Nas Guerras Publicamente Expostas um grande homem em armadura de morcego tinha sua loja de armas para vender aos competidores publicamente expostos... Um monte de acessórios customizados com visual de morcego. O alto e forte vendedor de armadura olha para baixo falando com uma pequena menina punk.
- Jane, a mortífera? Ainda não atualizei o novo round no meu bat-celular, mas não sabia que eles estavam colocando criancinhas tão pequenas nas Guerras Publicamente Expostas. Vocês têm entrado cada vez mais cedo nesses negócios de querer chamar atenção.
- Minha irmã é youtuber e ninguém reclama. - A menina parecia sombria e amarga apesar da idade, falava com muito ódio... - Ela ganha quatro pau por mês pra jogar videogame enquanto grava, então... Olha, não muda de assunto. Eu vim aqui porque preciso de armas, senhor Batman.
O "senhor Batman" pareceu bem bravo. - E essa magnum 357 na sua cintura, menininha? Não tem vergonha de andar com uma porcaria dessas?
- É um mundo perigoso e eu sou lésbica, as chances de eu sofrer alguma violência são maiores.
- Pera! Lésbica?! Quantos anos você tem?!
- Para de dar pitaco na minha vida e me atende logo, caramba!
- Vocês jovens de hoje não têm qualquer respeito pelos mais velhos. Se eu ainda tivesse os meus pais... Bem, sabe como funciona a bat-shop? Você pode comprar bat-itens para usar nas Guerras Publicamente Expostas de acordo com a quantidade de likes e seguidores que você tiver obtido aqui.
- Tá, eu tenho um monte - ela dizia entediada mexendo no celular. - Eu mostro aqui no meu?
- Calma, eu tenho que sincronizar com o meu. Vai ter que esperar ligar que eu deixei desligado, você é a primeira cliente hoje, garotinha,
"O Batman é o pior atendente do mundo!" Jane pensava pra si mesma. Ela só não falou pra ele porque ficou com medo que voltasse a tagarelar de novo. Mas porra, como se fosse inevitável ele voltou a falar de novo, parecia uma pessoa extremamente solitária que tem que ficar falando independente se tem alguém prestando atenção e entendendo ou não.
- Sabe, já faz tempo que eu tô aqui, já faz muito tempo. A gente tinha feito uma super-prisão, pra afastar um monte de vilões da Terra, mas aí deu um monte de problema, eu tive que resolver. Eles ficavam tipo "Ah, tem o Slade, o Batzarro, o mistério do Planeta Prisão". Ficavam falando de aproveitar a Ravena e colocar o pai dela dominando o planeta inteiro. - Ele não parava de ir tagarelando enquanto arrumava direitinho acessórios parecidos com morcegos em prateleiras de sua loja. - Um negócio de deus, alien e homem, sei lá. Mas aí, eles chegaram "vamo fazer tipo um 'guerras secretas'? A gente já tem um planeta", aí todo mundo "beleza". Mandaram todo mundo de volta pra Terra como se nunca tivessem matado ninguém, aí eu pensei, "Quer saber? Já tô por aqui mesmo" e a Selina tem-- Garota, o que aconteceu?! Tá tudo bem? - Ele se assustou. Jane, a mortífera estava parada não parecendo tão mortífera. Na verdade parecia super tristinha e #chateada.
- É que... eu... - ela falava devagar, sua voz estava frágil. - Eu estou meio sozinha... desde que... perdi meus pais.
- Como assim, garota? Onde estão os seus pais?
- Eu... eu não tenho pais. Eu... sou órfã. - Ela então abaixou o rosto evitando contato visual.
- Ah, pera aí, garotinha. Você... é órfã? Por que não disse antes? - ela cruzava os braços olhando para baixo, como se abraçasse a si própria.
- Ei, ei, pera um pouco, escuta aqui, menininha. - Ele pegou a pequena garota com as mãos e levantou próximo ao seu rosto. - Você não precisa ficar triste. Eu vou trazer uma roupa super legal que eu tenho lá, nem vai te custar nada. Eu vou te ensinar a lutar e--´´
Jane estendeu seus bracinhos a frente dentro da máscara do Batman e os puxou de volta arrancando fora os olhos dele com facilidade e rapidez.
Saindo das mãos mortas do ex-vigilante ela cai em pé sobre um balcão com os olhos do Cavaleiro das Trevas, pensando como eles valerão uma fortuna pros nerds psicopatas da Deep Web.
- Mais um par pra minha coleção... - ela guarda os bat-olhos dentro de uma pochete.
