miller a idealizou (embora há alguns indícios na minissérie Homem Sem Medo), porém, a versão apresentada na série pode ter sido baseada numa soma de versões de suas revistas solo posteriores, mas como eu não li, não saberia dizer. De qualquer forma, eu achei que foi uma personagem que também evoluiu durante a série e sua personalidade foi até “explicada” no final. Vincent D’Onofrio foi uma grata surpresa dupla. Primeiro, porque eu nem esperava sua participação. E segundo, sua participação foi arrasadora em todos os sentidos. Percebi fortes indícios de um futuro “Queda de Murdock” num futuro próximo.


Continuo achando que a morte de Ben Urich na primeira temporada foi precipitada. Tanto é que a Karen passou a ser a “repórter investigadora” no lugar dele. Foi uma evolução interessante para a personagem, embora não tenha nada a ver com os quadrinhos. Foggy também foi muito bem trabalhado, apesar de que eu também não esperava a “separação” entre ele e Matt. Acredito que, assim como acontece nas HQs, na série também será uma situação temporária. Stick teve uma participação maior e até mesmo decisiva, esclarecendo algumas pontas deixadas na primeira temporada. Até o Tucão apareceu um pouco mais dessa vez, se comparado com a primeira temporada. Dessa vez, ele fez duas aparições! Também achei bacana ver a Josie, a citação do Bloco D onde Fisk está preso (me lembro que quando Murdock foi preso ele ficou nesse bloco junto com Fisk na fase Bendis/Brubaker), teve até um pôster na parede da oficina do Melvin Potter que remete a capa da revista Demolidor #226, mostrando o Gladiador. Interessante que a edição #226 é logo antes de começar a Queda de Murdock que começa na edição #227. Coincidência? Na verdade, eu senti falta mesmo foi do próprio Demolidor/Matt Murdock durante a série. Como eu disse, os personagens de apoio foram tão bem trabalhados, que o protagonista ficou meio que misturado ali no meio.

No geral, gostei bastante. Bom drama, ótimas cenas de ação, humor na dose certa, Justiceiro e Elektra com os “uniformes”, o Tentáculo como o vilão da história e uma certeza – a contribuição de Frank Miller para a mitologia do Demolidor foi tão grande que duas temporadas de série de TV ainda não foram suficientes para mostrar tudo. Espero a introdução do Mercenário e algo baseado em Queda de Murdock para o futuro.



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