Há um conjunto de regras de ouro do xadrez que todo jogador deveria saber. Essas regras não têm nada a ver com a maneira como as peças se movem ou onde você deve posicionar a sua Torre no final. Cada uma dessas regras de ouro enfatiza um aspecto muito importante do jogo que é geralmente negligenciado. Ao implementar essas regras em seu jogo, você começará a ver o xadrez sob uma perspectiva diferente e começará a obter resultados bem melhores. Vamos começar!
1. Se você não estiver atacando, você está defendendo. Se não estiver defendendo você está em xeque-mate.
Esta é uma regra muito básica. Enquanto muitos enxadristas sabem bem disso, outros ignoram completamente. Realmente é importante praticar um jogo de ataque. Já que o objetivo principal do jogo é dar mate no adversário, é muito mais fácil alcançar essa meta se você estiver se movimentando próximo ao Rei dele. O lado que dá mate primeiro vence, pouco importando se o outro lado havia preparado o mate um lance antes.
E essa é só a metade da história. A segunda metade, provavelmente a parte mais importante da regra de ouro, afirma que se você não estiver atacando, você tem que se defender. De um modo geral, é bem mais difícil começar um ataque se você estiver sob ataque. É por isso que se estiver sendo atacado, você terá que lidar com as ameaças imediatas, posicionando seus recursos de forma que as ameaças sejam neutralizadas ou, pelo menos, minimizadas. Enquanto seu oponente estiver com a iniciativa será muito difícil encontrar peças para começar um ataque bem sucedido. Assim, você precisa continuar a se defender da melhor maneira possível e esperar por uma chance de ganhar a iniciativa e começar a atacar.
Atenção: sua posição poderá ficar de mal a pior se você partir para o ataque sem estar preparado para isso. Há algumas exceções a essa regra, mas, geralmente, se você estiver sob ataque e não estiver se defendendo, você logo estará em xeque-mate.
2. Se não tiver mais nenhuma peça restante, lembre-se: o Rei também é uma peça.
Muitos enxadristas ignoram o poder do Rei. Se o Rei é um fardo na abertura e no meio-jogo e precisa de proteção constante, no final ele se transforma em um monstro do ataque. Se não houver Damas e Torres presentes no tabuleiro, o Rei começa a dominar a posição.
O seu trabalho, como um bom jogador de xadrez, é se certificar que o seu Rei esteja no comando da posição desde o momento em que se entra na reta final do jogo. Se você não desenvolver o Rei cedo o bastante, terá grandes chances de ver o Rei oponente ocupando o espaço e afastando o seu Rei dos Peões passados inimigos.
Isso não é um bom sinal, e é algo que todo enxadrista quer evitar.
3. Não tenha pena dos seus oponentes, eles não terão dó de você.
Xadrez é um esporte de competição. Para vencer você precisa fazer o seu melhor e jogar os melhores lances que puder. Quantas vezes ouvimos de um jogador que ele “não fez aquele lance objetivamente mais agressivo porque sentiu pena do adversário e quis dar a ele a chance de lutar”?
Depois de dar aquela “chance de lutar”, o jogador relaxa e pensa que já ganhou o jogo assim uma vez e que então pode fazer de novo. E é exatamente aí que mora o perigo.
Temos a tendência de subestimar as possibilidades das peças do nosso oponente, enquanto superestimamos as nossas em certas posições. Nossa posição fica pior a cada movimento e subitamente perdemos uma peça e alguns Peões.
Então começamos a nos perguntar: “por que eu não fiz aquele lance? Eu já teria encerrado essa partida!” Decidimos ser bonzinhos com o adversário, e isso não é uma coisa boa a se fazer no xadrez. Se perdermos, a lição aprendida será essa: no xadrez, o lance objetivamente mais forte deve ser feito, independentemente do nosso estado emocional.
4. Se enxergar uma boa combinação, siga por ela.
Já é suficientemente difícil achar uma boa combinação no tabuleiro. Surpreendentemente, muitos enxadristas, mesmo depois de terem encontrado a combinação vitoriosa, ficam com medo de colocá-la em prática. Eu particularmente me lembro de um jogador que encontrou uma tática vencedora em uma de suas últimas partidas que envolvia um sacrifício de Torre. Depois que o jogo terminou empatado, ele ficou muito chateado por não ter continuado como ele tinha imaginado porque “queria jogar com segurança”, mesmo tendo calculado três vezes a linha vitoriosa.
Por que ele fez isso? Ele não estava psicologicamente confiante em sua própria capacidade de cálculo e isso fez com que ele não ganhasse o jogo. Ele se explicou, dizendo: “se eu estivesse errado eu certamente perderia o jogo”. No xadrez, como na vida, você precisa tomar decisões e encarar as consequências. Se você calculou a combinação e viu claramente a vitória, precisa confiar o suficiente para sacrificar uma peça. Pare de se perguntar “e se?”. Se vir um bom lance, faça-o!
5. Se estiver perdendo, comece a correr riscos calculados.
Se tivermos uma posição perdedora, a regra anterior é ainda mais relevante do que quando a partida tem posições equilibradas. Se você estiver perdendo, então não tem nada a perder. Se continuar fazendo o que está fazendo, você não vai conseguir nenhuma mudança drástica e perderá o jogo. Sei que você não quer isso e é por isso que a última coisa que deve fazer é jogar com segurança. Afinal, quem quer perder o jogo com segurança?
Para dar a si mesmo uma chance de luta, você precisa complicar sua posição. Seu oponente já sente que está ganhando. Ele está animado porque o jogo está prestes a acabar e logo verá o desejado “1-0” próximo ao nome dele. É por isso que complicar a posição, mesmo que usando um sacrifício questionável, é a melhor ideia. Isso será como dar um choque psicológico no seu oponente. Um lance antes ele achava que a posição estivesse sob seu total controle, agora tudo parece diferente. Ele ainda pode ganhar, mas dessa maneira, você terá muito mais chances de conseguir o empate que tanto deseja!
6. Todo mundo tem medo de perder.
Vou repetir: todo mundo tem medo de perder. Até mesmo aqueles jogadores que dizem não ter medo de perder e que parecem não se importar com o resultado do jogo. Acredite, eles têm!
Na verdade, os jogadores com ratings mais altos têm ainda mais medo de perder do que os que têm o rating baixinho. A reputação deles está em jogo. O xadrez costuma significar mais para o jogador que tem mais de 2200 de Elo que para um que tem 1300. Eles se lembram de todos aqueles anos de treinamento e sentem que não devem sofrer uma derrota hoje.
Objetivamente falando, perder não é algo terrível. É simplesmente um sinal de que você está fazendo algo errado. E isso tem muito a ver (eu diria pelo menos 95%) com o seu método de treinamento ou com a falta dele. É por isso que você deve investir em um plano de treinamento. Encontre um professor ou um colega ou um lugar, virtual ou real, e treine, treine sempre que puder. Siga um plano, um método, um objetivo... isso fará de você um jogador muito melhor.
Escrito por Yury Markushin
Traduzido do inglês por: Vanessa Rodrigues
vanessarodrigues959@gmail.com
Texto original: thechessworld.com
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