A origem secreta do Aquaman
Apesar de ser motivo de piada para muitos fãs, hoje em dia o Aquaman se tornou uma figura mais conhecida e respeitada graças a fase do Geoff Johns nos Novos 52 e o filme do James Wan com Jason Maomoa. Ambas versões ajudaram a salvar a imagem do Aquaman e introduzi-lo a uma nova geração de fãs, assim como seu elenco de apoio seus principais inimigos e sua origem. Atualmente a história do herói mestiço, filho de um faroleiro e uma rainha de Atlantis é bem conhecida pelo público, seja leitores de hqs ou fãs de filmes.
No entanto, alguns não sabem
que essa nem sempre foi a origem do Aquaman. Por um bom tempo desde o reboot da
Crise nas Infinitas Terras, Aquaman teve uma história bem diferente da que foi
apresentada por Johns e Wan, uma envolvendo preconceito, tragédia e a busca por
um lar e uma identidade. Essa história foi abordada em duas hqs do final da
década de 80 e inicio da década de 90 : A lenda do Aquaman e Aquaman Tempo e
Onda.
Apesar de serem histórias
feitas por roteiristas distintos, ambas abordam o passado do Aquaman e sua
jornada para se tornar o rei conhecido pelos fãs. Mas o que torna essa história
tão diferente da versão conhecida e ao mesmo tão interessante? Vamos descobrir!
Duas tramas, uma temática
Como eu falei, ambas
histórias foram realizadas por duas equipes diferentes de artistas, cada um
contando uma história diferente. Lenda do Aquaman é produzida pela dupla de
roteiristas Keith Giffen (famoso pelo
seu trabalho na Liga da Justiça Internacional) e Robert Loren Fleming, com o a
arte do falecido Curt Swan (um dos artistas mais icônicos do Superman). Sua
história reitroduz o Aquaman como um atlante puro, que, quando bebê, foi abandonado para ser morto. No entanto, não
só Aquaman foi capaz de sobreviver devido aos seus poderes mas foi encontrado
por uns golfinhos, que o adotaram e o criaram como um dos seus. A partir daí a
história de Giffen e Fleming explora as aventuras do Aquaman tentando se
adaptar a diferentes ambientes, que o fazem questionar e sua
verdadeira origem.
Já a história de Peter David,
que viria a ser responsável pela mais fase mais revolucionária do Aquaman na
década de 90, expande o temática de Giffen e Fleming mostrando mais das
dificuldades de Aquaman em se adaptar nos dois mundos e sendo primeiro encontro
com seu irmão e arqui inimigo, o Mestre dos Oceanos.
Mogli dos sete mares
Dá pra notar que ambas
histórias exploram o Aquaman como um Tarzam/Mogli dos oceanos, uma criança que
é criada num ambiente bem diferente do seu habitat natural e por seres bem
diferente de sua espécie e os efeitos que isso traz para sua interação com o
mundo exterior. A temática de ambas histórias é sobre natureza/criação. Durante
suas aventuras, Aquaman vai explorando dois mundos distintos, a superfície e Atlantis
mas, no final, rejeitando ambos mundos devido sua dificuldade em se conectar a
seus habitantes. Até mesmo quando encontra Atlantis, seu mundo, ele passa por
dificuldades por ser um estrangeiro numa cidade diferente, demonstrando como a
forma que o Aquaman foi criado afetou sua compreensão dos costumes de ambos
mundos, tornando difícil ele considerar um deles seu verdadeiro lar.
A história de David aprofunda
essa temática explorando duas paixões
que o Aquaman teve em sua juventude, com ambos relacionamentos terminando em
tragédia. A primeira foi com o golfinho Nera, o que provocou uma rivalidade
entre Aquaman e o seu irmão adotivo Drin. Isso resultou em Porm, a mãe adotiva
de Aquaman, expulsá-lo do grupo, reconhecendo que ele precisava viver entre os
humanos. Já a segunda foi Kako, uma esquimó que o Aquaman conheceu durante uma
jornada ao Alaska. O romance dos dois de Kako, que provocou a fúria do invejoso
Orm, que feriu a jovem enquanto ela e Aquaman dormiam, virando a população do
vilarejo contra o Aquaman, vendo-o como uma aberração. Em ambos casos Aquaman
sofre devido a sua dificuldade de se adaptar completamente a a populações
distintas e encontrar aceitação nelas.
No entanto, ambas hqs também
abordam os pontos fortes de Aquaman. Apesar de sua dificuldade de encontrar
aceitação, ele consegue adquirir conhecimento graças a forma ele é criado.
Tendo sido educado por golfinhos, espécie de mamíferos considerada inteligente
e sociável , ajudou Aquaman a desenvolver uma personalidade bondosa e serena, o
que o ajudou a desenvolver laços com pessoas como Arthur Curry, Vulko e Kako,
todos ajudaram a desenvolver seus valores nobres e altruístas. Essas características
se tornaram importantes quando o povo de Atlantis pediu que Aquaman se torna-se
seu rei. Apesar de rejeitar a oferta no inicio, o herói demonstrou ser capaz de
reconhecer os valores de sua mãe e seu povo, fazendo tomar a decisão de se
tornar um rei e continuar o legado da familia que ele nunca conheceu.
Essa personalidade do Aquaman
é muito bem explorada na história de Giffen e Fleming, que fazem muito uso de
momentos silenciosos, com Aquaman estando sozinho e tendo poucas interações,
deixando a história ser contada através da arte visual de Swan e as expressões
e pensamentos do protagonista.
Paralelo entre irmãos
Uma das diferenças entre as
duas histórias é a presença de Orm na hq de David. Sendo um inimigo icônico do
Aquaman, além de ser seu irmão, era dificil Orm ser excluido da história do
herói no universo Pós-Crise. No entanto, David soube não só reitroduzi-lo mas
conseguiu tornar a história do vilão um contraponto a jornada de Arthur. Tal
como Aquaman, Orm é introduzido como um individuo solitário e amargurado, um
filho bastardo do feiticeiro Atlan e uma esquimó, que culpa o garoto pelos
problemas em sua vida. Tal como seu rival, ele demonstra dificuldade de
encontrar aceitação e desconhecimento de sua origem a principio.
O que separa ambos oponentes
é a criação e a forma como reagem perante a revelação de sua verdadeira origem:
Enquanto Aquaman foi criado por pessoas boas, que demonstraram aceitação e
amor, mostrando que nem todos o julgam diferente, Orm foi rejeitado por todos,
incluindo por sua própria mãe, fazendo ele crescer como uma pessoa invejosa e
cheia de odio, principalmente por seu pai, que o abandonou com sua mãe. Os
sentimentos de abandono em Orm ajudam a justificar seu ódio por Aquaman e seu
desejo de querer se apossar do trono de Atlantis, tornando um personagem bem
mais complexo do que o genérico Scar 2.0 que ele costuma ser retratado em
muitas versões.
Legado
Enquanto "A Lenda de
Aquaman" reintroduziu o Aquaman para uma nova geração de leitores,
"Tempo e Ondas" expandiu os conceitos abordados por ela, se tornando
o ponto de partida para a fase icônica do Peter David no Rei dos Mares. Com seu
roteiros, David fez uma completa reformulação no Aquaman, pegando esse
personagem visto como uma piada pelo publico e o tornando num completo badass,
com um novo visual e histórias explorando a mitologia de Atlantis e tendo o
Aquaman saindo em aventuras pelo oceano, confrontando monstros marinhos,
feiticeiros e criaturas mitológicas, com uma pegada bem "Conan o
Bárbaro".
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