Parte 5- Um Deus no Asilo Arkham
PARTE 1: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2020/09/batman-death-note-parte-1.html
PARTE 2: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2020/09/batman-death-note-parte-2.html
PARTE 3: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2020/09/batman-death-note-parte-3.html
PARTE 4: https://ozymandiasrealista.blogspot.com/2020/09/batman-death-note-parte-4.html
Um policial olha pela portinha da cela de Kira, diz “Hora do lanche” e joga o “lanche”. Ele vê a cara do Kira de pobre cachorro sem dono.
Enquanto come Raito pensa “É importante passar uma imagem perigosa para os criminosos e uma fraca para os guardas. Assim eles não desconfiam de que não ficarei muito tempo aqui dentro”. Raito anda pelos corredores sem algemas e é levado para a sala de espera da ala médica, lá ele se senta e espera ser chamado. Até que ouve uma voz o chamando: “Raito Yagami”.
Enquanto entra na sala com uma expressão neutra pois ainda não conheceu a médica, Raito vai refletindo sobre o Arkham. Ele ouviu falar esses dias que a criminosa conhecida como Arlequina, da gangue do perigoso Coringa fugiu essas noites, e só descobriram ao ver a sua cela vazia, acreditam que talvez ela esteja em algum lugar do manicômio escondida. Isso o faz pensar que o lugar fede a loucura, e até quem trabalha aqui acaba ficando alterado e cedendo aos criminosos.
A médica começa a falar “Bom dia Sr. Yagami. Eu sou a doutora Hunter, vou te ajudar a resolver os seus problemas durante o tratamento.”
Raito levanta uma sobrancelha e pergunta “...os meus problemas?”.
“É claro que sim, todos temos problemas não temos?”
“Suponho que você não esteja tendo ajuda médica também, não é senhorita Hunter? Por favor, vá direto ao ponto.”
“Por que? Você tem algo a fazer?”
A voz de Batman ecoa na sua mente “Imagino que sendo o Kira você tenha muito o que fazer.” , o rosto de Raito se enrijece.
A médica pergunta “Vamos começar falando do momento, sei que é difícil estar aqui no Arkham, mas podemos melhorar essa situação. O que tem estado na sua mente ultimamente? Hum? O que te acompanha a todo momento? E não quero saber de Kira, o novo deus, eu quero ouvir a resposta de Raito Yagami, o excepcional estudante que dava orgulho a todo o Japão”.
“Você não me alegra” Raito pensa “Parece que pro meu azar é uma médica que se faz de sonsa e otimista, temo que vou conhecer os limites da minha paciência”.
A médica dá uma risadinha tentando ser simpática e responde “Mas eu não estou aqui pra te alegrar, o meu objetivo é apenas te ajudar, não importa se você enxerga isso ou não. Mas então, no que a sua mente tem se focado? Quer que eu tente adivinhar? Você não vai me contar?”
Foca-se nos olhos concentrados e amargos de Kira, a médica pergunta novamente e ele responde “Batman”. A médica muda a sua postura e expressão completamente, essas se tornam sérias.
Raito olha para os seus próprios pés deitado na sua cela especial. Ele não consegue parar de pensar em Batman. Ele olha para o pedacinho de página do Death Note que estava dentro do seu relógio, ele pensa como não pode desperdiçá-lo, deve ser paciente, e agora que Batman sabe a sua identidade... O Arkham é provavelmente o lugar mais seguro para ele ficar. Isolado do resto da instituição ele não poderá fugir. Outra sessão, a médica já não é mais tão simpática, olha com seriedade para Raito.
Raito pergunta: “Eu notei que você se interessou quando eu mencionei o Batman. Algo especial nele? Além de ser o maior criminoso da cidade?”
“Como você é um garoto inteligente, creio que deve entender. Batman é uma doença psicológica e social. Ele é um homem problemático, quase todos que vêm para cá tem ele como foco, e dificilmente vêm inteiros. Não tenho medo de dizer que essa cidade seria muito mais sã sem o homem vestido de morcego. Ele foi a primeira aberração que eu me lembre, agora estamos cheios delas.”
