INJUSTICE ANO 4, EDIÇÃO #13

Ninguém nos comentários para dizer que Shazam quebrando ossos do Hércules é "visionário, sombrio e elegante?!"

Roteiro: Brian Buccellato
Desenhos: Bruno Redondo
Capa: Jae Lee
Tradução: Vicky – ARTE HQS

Roteirismo. Tentei pesquisar mais sobre essa palavra tão citada em discussões, principalmente em relação ao Batman. O que seria afinal esse “mal” tão mencionado muitas vezes em tom de chacota? Eu arriscaria definir como uma manobra no roteiro, um tanto quanto conveniente, para solucionar um problema que o autor criou e não sabe resolver. Daí seguem discussões se um roteiro está fugindo da essência do personagem, subjugando ou o endeusando. Esse questionamento é apenas para chegar ao personagem chave dessa edição: Shazam, outrora Capitão-Marvel, uma criança que fala uma palavra mágica e é virtualmente mais poderoso que o Super-Homem, como atestaria uma obra como Reino do Amanhã, por exemplo.
Mas quem foi Shazam dentro de Injustice se não quase um figurante? Em parte pela ética de Billy, o alter ego do semideus, em não querer ser autoritário ou um deus, preso ainda a lógica de prender o super-vilão enquanto prevalece o “mais uma vez o dia foi salvo”. Nas mãos do antigo roteirista de Injustice, Shazam teve momentos sabiamente divididos entre seu poder descomunal e sua análise humana, porém no decorrer dos fatos, o personagem se perdeu no que fazia, estava ali mais para preencher uma tabela, até mesmo da Arlequina monte nessa Harley ele apanhou, isso sem falar de ter sido assediado sexualmente por ela tempos depois. Não contava Shazam, com uma força súbita de Buccellato chamado roteirismo, que de uma hora para outra, reapresenta Shazam com o real poder que tem, poder capaz de colocar o próprio Hércules de joelhos, isso após Hércules ter espancado Super-Homem e Mulher-Maravilha ao mesmo tempo, cabe ao leitor se deixar empolgar pelas sequências de fliperama dada pelo herói ou tropeçar em algumas crateras que existem nos roteiros, chegando até aqui, acho que vamos ficar com a primeira opção.
É engraçado ver o quanto o Batman de fato não entra em um combate físico, servindo apenas de estátua de um cenário de luta de semideuses. É algo como “vou colocar o Batman aqui apenas para não dizerem que eu não coloquei”, estaria a supervalorização do morcego fazendo ele ficar onde não mais o cabe no enredo? Seria exagero ou realismo dizer que a contribuição do Batman nesse ano poderia ter sido dada por qualquer um, principalmente Lex Luthor, personagem que carecia de maiores desenvolvimentos no enredo desde primeiro ano? E quando citada a “supervalorização”, não falo como algum fã indignado da Marvel, falo como um próprio grande fã do personagem, mas que admite que por mais que um personagem seja bom, colocar ele como primeiro em tudo e arrancar vários títulos e derivados mensais só serve para banalizar em cima de vendas, e não aumentar sua relevância.
O enredo fecha com Zeus, observando seu filho “preferido” supostamente ser assassinado. Na próxima edição, eu especularia que nossas expectativas de um grandioso combate entre Zeus e Super-Homem vão ser quebradas, e Bucechato matará alguns personagens para dizer que todo esse encontro teve uma função maior do que apenas fazer o Super-Homem e a Mulher-Maravilha se digladiarem.

Nota: 5.5


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