DC: NOVA FRONTEIRA – UMA CARTA DE AMOR À ERA DE PRATA

 


DC: NOVA FRONTEIRA – UMA CARTA DE AMOR À ERA DE PRATA

 

De todos os artistas de Hqs, o meu favorito e grande inspiração é Darwyn Cooke.



Estando muito associado com a DC Comics, Cooke trabalhou como artista de storyboard em animações  (Novas Aventuras do Batman, Superman Série Animada e Batman do Futuro) além de ter escrito e desenhado hqs de sucesso como Batman Ego e sua fase memorável da Mulher Gato.




No entanto, o projeto de Cooke que me fez virar um fã do artista, e também da DC Comics, foi DC: Nova Fronteira, uma minissérie de 6 edições, publica em 2004, que mostrava a transição da Era de Ouro para Era de Prata, explorando tópicos do contexto social e político, ao mesmo tempo fazendo tributo aos vários personagens da editora.



Como foi anunciado que essa Hq será a principal inspiração por trás do trabalho de James Gunn para o DCU, é uma ocasião perfeita para falar dela e explicar o que torna DC: Nova Fronteira uma história tão especial.

Vamos começar...

Trama

Durante os anos 30/40, o mundo testemunhou o surgimento dos misteriosos heróis, indivíduos que usaram seus poderes e habilidades para proteger o mundo e defender a justiça e a liberdade. A pedido do presidente Roosevelt, alguns desses heróis, como Sr Destino, Flash (Jay Garrick) e Lanterna Verde (Alan Scott) se uniram para se opor a Hitler e o nazismo, virando a primeira grupo de heróis, a Sociedade da Justiça da América.



Após a Segunda Guerra, a SJA foi convocada pelo congresso americano, que exigiu que eles, para provar sua lealdade ao país, revelassem suas identidades secretas. Se recusando a comprometer seus ideais, os membros da SJA se aposentaram, marcando o fim da Era de Ouro. 



Alguns heróis também seguiram o exemplo da SJA enquanto outros, como Superman e a Mulher Maravilha, passaram a trabalhar para o governo. Apenas Batman se rebelou contra essa lei, virando um fugitivo.




Uma década depois, começaram surgir novos heróis, como o novo Flash (Barry Allen), o novo Lanterna Verde (Hal Jordan) e o marciano J’onn J’onzz, ao mesmo tempo em que uma força misteriosa conhecida como “O Centro” começa a agir na Terra, planejando erradicar toda raça humana.





Diante dessa ameaça em ascensão, o governo e os heróis, tanto antigos quanto novos, terão que deixar suas diferenças de lado e trabalhar juntos para salvar toda humanidade.

Homenagem artística

Um dos primeiros grandes destaques dessa minissérie são as várias referências que faz as histórias clássicas da Era de Ouro e Prata da DC Comics, sejam os visuais, a participação de figuras da época (ex: os Desafiadores do Desconhecido) e a estética.








Essa é o aspecto onde a arte de Darwyn Cooke está em seu auge, com seus designs simples e expressivos conseguindo perfeitamente se encaixar próximo do estilo de artistas do período, como Jack Kirby.











Desconstruindo a Era de Prata

Embora DC: Nova Fronteira se passe no começo da Era de Prata (uma época associada por um clima mais campy e ênfases em conceitos sci-fy, como viagem no espaço e pelo tempo), a história explorando esse período por um ângulo mais realista.

Claro que a história tem conceitos sci-fy, mas, ao mesmo tempo, ela também abordar tópicos presentes nos anos 50/60, como paranoia da Guerra Fria, conspiração do governo, preconceito e o conflito entre dever e valores morais.







Através dessas temáticas, DC: Nova Fronteira desconstrói a imagem inocente que maioria dos fãs tem, e dá a ela um choque de realidade, tornando-a um reflexo da época e os dilemas que estavam presentes no contexto histórico.

 As pessoas por trás dos heróis

Quando produziu DC: Nova Fronteira, Darwyn Cooke deixou claro que seu interesse não era na Liga da Justiça, mas sim nas pessoas que eles eram antes de se tornar a Liga da Justiça

Por isso maior parte dessa história não foca nos heróis saindo numa aventura, batendo em criminosos como muitos esperam, mas sim nas suas vidas individuais.



Devido ao grande número de personagens dividindo, tinha esse risco da narrativa ficar confusa e sem direção. Entretanto, o roteiro consegue manter um equilíbrio entre os personagens e seus dramas, com cada um apresentando uma perspectiva quanto a esse país que rejeita seu heroísmo.

Conforme a história vai se desenvolvendo, muitas das sub-tramas vão sendo desenvolvidas e se revelando bem relevantes, como o Flash (Barry Allen) conseguindo a coragem para revelar seu segredo para sua noiva Íris e voltar a ativa ou Superman assumindo seu papel como um símbolo de esperança e inspirando tanto heróis quanto o governo a trabalharem juntos para salvar o mundo.




Porém os dois personagens que são o núcleo de toda essa trama são J’onn J’onzz e o futuro Lanterna Verde Hal Jordan.

O arco do J’onn envolve sua chegada na Terra e convivência com os humanos, com o marciano testemunhando toda a paranoia, fazendo-o ficar preocupado com a possibilidade das pessoas descobrirem que ele é um alien. 



Ele até chega tentar deixar o planeta Terra e voltar para casa por causa desse medo. Porém, J’onn abre mão dessa oportunidade para salvar a vida do agente Faraday, com os dois se conectando e J’onn tem sua fé na humanidade restaurada.



Do outro lado do spectrum, temos o arco do Hal Jordan, que se trata sobre um homem aprendendo a acreditar em si mesmo. Ele é apresentado como esse piloto ousado, destemido, que luta pelo que acredita, mesmo que seja contra as expectativas de seus superiores, o que atrapalha suas chances de realizar seu sonho de ser um astronauta.

Sua confiança é colocada a teste durante   a guerra da Coréia, um conflito onde Hal foi forçado a matar um soldado, ficando traumatizado.




É apenas após ser escolhido por Abin Sur para ser sucessor e ver a ameaça que o Centro que o Hal demonstra sua verdadeira coragem e se junta aos heróis no combate, reconhecendo que seu ato na Coréia, apesar de não agrada-lo, foi algo que ele estava disposto a fazer para sobreviver. A defesa de seus valores não era algo que ele tinha que se envergonha, mas sim sua maior virtude: Sua força de vontade para tomar ações decisivas para garantir a sobrevivência dele e dos outros.



Todas essas sub-tramas resultam num clímax bem épico, onde os heróis mascarados e governo finalmente se unem para salvar a humanidade do Centro, demonstrando a capacidade dos humanos de trabalharem juntos diante o perigo.



Considerações finais

Em conclusão, DC: Nova Fronteira é não só uma história emocionante, mas é uma carta de amor as histórias clássicas da DC, expressando a admiração que Cooke tinha pela Era de Prata e, simultaneamente, uma trama que humaniza os heróis da DC e os tornar mais relacionáveis.



Embora Cooke tenha falecido em 2016, seu trabalho não será esquecido, com DC: Nova Fronteira sendo, na minha opinião, sua maior obra e uma das melhores histórias em quadrinhos já feitas.

Então é isso? Qual a opinião de vocês quanto a DC: Nova Fronteira? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões nos comentários abaixo...






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