Retrospectiva das melhores histórias do Superman – Era Waid/Johns

 

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Retrospectiva melhores histórias do Superman (Era Pós-Crise) - https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2025/07/retrospectiva-das-melhores-historias-do.html

Como é comum em histórias em quadrinhos das duas grandes editoras (DC e Marvel), nenhuma mudança é permanente. Cedo ou tarde, vem sempre um roteirista que restaura o status de volta ao seu ponto mais conhecido pela maioria dos fãs, ou pelo menos de quando ele lia as hqs do personagem.

Essa descrição é a que melhor resume as histórias do Superman da metade dos anos 2000 a 2010, onde DC Comics começou a resgatar vários elementos da mitologia do Homem de aço que tinham sido ignorado desde o reboot Crise das Infinitas Terras, como a infância do Clark como Superboy, sua relação com a Legião dos Super Heróis, Krypto o supercão, etc...



A opinião quanto a essas mudanças são um mix. Alguns aceitaram esse retorno enquanto outros viram elas como algo desnecessário, que contrariou os aspectos modernos que a era pós-crise estabeleceu.

No meu caso, embora não julgue essa fase (que vou me refirir como Era Waid/Johns) sendo minha favorita, continua sendo muito boa, com histórias conseguindo resgatar vários elementos do Superman da Pré-crise adapta-los para os tempos modernos.

Sem falar que foi nessa era que surgiram várias das história icônicas do Superman para vários fãs. Dessas histórias, as que irei falar nessa parte retrospectiva são:

Legado das Estrelas (Superman Birthright 1 a 9)



Aqui temos mais uma versão da origem do Superman e, na minha opinião essa é a melhor de todas.

Escrita pelo grande roteirista Mark Waid, com os desenho de Lenil Francis Yu, “Legado das Estrelas”, conta a história conhecida de Kal-El, o último sobrevivente do planeta Krypton, que, ao chegar na Terra quando bebê, é adotado por Jonathan e Martha Kent e rebatizado como Clark Kent.



Atingido a maturidade, Clark se torna um repórter, viajando pelo mundo cobrindo assuntos, ao mesmo tempo em que ajuda pessoas em segredo, com seus poderes. Ele não sabe a origem deles ou de onde ele é, tendo como única pista um tablet com imagens de Krypton.



Após ajudar um grupo de revolucionários na Africa, Clark retorna para Smallville e revela para seus pais sua ideia de passar a ajudar as pessoas. Então Clark se muda para Metrópolis, onde passa a trabalhar como repórter do Planeta Diário.

Durante um incidente com helicópteros militares, Clark, usando uma roupa que sua mãe fez, salva as pessoas, se tornando o novo herói da cidade, Superman.





Porém, sua chegada acaba atraindo a atenção de Lex Luthor, antigo colega de Clark de Smallville, que, reconhecendo o símbolo do herói, começa uma campanha contra ele, acusando Superman de ser um invasor alienígena.



Como dá pra notar, essa história foi feita num mundo pós-11 de setembro, abordando temáticas sobre paranoia e medo do desconhecido, todos fatores que Luthor usa para executar seu plano. Porém, diferente de outras histórias que seguiram padrão parecido (ex: Supremos da Marvel ou Homem de Aço do Zack Snyder), Legado das Estrelas não altera o Superman para encaixa-lo nesse mundo de moral mais questionável, e sim tem o herói sendo um contraste, se opondo a essas táticas de medo e buscando criar relação melhor com os humanos.



No entanto a melhor coisa que Waid faz nessa história foi reestabelecer a relação do Clark Kent com Lex Luthor. Ao invés de ser um fã do Superboy, Luthor é mostrado sendo colega de Clark e um jovem que era rejeitado pelas pessoas devido a sua obsessão por ciência e alienígenas. Embora Clark tenha tentado ser um amigo pra Lex, infelizmente um mal-entendido fez com que Luthor cortasse suas relações e Smallville, se tornando o vilão corrupto que os fãs conhecem.



Ter Luthor sendo ligado ao Clark Kent do que o Superman foi uma boa mudança, que torna a relação dos dois ainda mais pessoal, com Lex sendo uma das maiores falhas para o Superman, criando um arco dele tendo que aceitar que o jovem que ele via como um amigo é agora um criminoso que ele deve impedir.

Superman & a Legião dos Super Heróis (Action Comics 858 a 863)



Se tem um nome que ficou marcado com Superman desse período, foi Geoff Johns. Além de ter escrito vários trabalhos marcantes na DC Comics durante essa década (os mais memoráveis sendo sua fase no Lanterna Verde e Sociedade da Justiça), Johns foi o autor das histórias do Superman em Action Comics, restaurando vários conceitos da Era de Prata em seus arcos.

Um deles foi a Legião dos Super Heróis, o grupo de heróis do Século XXX (ou XXXI em versões modernas), que conheceram o Clark durante sua adolescência, tornando-o um legionário honorário.