“Hum, havia nada desse tipo no Japão.”
“Ou você mora em Gotham... ou você não conhece Gotham”. Após a seriedade a médica dá um breve sorriso, então ela diz, “Mas vamos retomar a você, porque você assassinava as pessoas, mesmo sendo criminosos?”
“Porque elas... elas não mereciam viver...”
Ele se lembra do homem que viu roubando uma mulher e tentando violenta-la...
A médica pergunta “O que você está achando do Arkham? Não pergunto como instituição médica e criminosa, mas como você se sente aqui?”
Raito olha para o lado, tem as mãos entre as pernas, diz “Eu me sinto... estranho.”
“Como estranho...?”
“Como se eu fosse ainda pior do que esses outros, eu fico isolado de todos eles, me sinto uma bomba que vai explodir. Doutora... isso, isso me impede de dormir a noite.”
A médica consegue convencer a instituição que Kira não fique mais em isolamento, podendo interagir com outros detentos. Raito está tranquilamente comendo no refeitório, a mesa está vazia, ele não tira os olhos de seu lanche enquanto os criminosos o observam assustados das outras mesas, alguns de pé. Um que está na fila comenta no ouvido do outro “Aposto que eu quebro ele, cara. Quero ver ele me dar um ataque cardíaco de pescoço quebrado...”
“Vai lá falar isso pra ele então.”
Uma hora um homem meio coroa de cabelo branco no pescoço senta na mesa de Raito e começa a falar “Olá Kira. Eu já estive aqui no Arkham muitas vezes, há muitos anos sabe.”
Kira não move os olhos para vê-lo e ele continua “Só quero que você saiba, caso planeje exterminar o Arkham inteiro como estão dizendo por aí, não faria sentido você se livrar de mim sabe. Eu não sou um criminoso, na verdade eu sou um cientista, eu só quero provar o meu ponto de vista, mostrar pras pessoas como elas estão erradas, como vivem se enganando.”
“Basta, eu já entendi. Eu sei quem você é Jonathan Crane.”
“Com certeza você já ouviu falar de mim...” Crane não passa desconfiança “... sou mais conhecido como Espantalho.”
“Isso pouco me importa, mas é bom saber que algumas pessoas me respeitam por aqui. Não entre no meu caminho e você tem nada a temer Crane, mas se eu precisar de você ficará sabendo. Agora saia do meu lado, e fale pro seu amigo que eu não quero mais ser interrompido.” Crane se levanta e sai com cara de insatisfeito, ao se virar ele passa pelo Charada e diz alguma coisa que faz com Charada olhe desentendido para o seu rosto.
Quando volta a sua cela Kira começa a pensar “Espantalho, Charada... os tipos de aberrações nesse lugar são impressionantes. Tenho sorte que estão todos com medo de mim...”
Ele começa a organizar as diferentes personalidades que já conheceu pelo manicômio. Dos funcionários aos detentos. “... estou quase terminando de conhecer todas as peças do meu novo tabuleiro de xadrez.”
Frequentemente, Raito volta a ter sessões com a Dra. Hunter “Então Sr. Yagami, como você acha que funcionaria essa ideia de ser um deus? Como isso caberia a um jovem de 18 anos? Você era ótimo na escola, tinha uma namorada bonita, se dava bem com a sua família, do que mais você precisava?”
“Eu não sou um homem egoísta Dra. Hunter, e além do mais... (então lembra-se de Ryuk) eu estava entediado”
“Um jovem inteligente como você deve imaginar que decidir entre a vida e a morte é um fardo muito grande para um homem.”
“E é o fardo certo para quem então? Para o Batman? Para os assaltantes? Os assassinos, estupradores, terroristas? Eu estava limpando o mundo, havia uma longa lista de pessoas que me seguia, mas muitos tem medo de enxergar a luz quando estão no escuro, um desses era perigoso demais, um desses era o Batman.”
