Tubarão 2 (Jaws 2)
de Jeannot Szwarc. Com Roy Scheider, Lorraine Gary, Murray Hamilton.
Na platéia, um pouco
de inquietação. Os que viram o trailer, cochicham aos amigos, contando as
peripécias que possivelmente vão ver. Os amigos, talvez, não viram. Mais uma
vez temos um produto das vorazes usinas de Hollywood. A oportunidade de
aproveitar um lucro de US$ 200 milhões de dólares de seu homônimo “Tubarão”,
fez crer que “um é pouco e dois é bom”. Todavia, observando as expressões
frustradas dos espectadores, à saída do cinema, leva mesmo a conclusão que três
já passa de uma idiotice das grandes. Não se pode, realmente, cativar um
público com a promessa de emoções baratas. O resultado é que todos saem
chamando o tubarão de tubarinho: isso
pode ser um depreciativo, como pode também ser um apelido carinhoso. Durante a
exibição, algumas piadas nervosas, que mais evidenciam um total desencanto.
Assim se sentem os
espectadores durante a após a sessão, onde foi visto um filme cuja má intenção
e inocuidade deve ter saltado aos olhos dos mais fieis cultores das profundidades
hollywoodianas. Enquanto o primeiro Tubarão
ficou cargo do criativo enfant terrible
Steven Spielberg (brilhante em Close encounters of the third kind / Contatos
Imediatos do Terceiro Grau), o segundo, uma versão pálida e confusa, passou às
mãos de um impessoal artesão, egresso da TV, Jeannot Szwarc. O bicho, que é o
primeiro remodelado, foi ressucitado por Robert Mattey, mesmo inventor do
anterior, a tal ponto que foi forçado a mudar-lhe o sexo: o tubarão é fêmea,
não enxerga nada (por isso a coitada engole até helicópteros) e, pasmem! Está
grávida. O resultado é uma agressiva piranha, inspiradora de compaixão e pena,
eu gostaria de perguntar ao veterano Murray Hamilton como ele se sentiu ao interpretando
um papel nessa catastrófica salada. Quem nasceu para ser Szwarc, jamais chegará
a Spielberg. Não se salvam nem as insinuações sub-reptícias por debaixo da
história, se é que as há, fazendo com que o filme não chegue nem ao gênero “terrorífico”,
aproveitando os habitantes de uma fauna catastrófica, em que topamos com
abelhas gigantes, ratos monstruosos, aranhas gigantes e formigas cavalares.
Resta saber até onde
vai a megalomania do desejo de David Brown e Richard Zanuck, os produtores, que
seguem ao pé da letra os princípios de Lavoisier, mas com uma visível
adaptação: Em Hollywood, nada se perde, nada se cria: tudo se transforma na
razão direta das revelações que podem trazer o mercado. Esse tubarão não passa
de uma desmilinguida façanha de parte de uma equipe medíocre. Eu mesmo prefiro
um banho de mar aos Domingos.
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