- Martha... - lamentava o vendedor antes de morrer caído no chão com sangue escorrendo das órbitas vazias de seu rosto.
- A loja é nossa - disse Jane, a assassina do Batman, pros seus seguidores que estavam do lado de fora. - Peguem as armas, e peguem logo! Não temos tempo pra desperdiçar.
Arrumando suas roupinhas ela olha para a magnum que tinha pego do chão na arena e lembra do garoto que estava com ela. Ela não o vê entrando na loja com os outros. "Pra onde será que ele foi?"
Sem qualquer respeito ou amor próprio, Tommy anda chorando pela rua deserta. - Ai... meu olho. Snif... - Ele se sentia mau, se sentia ridículo. E se sentia ridículo por se sentir ridículo. Já havia alcançado uma corrente de autoflagelação muito forte. Tudo havia começado quando seu pai morreu o amaldiçoando a ter cagadas estranhas. Por que ele não podia ter uma vida normal?! Oh não, as coisas estavam pra piorar. A sua frente vinha aquele monstro de merda horroroso. Droga... Será que todo mundo sabia que aquele monstro era culpa dele?
- Você... - disse a grande merda. - Você. Apesar do visual moderninho eu ainda te reconheço. Foi você que me trouxe à Existência.
- Ai... sai de perto de mim. - Tommy fungava catarro no nariz e soluçava enquanto tremia chorando.
- Você... essa sua tristeza toda vem da minha existência, não vem?
- Sai, eu não quero falar com você, você é um monte de bosta.
- Eu... eu não tenho culpa... Eu nasci desse jeito...
- Eu não ligo, sai!
- Ouça, por favor, ninguém me ouve - ele fedia pra caralho, bicho. - Eu já estou sufocado de não poder me expressar. Eu... não tem nada que eu possa fazer, eu não sei. Eu não sei nem porque eu estou aqui.
- Sei lá, sai fora.
- Nesse planeta... Será que nós não poderíamos nos unir?
- Nãããããããããããããããããããããão!!!
- Temos algo em comum presos aqui.
De repente eles ouvem um grito nervoso. Não é possível identificar palavras dele.
- AI ESSA MERDA! - Dá pra entender quando uma chamativa mulher de meia-idade se aproxima de Tommy. - Ai caralho! Sai de perto do meu fiiiiiiilho, porra!
- Eu só estava falando com ele!
- Ai, mãe! - ele choramingava.
- Cadê a arma que eu te dei pra tu estourar esse monstro, caralho?! Não vai me falar que você perdeu?!
- Ai, mãe. É que ela bateu no meu rosto quando eu atirei, aí caiu no chão--
- Não acredito! Jesus atira em mim! Sabe quanto custou aquela magnum, muleque viado do caralho?! - ela dá um tapa na orelha dele.
- Ai, mãe, não bate em mim.
- Não bate no garoto - dizia o Cocô Hulk sensibilizado.
- SAI DAQUIIIIIIIII! - gritou Tommy com sua voz saindo desafinada como a de uma criança histérica.
- Olha essa bosta. Olha essa porra que tu fez. Tu não consegue cagar que nem gente normal, não? Até com isso eu tenho que me preocupar.
- Ai, mãe...
Cocô Hulk se tornou mais uma vez o cocô mais reflexivo e filosófico do universo, se contentando em apenas observar.
"Eles se maltratam... Se maltratam em ciclos. Ela criou o garoto e o trata como merd-- o trata muito mal. Ele sofre com isso, mas mesmo assim faz a mesma coisa com o que ele criou. Seria o destino, seria inevitável ou seria uma escolha? Até onde estamos realmente livres das influências do meio e podemos afirmar honestamente que nossos atos são sequências de escolhas? O que significo eu aqui? Que mesmo me importando, cedendo curiosidade, empatia e compreensão sou tratado ainda pior que os maiores dos malignos?"
Enquanto isso eles continuavam gritando.
- Todo mundo sai de armadura cê gasta ponto com essa roupinha de merda?!
- Ai, mãe, eu gostei.
Cocô Hulk sabia que não podia morrer. Nem o pé de um gigante havia o destruído completamente. Como seguir a vida de forma razoável quando todos desejam sua destruição?! Será que havia alguma força no Universo, qualquer uma, que poderia guiá-lo?! Será que ele teria que realmente enlouquecer carecendo de respostas?! Como se o Universo tivesse ouvido seu lamento, Cocô Hulk vê a grande mulher com asas que estava serena em uma forma gigante dentro da arena avançando sozinha por uma rua que subia perto dali. Mas ele não foi o único que viu!
