“Nada se cria, tudo se transforma.” Ter a ingenuidade em se ir ao cinema ou ler
uma obra esperando por algo “original”, é algo no mínimo patético. Tudo que
vemos, é fruto de múltiplos processos de referentes, passando por incontáveis
camadas em um ciclo infinito. Em acordo, e tratando-se do cinema, uma arte
ilusória que pagamos para ter, não há nada mais decepcionante quando a “homenagem”
transcende a barreira que separa do plágio preguiçoso, da autoilusão de ser
grande ao apostar na ignorância do espectador, e isso temos a rodo com “Planeta
dos Macacos: A Guerra”.
Como
apontado pelo Douglas Joker em “A guerraque não foi guerra”, o material tende mais para um enredo
introspectivo, no qual César, busca uma solitária vingança contra um dos
líderes da humanidade, um impiedoso coronel vivido por Woody Harelson, ao tempo
que busca que seu povo parte em êxodo para “a nova terra prometida”. Pegando-se
a trilogia como um todo, poderíamos facilmente ver como uma reformulação
darwiniana do mito de Moisés: César primeiro é criado como igual por um povo a
qual não pertence, com a vida adulta se apercebe dos seus verdadeiros iguais
serem escravizados. Tal qual Moisés, César possui uma sapiência muito acima do
povo que pretende libertar, e há grandes custos de vidas, consegue atravessar
seu mar vermelho. Até aqui, estamos no campo da inspiração, por mais duvidosa
que possa ser, afinal, César não seria um arquétipo messiânico?
Não
entrando com pesadas criticas a “O Confronto”, um filme que vejo ainda muito
inferior por diversos motivos a “A Origem”, meu objetivo aqui é mostrar, como
sem filtros, Matt Reeves fez quase
um remake de “Apocalipse Now”. Em
dado momento há até a piada pichada em um dos canos de fuga: “APEcalipse Now”, título que de bom
grado deveria ter sido colocado no filme. Talvez sendo severo, há poucas
surpresas em todo o momento de projeção, Reeves aparentemente tem um “vício” de
tentar gerar empatia de forma prematura por personagens (a exemplo da família
do líder símio), obviamente por não ter tempo de tela para o fazê-lo
corretamente, bem como “dar pistas” (leia-se close em tanques com gasolina e
explicações sobre muros e filhos) obvias sobre os futuros acontecimentos, o que
por conseguinte não se gera peso dramático, excetuando-se alguns personagens
como Maurice e o novato “Bad Monkey”, César leva todo o enredo nas costas,
mesmo sendo um ótimo protagonista, fica para a obra tão qual um desenho muito
detalhado, com um cenário rabiscado de maneira preguiçosa, quase nulo.
O show de “transcrições”
de outros trabalhos se inicia com o tiroteio inicial entre humanos e macacos.
Após a matança atingir níveis mais intensos, a câmera retrata o ar mais pesado,
movimentos lentos, milhares a se atingirem ao baile de um som suave.
Sensibilidade artista? Não, apenas uma reprodução sistemática do combate
inicial de Maximus e seus homens em “Gladiador” (Ridley Scott, 2000). Não
satisfeito com o “empréstimo”, o corte continua com a o caminhar do líder entre
seus soldados quase idêntica a do general romano. A morte da família, e ser
jogado como escravo, poderiam ir para a conta também?
Prosseguindo
a fita, entramos no oceano mais profundo: um coronel que vira deus entre
selvagens precisando ter seu comando parado, a tentativa de infiltração em sua
célula, helicópteros em fundo laranja, diálogos de gracejos e exaltação do
horror e motivos da guerra entre o vilão e “herói”... Eu acho que não preciso
dizer mais, é um serviço simples de memória e comparativo com a bagagem visual
de cada um... Vá, divirta-se, e lembre que será esse cara o responsável por "The Batman" em 2019.
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Até o próximo.
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