Embora essa versão do grupo tenha feito seu retorno no arco Origem Secretas, seu destaque viria nesse arco, apropriadamente intitulado “Superman & a Legião dos Super Heróis”. A trama envolve Brainiac 5 enviando uma mensagem de ajuda para o Superman, avisando que a Legião está com problemas.

Atendendo ao chamado, Clark viaja ao futuro e descobrir que seus amigos da Legião viraram fugitivos e estão sendo caçados pela Liga da Justiça da Terra, um grupo de rejeitados que viraram o público contra a Legião e alienígenas, fazendo todos pensarem que o Superman era um humano.

Sem ter seus poderes (devido aos vilões terem alterado o sol da Terra para vermelho) Superman teria que se reencontrar com os legionários e desmascarar esses farsantes preconceituosos.





Além de uma excelente reintrodução da Legião e seu lado sci-fy do universo DC, esse arco é uma boa exploração do Superman como um alien vivendo entre humanos por diferentes ângulos.

Numa perspectiva política, ele apresenta a forma como o Superman inspira as relações humanidade com outros e como figuras como a LJT tentam distorcer esses fatos para promover sua agenda anti-alienigenas, uma óbvia alegoria as políticas contra imigrações (algo que tem se tornado bem relevante no mundo nos últimos meses).



Mas, ao mesmo tempo, história explora isso sob um ângulo mais pessoal, mostrando como a Legião teve uma importância na vida do herói que as inspirou, ajudando o jovem Clark a não se sentir sozinho e fazendo ele desenvolver auto-confiança para se tornar o herói que ele virou no presente.



Alguns podem argumenta que a Legião é bem hipócrita, por aceitarem pessoas como Clark ao mesmo tempo aplicarem a mesma rejeição em figuras como a Liga da Justiça da Terra, porém o roteiro estabelece que muitos dos integrantes da Liga já eram pessoas desagradáveis e a rejeição da Legião apenas deu a eles algo para refletir suas frustrações (um comportamento muito comum em xenófobos e racistas).

Fuga do Mundo Bizarro (Action Comics nº 855 a 857)



Confira link da review completa: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2024/02/fuga-do-mundo-bizarro-uma-historia-do.html

 

Superman Brainiac (Action Comics 866 a 870)



Um personagem que sofreu muito na Era Pós-Crise foi o Brainiac. A própria DC parecia não saber o que fazer com ele, usando muitas ideias bizarras na hora de reinventar o personagem, como torna-lo um artista de circo que é possuído por um alien.



Por sorte Geoff Johns veio ao seu resgate, com um arco de cinco partes, que contou uma versão moderna do primeiro encontro do Superman e Brainiac. Nessa nova abordagem, Kal intercepta um robô do invasor e descobre que todos os Brainiacs que ele enfrentou na época eram apenas cópias do original, que agora está vindo a Terra para roubar as cidades do planeta, assim como fez com Kandor, uma cidade de Krypton e lar da Supergirl.



Sabendo do perigo, Superman vai ao espaço tentar interceptar o avanço da nave de Brainiac, porém ele acaba sendo capturado, tendo que enfrentar o colecionador de mundos, enquanto Supergirl e seus amigos tentam proteger Metrópolis da invasão.



Como um filme de invasão alienígena, esse arco é épico, com cenas de ação bem ilustradas pela arte do Gary Frank, que demonstram como Brainiac é o inimigo que eleva o nível das lutas do Superman.



Mas, por trás de toda ação, tem momentos que humanizam os personagens, como Superman ajudando sua prima a confrontar seu trauma causado pelo vilão e também as interações do Clark com o Jonathan Kent.

 






O último filho de Krypton (Action Comics 844 a 846, 851 e Annual #11)



Richard Donner é um nome que dispensa apresentações. Até mesmo quem não é fã do Superman conhece o responsável por dirigir o Superman 78, um dos filmes icônicos da cultura pop e o pioneiro dos filmes de super heróis que conhecemos. Mas vocês sabiam que ele também foi conhecido de Geoff Johns?

Antes de entrar na área das hqs, Johns trabalhou como assistente de produção para o diretor, considerando-o um mentor.



Anos depois, Donner e Johns voltariam a trabalhar juntos de novo em “O último filho de Krypton”, um belo arco onde Superman tem que lidar com um grande desafio: Paternidade.

Depois de interceptar um estranho módulo, Superman encontra um garoto kriptoniano, tendo poderes similares aos dele. Para evitar que o garoto sofra experiências nas mãos do governo, Clark assume a responsabilidade de cuidar dele, batizando o garoto de Christopher Kent.



Infelizmente existia um segredo sombrio por trás da chegada de Chris: Ele era filho de Zod que, ao lado de seus seguidores, escaparia da Zona Fantasma e começa uma invasão para dominar a Terra e se vingar do Superman.

Com Chris e seus amigos capturados, Superman é deixado sem opção exceto se aliar a única pessoa com conhecimento para enfrentar kriptonianos: Lex Luthor.



