Escrito por: Olavo Carvalho
Pois é, vou fazer review de filme atrasado, que já assisti há três meses atrás, mas tinha prometido que iria fazer um review do último filme de Rambo Até o Fim para o blog, e missão dada é missão cumprida.
Pois é, vou fazer review de filme atrasado, que já assisti há três meses atrás, mas tinha prometido que iria fazer um review do último filme de Rambo Até o Fim para o blog, e missão dada é missão cumprida.
Antes de abordar o filme,
é preciso dizer o que foi o Rambo para minha geração. Sou uma criança dos anos
80/90, e essa era uma época meio “errada”, digamos assim, ainda mais na
perspectiva dos snowflakes, a praga
da humanidade dos tempos modernos. Na minha época, a Globo exibia o desenho
animado do Rambo, no rastro de G.I. Joe. Não faz muito sentido fazerem um
desenho para crianças de um personagem de filmes adultos, mas, ei, eram os anos
80! Também tinha o desenho do Robocop nessa época. Me lembro que havia uma “Rambomania”
e que a molecada gostava de andar com a faca do Rambo e faixa no cabelo.
O primeiro filme de
Rambo na realidade era para ser um drama, de um veterano do Vietnã que sofre
bullyng de uns policiais caipiras e depois surta e revida com violência e
táticas de guerra. O filme permitiu a Sylvester Stallone interpretar seu segundo
personagem mais conhecido depois de Rocky, que ainda contava com Brian
Dennehy como o sádico xerife que persegue Rambo.
Como
os produtores não são bobos, logo tiveram ideia de fazer sequências, já de olho
nas moedinhas. Rambo se tornou um símbolo da era Reagan, e no segundo filme
lavou a alma ferida dos americanos numa revanche contra o Vietnã. No terceiro
filme, Rambo detonava os soviéticos comunistas e ajudava a turma do Bin Laden
no Afeganistão.
Então,
os selvagens anos 80 chegaram ao fim, e iniciaram os anos 90, com Clinton, o
presidente do blow job e o nascente politicamente correto. Stallone pode ser
muitas coisas, mas com certeza não é burro, e viu que Rambo estaria em baixa
naquela época e resolveu partir para outros projetos.
Nos
anos 2000, creio que Stallone foi acometido por uma nostalgia de seus grandes
personagens, pois não somente filmou Rocky Balboa, mas também Rambo IV, que é
um festival de “gore” em proporções épicas. Todo mundo achava que a saga do
velho soldado teria terminado ali, mas não foi bem isso o que aconteceu.
E não
é que, de surpresa, Stallone anuncia Rambo Até o Fim (Rambo Last Blood), agora
prometido como o último filme do grande herói nos anos 80. No enredo, John
Rambo está aposentado, cuidando de sua fazenda nos Texas. Sua única alegria é
sua filha adotiva Gabriela. A gente sabe que Rambo é um desajustado social, mas,
quando ele gosta de alguém, ele se importa e cuida até as últimas
consequências. O conflito acontece quando uma amiga periguete de Gabriela a
convence a ir para o México, atrás de seu pai biológico. Rambo obviamente diz
para a menina não ir para lá, pois o pai dela na verdade era um grande canalha.
A avó de Gabriela também pede a mesma coisa, mas não adianta e ela foge.
Chegando
ao México, Gabriela é rejeitada pelo pai, e sua “amiga” se aproveita de sua
fragilidade emocional para vendê-la aos exploradores sexuais de meninas. Rambo
vai atrás de Gabriela, investiga os bandidos, mas é espancado e ferido.
Enquanto isso, um dos irmãos chefes da quadrilha droga a menina e a violenta.
Mete até no buraco do oco, corta a cara dela etc.
Nesse ínterim,
Rambo é salvo por uma jornalista mexicana, que também teve a irmã sequestrada e
explorada sexualmente. Quando ele enfim se recobra, vai atrás de Gabriela que
um martelo, invade o bordel e sai quebrando os testículos de todo mundo. Infelizmente,
Gabriela morre de overdose no caminho de volta para o Texas, e aí soltaram o
capiroto das correntes. Rambo decapita um dos chefões da quadrilha e lança um
desafio para o resto ir atrás dele na fazenda.
No
último ato do filme é que temos realmente o Rambo agindo como Rambo, preparando
armadilhas e acabando com seus inimigos de forma selvagem e violenta, até
encurralar o último e arrancar seu coração do peito ainda batendo.
Em
suma, esse último filme do Rambo não tem nada de muito extraordinário. É um
roteiro nada complexo com desenvolvimento simples, como a maioria dos filmes do
personagem. Os vilões são maus e unidimensionais, como via de regra os vilões
de Rambo são. Então qual o problema?
O
problema é justamente os snowflakes.
Vivemos em uma época em que os jovens adultos são um bando de mimados e bunda
moles, incapazes de admitir pontos de vistas contrários aos seus. É a era da
lacração e do politicamente correto, e um herói como Rambo é simplesmente
impossível de ser compreendido e aceito.
Mal o
filme estreou, e já foi acusado de ser pró-Trump, pelo fato de os bandidos
serem mexicanos. Acusaram o filme de ser misógino porque a menina é indefesa.
Infelizmente, essa geração acha que herói tem de ser que nem os heróis imbecis
dos filmes da Marvel, que são umas hienas sorridentes enquanto as mulheres são
duronas e chutam bundas. Este é um blog principalmente de quadrinhos e cultura
pop, e eu sou um leitor veterano de quadrinhos. Mas, infelizmente, fazendo um
paralelo com Rambo, os heróis dos filmes da Marvel são tristes. Estou
falando dos heróis dos filmes, mas também andam cagando com os heróis nos
quadrinhos atuais da Marvel, lamentavelmente.
Aí
ainda falam que os vilões do filme do Rambo são unidimensionais e maus porque
são mais, que deveriam ter complexidade. Então, pegam o Thanos de Guerra
Infinita como vilão complexo. Porra, o Thanos com personalidade complexa era o
do Jim Starlin, que era um vilão niilista apaixonado pela Morte. Esse Thanos de
Guerra Infinita é um neomalthusiano muito do mal-construído.
O
negócio é que, apesar da sociedade ser mais fresca, ainda assim precisa se
ancorar em heróis, infelizmente não será em heróis como Rambo, não mais.
Vivemos em uma realidade em que se a gente respirar perto de uma mulher, isso é
considerado assédio e até estupro, mas se um bando de menores infratores vindo
de classes sociais mais baixas estuprar, esquartejar e queimar viva uma mulher,
podem até despertar empatia de algumas pessoas e serem tratados a pão-de-ló. O
mundo chegou em uma encruzilhada paradoxal.
Se a
hiperviolência dos anos 80 é contestada, e até acho que pode ser, o exagero do
progressismo e do politicamente correto também deve ser. Não se comentou muito
sobre o enredo do filme nas redes sociais, mas sobre a “polêmica” inerente a
este. Enquanto isso, vamos vivendo em uma sociedade de histéricos chorões criados
pela avó e com leite com pera.
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