Ontem,
que já era hoje, por volta das três da matina, o sono cansou-se de mim e
lá estavam todos eles na telinha : os pastores evangélicos, os
padres-cantores carismáticos, os vendedores de inutilidades domésticas,
de semijoias, de sêmen bovino e, a corroborar a minha afirmação inicial,
uma psicopedagoga, uma orientadora educacional. E feminista das brabas.
Antes um poltergeist emergir da tela que esse povo.
A
tal falava do simbolismo por detrás de brinquedos comumente dados a
crianças e pré-adolescentes, das mensagens subliminares e sub-reptícias
fundidas junto às suas plásticas anatomias, do uso desses brinquedos
como instrumentos de reforço e perpetuação de estereótipos machistas e
opressores.
No
caso dos meninos, segundo a suvaco cabeludo, presenteá-los com os
chamados "bonecos de ação" é pecado lesa-humanidade, a ser julgado e
condenado pela Corte de Haia. E usou como exemplo o icônico e
sacrossanto boneco Falcon. De acordo com a desocupada, que não deve ter
cueca suja de marido pra lavar, o Falcon faz apologia da truculência do
macho alfa, do poderio bélico das potências militares, deixa
subentendido que tudo pode e deve ser resolvido pela força, é um
estandarte da supremacia branca e heterossexual.
No
caso das meninas, a das tetas caídas, se pudesse, decretaria pena de
morte aos pais que presenteassem suas filhas com uma boneca Barbie. A
também emblemática boneca representa e glorifica a submissão da mulher a
modelos sociais estabelecidos pelos machos opressores e a sua
consequente objetificação. Alta, magra, loira, escrava de padrões
inatingíveis de beleza (para uma feminista, então, inimagináveis) e,
sobretudo, bela, recatada e do lar. A Barbie, segundo a psicopicareta, é
a mulher-eletrodoméstico que todo macho chauvinista sonha em ter.
A
tal falava alto, gesticulava amplamente, vociferava, sua boca
metralhava rajadas de perdigotos pelo ar. Dava para ver fogueiras
inquisidoras em seus olhos, onde queimavam e derretiam Falcons e
Barbies.
Vamos
lá que seja. Vamos dar um crédito à orientadora educacional, afinal,
ela estudou para isso, não foi, se formou na "ciência" da
psicopedagogia, não é? Vamos lá que acatemos as suas recomendações :
nada de Falcon para os meninos; nada de Barbie para as meninas.
Mas,
então, o capetinha sempre pousado no meu ombro esquerdo (nasci sem o
anjinho no ombro direito) e o parasita cerebral com que nasci, um oxiúro
neural que, ao invés de dar-me prurido às pregas, dá-me incoçáveis
comichões no encéfalo, acordaram : e se um menino chegar para o pai e
pedir uma Barbie?
E se um menino chegar para o pai e pedir uma Barbie?
Ah,
meus caros... Aí eu tenho certeza de que a psicofeminazi se abriria em
largos sorrisos, se desarmaria, baixaria a sua guarda. Tenho certeza de
que, nesse caso, ela recomendaria, veementemente, que o pai desse a
Barbie ao seu rebento quase macho.
Pois
caso o genitor recusasse o pedido do periclitante filho, estaria
reprimindo a sexualidade do indeciso petiz, não estaria permitindo que o
menino exercesse a sua identidade de gênero, o legítimo e inato direito
sobre o seu próprio corpo. Que o pai estaria agindo como um Falcon se
não desse a Barbie para o menino.
Dê a Barbie para o menino, ela ordenaria. Via receita médica, se necessário. Por decreto-lei. Por Ato Institucional!
Pããããããããããta que o pariu!!!!!
Bons
tempos em que o menino ganhava o Falcon, a menina ganhava a Barbie (ou a
Susie, a depender da época) e, quando não havia ninguém por perto, o
moleque ia lá, pegava a Barbie da irmã (ou da prima) e a colocava pra
meter com o Falcon.
Bons tempos, bons tempos...
Isso
sim é que é ensinar valores morais e cívicos pra molecada! Isso sim é
que é educar para a vida! Pãããããta que o pariu se é!!!!
0 Comentários