A primeira vista, esse arco parece ser apenas um tributo aos filmes do Donner, com várias referências e fan-services, incluindo o visual cristalizado da Fortaleza da Solidão, Zod, Ursa e Non como vilões principais e, o mais obvio de todos, o filho de Zod ser batizado de Christopher Kent, em homenagem ao icônico Christopher Reeves.






Mas, em seu núcleo, a história explora o Superman da continuidade tendo que ser um pai para o filho, assumindo na vida dele o mesmo papel que os Kent tiveram em sua infância. As cenas do Clark e da Lois interagindo com Chris são muito tocantes e demonstram o potencial que o herói tinha como um homem de família (algo que a DC iria abordar anos depois).



Para o alto e avante (Action Comics 837 a 840 e Superman 650 a 653)



No ano de 2005 a 2006, a DC lançou a Crise Infinita, uma saga envolvendo um confronto dos heróis da DC com sobreviventes da Crise das Infinitas Terras como Alexander Luthor jr (filho do Lex Luthor da Terra 3) e o Superboy Primordial (uma versão jovem do Superman que ficou insano). Para derrotar sua contraparte instável, Superman fez um grande sacrifico, mergulhando com o Superboy Primordial num sol vermelho, deixando os dois enfraquecidos. 




Embora os heróis tenham vencido no final, Clark Kent não recuperou seus poderes, deixando no ar a seguinte questão: O que será do mundo sem o Superman?

Nesse arco escrito por Geoff Johns, em parceria com Kurt Busiek, é mostrado Metropólis um ano após esse evento, com Clark vivendo uma vida normal com a Lois, enquanto tenta ajudar pessoas como um repórter.



Infelizmente perigos mais maiores se aproximam no horizonte. Depois de cumprir pena, Lex Luthor é finalmente livre da cadeia e tendo que lidar com o fato de ter sido exposto como um criminoso. Incapaz de lidar com a rejeição do público, Luthor começa um novo plano para se vingar de Metrópolis.




Esse cenário culmina num clímax épico, com Superman recuperando seus poderes e travando seu duelo contra seu grande rival.



O que poderia ser visto como uma restauração de status quo se torna uma história emocionante que explora o paralelo entre Clark e Luthor, com ambos homens começando em pontos distintos mas similares: Clark sem seus poderes e Luthor sem sua fama. Ambos recebem chance de reconstruir suas vidas.

A diferença é que Clark, mesmo em sua situação, escolhe continuar se arriscando pelas pessoas, mesmo a custo de sua chance de ter uma vida normal, enquanto Luthor rejeita essa oportunidade por causa de sua arrogância e ódio incontrolável.

O arco também explora a relação do Clark com a Lois, com as interações dos dois demonstrando porque eles funcionam tão bem como um casal.



 

Identidade Secreta (Superman:Secret identity 1 a 4)



Confira link da review completa: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2021/06/identidade-secreta-o-lado-humano-do.html

Grandes Astros Superman (All Star Superman 1 a 12)



Um dos maiores autores a trabalhar nas hqs do Superman foi o visionário Grant Morrison. Embora muitos de seus trabalhos serão vistos nas partes seguintes da retrospectiva, “Grandes Astros Superman” continua sendo pra muitos sua obra-prima.

Essa minissérie de 12 edições é explorada uma ideia não tão original: O que aconteceria se o Superman morresse?

Isso é explorado na trama quando Superman acaba se aproximando demais do sol e sobrecarrega suas células, que agora começam, aos poucos, a se deteriorar. Sabendo que está com seus dias contados, Clark passa seus dias restantes ajudando pessoas o máximo que pode antes de chegar sua hora.



O que resulta disso é uma bela carta de amor a mitologia do Superman com referências as milhares histórias que o personagem teve ao longo dos anos, principalmente a Era de Ouro e Prata.










Mas Grandes Astros não é só fan-service. Em sua essência é história bem pessoal e profunda sobre perda, legado, esperança, mortalidade e, mais importante, o que significa ser um super-homem.







Em seu roteiro, Morrison dá aos fãs uma das versões mais overpower do Superman, sendo mais poderoso que sua versão da Era de Prata. No entanto mesmo com tanto poder, Superman é colocado diante desafios que ele não consegue resolver facilmente, tendo que recorrer não ao seu poder, mas sim sua força de vontade, sua inteligência, coragem e mais importante, seu bom coração.



E esse destaque não é dado só para o Superman. Todo seu elenco de apoio recebe momentos para se destacar, desde Lois tendo a chance de ter poderes e ver o mundo pela, perspectiva de seu amado ou Jimmy Olsen se transformando num Apocalypse para salvar o Superman, ou até mesmo o Lex Luthor dando uma entrevista para o Clark Kent e expondo um lado mais complexo. Eles todos demonstram como foram afetados pelo Superman, ao mesmo tempo em que eles tiveram uma influência sobre o herói.





Tem muitas hqs dessa época que eu recomendaria, mas se tivesse que escolher apenas, com certeza seria Grandes Astros Superman. É uma leitura super recomendada para qualquer um que queria entender o que torna o Superman um personagem tão memorável.



Então é isso! Quais são suas histórias favoritas do Superman da Era Waid/Johns? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.