“Então você crê que as suas intenções não eram ruins?”
Ele olha de frente nos olhos da médica e diz “Sim”.
No intervalo Raito está sentado com vários criminosos dessa vez. Há médicos assistindo a gravação das câmeras. Dra. Hunter pensa enquanto vê Raito conversando...
Sobre o que fala um deus...?
O que ele não fala com ela?
Enquanto Raito está deitado tranquilamente fazendo pose de submissão para os guardas que o observam, Ryuk voa do lado de fora e o olha pela janela. Ele pensa “Batman realmente venceu de Raito. Mas algo me diz que o jovem Yagami ainda tem mais cartas pra revelar. Hm, guardar apenas um pedacinho do Death Note realmente impediu que ele esquecesse de tudo o que aconteceu antes. Batman ainda não está livre de seu inimigo, acho melhor não ser visto por Raito por aqui, ele pode começar a me encher. Tenho mais o que fazer...”
Kira está com a médica novamente. Raito começa “Voltando a sua filha, não há nada errado em você querer vingança, você merece isso! Todos merecem! Eu sou apenas um justiceiro doutora, sou o futuro, tenho certeza que você pode me ajudar.”
“Não Kira, isso é contra o meu código moral! Você foi considerado perigoso e deve permanecer no Arkham, eu me lembro daquele guarda que você matou, ele era um homem inocente.”
“A justiça tem um preço doutora, tem um preço enquanto ainda houverem homens como o Batman lutando contra mim, e idiotas como o Comissário Gordon o acobertando.”
É noite, após desativar o sistema de proteção da estufa artificial, a guarda Meryl Watson fica dura no chão com os olhos bem abertos. Pés femininos e descalços andam pelo corredor na madrugada. Mãos femininas pegam as chaves de um guarda que se paralisa. Uma porta se abre a frente de Raito que já aguarda de pé, ele diz “Você demorou, vamos logo.”
Raito, Hera Venenosa e um senhor bem velho vão andando pelos corredores. Ryuk passa repentinamente voando bem rápido pelas paredes e diz
“Olá Raito!”
Raito fica surpreso e se pergunta “Ryuk...?!”
Em outra cela, Raito aparece na sombra e diz “Sei que está acordado.”
“O que você quer?” responde o prisioneiro deitado
“Eu preciso de informações suas, e preciso agora, se você não me contar, pode fazer os seus últimos pedidos.”
“Você não estava muito simpático quando eu e o Espantalho fomos lhe oferecer ajuda.”
“Ele não me importa, e estou pedindo pela sua ajuda em troca da sua vida. Me conte tudo o que você sabe sobre a identidade secreta do Batman ou vai passar a sua última noite no Arkham.”
“Psssssst, essa é a melhor charada de Gotham! Você sabia?!”
“Mas que interessante, não me faça perder tempo.”
“Ok, ok, é só você ligar os diversos pontos. Todas aquelas armas, o carro... Uma vez quando eu estava numa briga contra a Liga da Justiça vi ele chegando em um jato! E olha que era todo customizado, tudo dele você não encontra para vender na internet, nem a fantasia idêntica. Pode acreditar, eu já tentei.”
“E então? Aonde isso leva? Você sabe quem ele é?”
“Ele é um criminoso!!!! Como todos nós! De onde mais ele tiraria todo esse dinheiro?! Todas essas coisas! Eu daria de tudo para descobrir a sua verdadeira identidade! Eu cheguei tão perto uma vez... mas perdi a linha da charada... se eu tivesse outra chance, adoraria expor o seu ridículo ao público.”
“Não adiantou muito Nigma... mas seja bem-vindo ao grupo do Kira” e a cela se abriu.
Arlequina passeia com uma metralhadora pelo subterrâneo, ela vira um corredor e se bate com a Hera Venenosa que grita “Harley! O que você está fazendo aqui?! O Kira te libertou também?”
“HERA! Quase que eu te fuzilo! Que susto ruiva! Não, eu e o meu pudinzinho vamos fugir em breve, eu só estou deixando tudo pronto. Como foi que você descobriu dessa falha na segurança?”
“O Kira planejou tudo, quer se unir a nós querida?”
Kira chega, se intromete e diz “Não, não há espaço para convidados, mande ela seguir o caminho dela e vamos logo dar o fora daqui.”
Assim Crocodilo seguido de Hera Venenosa, Kira, o velhinho e Charada vão andando pelos esgotos abaixo do Arkham. Charada pergunta “Onde você estava, chefe?”
“A sua curiosidade não me interessa Nigma, lembre-se disso.”
Hera se intromete “Quem mandou trazer ele junto?”
“Eu apenas fui dar um último alô ao dono desse lugar.”
Então Raito se lembra, a sala do diretor do Arkham está escura e iluminada apenas pela Lua que entra pela janela “O Cachorro Louco, eu cuidarei de todos os homens como ele” e Arkham passa a mão pelo retrato da sua família que está na sua mesa “Você cuida dos doentes aqui dentro, que eu cuido dos mais perigosos lá fora. Sem ressentimentos dr. Arkham, adeus. Espero contar com a sua ajuda para que a segurança não tente me impedir. Vidas inocentes não precisam ser desperdiçadas, pense nisso” Ao sair da sala ele se encontra com a Dra. Hunter, ela fala primeiro
“Então você conseguiu, fugiu mesmo. Barras de metal não são o suficiente para você pelo visto.”
“Pensei que não fosse me ajudar, doutora”.
“E não vou, só vim ter certeza de que você realmente fugiria. Por algum motivo, eu confiava que você conseguiria.”
“Não se preocupe doutora, eu vencerei os meus inimigos, e a justiça chegará a todos que merecem.” Raito corre pelo corredor escuro enquanto a médica o observa, uma lágrima cai pelo seu rosto, ela murmura
“...vá Kira!”
Enquanto o resto do grupo de Kira observa, Crocodilo começa a desferir golpes em uma grande porta. Raito acompanha como se fosse a estratégia de um jogo em ação. Hera olha para o velho com um olhar maldoso e o empurra na água profunda do esgoto.
Ele não volta enquanto ela fica gargalhando. Charada diz “Am... mais uma pergunta Sr. Kira. Por que o velho estuprador Bicho Papão veio com a gente?”
“Ele está aqui há muitos anos, conhece esse lugar melhor do que muitos, eu queria me garantir. Mas não se preocupe Hera, ele não era mais necessário.”
Hera responde “Eu imaginava”.
E na noite escura, quatro criminosos olham para a liberdade.
EPÍLOGO
NA MESMA NOITE, 40 MINUTOS ATRÁS:
O rosto congelado de Ryuk atravessa uma parede. Ele abre a sua porchete, tira um Death Note, o levanta com a mão, joga para cima e deixa que caia no peito do Coringa que está dormindo.
Ele acorda pega e diz “Caderno da morte? Que porcaria é essa?! Ei! Alguém aí perdeu o diário! Olha que eu vou descobrir todos os seus segredos! Hahahahahaha!” Então olha para o lado “Quem é você? Já vi que essa será uma das noites longas, hehe.”
“Meu nome é Ryuk, palhaço. Eu sou um deus da morte.”
“É, essa realmente será uma das noites longas! Espantalho! Espantalhoooooo! O que que você andou fazendo?!”
E se ouve gritos “Cala a boca Coringa! Caralho! Por que o Kira não te levou com ele?!”
Coringa se senta na cama e fala sozinho “Tanta amizade que me sinto sufocado. Hahahaahaha. Mas então, o que você quer comigo?”
Ryuk se senta ao seu lado na cama e diz “Me deixe explicar.”
Continua...
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