- Ali! Ali ó, a deusa! - Dizia a mãe do menino. - Senhora! Vem ajudar a gente! O meu filhinho é idiota!
- Ai, mãe...
Cocô Hulk não tinha coragem e autoestima para chamá-la. Mas um ser daqueles, pelo que estava escrito nos perfis dos participantes das Guerras Publicamente Expostas, que havia criado tudo que existe, devia ser de infinito amor e bondade. Ela devia ser incrível! Ela devia ser perfeita!!! Tudo que ele torcia era que aquela mulher alada conseguisse notar sua necessidade de ajuda, tentando expressá-la o máximo possível fazendo cara de necessitado com seus olhinhos nojentos.
"Aqui. Vem me ajudar. Eu preciso de ajuda. Eu sou legal." Pensava o monstro.
Ouvindo os gritos da mulher, a Deusa vira o rosto pra trás mas desvia os olhos rapidamente e prossegue apertando o passo até que logo some na rua.
- Que pau no cú! - dizia a mãe de Tommy enraivecida.
- Ai, mãe... - o garoto tinha enfim parado de chorar e sai andando a frente para ver se consegue encontrar a deusa e falar com ela. Ele não conseguia acreditar que uma força tão poderosa fosse o tipo de gente que finge que nem te vê e passa direto.
- A culpa é sua! - a mulher apontava pro Cocô Hulk. - Ela viu tu bagulho nojento e não quis falar com a gente, sua bosta fedorenta. Diabo, eu só me fodo, eu só me fodo...
Cocô Hulk já não sabia mais o que fazer, pois só sentia vontade de matar todo mundo. Ele então resolve seguir o melhor caminho nesse tipo de situação: senta no chão e começa a mexer no celular para ver o que está acontecendo na vida de pessoas que negligenciam contato com ele. Mas não demora muito e Cocô Hulk vê uma sombra se revelando a sua frente. Uma sombra com chifres e grandes asas.
Dentro do que parecia ser um prédio de administração das Guerras Publicamente Expostas, Mary torcia seu véu para ver se saía o suor e ela conseguia colocá-lo de volta na cabeça sem que ficasse coçando. Ela está sentada em uma cadeira de rodinhas em frente a um computador ligado. O lugar parecia uma sala de informática semi-abandonada, só dava para ouvir o teclar do outro menino que estava lá e mais nada.
Tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec...
Eis que essa monotonia é interferida pelo som da porta abrindo. É um pequeno rangido. Mary olha logo na direção e vê uma misteriosa mulher alta com asas brancas. Esta entra de forma silenciosa. As duas ficam se olhando até que a deusa diz "Oi".
- Vocêêêê... você estava lá na Arena, não estava?
- Sim. Mas eu fui embora - respondia a mulher de forma reservada.
- É verdade que... você... hum... er... criou tudo?
- Uhum...
Mary deu um grande sorriso, parecia feliz e animada.
- Olha, Jack! Deus é mulher!
- Eu não acredito em Deus - disse Jack sem tirar os olhos da tela do PC onde estava.
- Posso te perguntar uma coisa?! Uma vez eu tava jogando aí eu tive a impressão que tinha um-- Meu, por que existe barata voadoooooora, caaaaara?
- Barata? Oh, eu não quero fazer corpo mole, mas não posso controlar tudo não, sinceramente. Já viu alguma tentativa de criação e idealização não ser violentamente confrontada? Por pessoas que estão lutando fortemente para defender alguma vaidade, mesmo que se rebaixem pra isso? Eu nunca criaria seres terríveis, como baratas, realmente nunca quis fazer isso, mas nem todo mundo pensa assim, tem seres que querem estragar as coisas. É a forma que a vida é, fazer o quê? É assim desde o princípio...
- Aaaaaaaaaaaaaaah... Mas é que... é tão nojento, sabe?
De rabo de olho a dita deusa espiava a tela onde Mary estava mexendo na Externet.
- O que vocês estão fazendo? Estão jogando jogos? - Ela pergunta.
- Ah, estamos sim. Pera, quer sentar? - e então ela puxou uma cadeira do lado e a mulher foi lá e sentou. - Vocêêêê... não tem coisa pra fazer não comoooo... criadora do Universo?
- Devo ter, mas às vezes cansa um pouco esse negócio de onipresença, onipotência, onisciência... - Ela arregalava os olhos querendo expressar gravidade. - Ai... como é que liga? Aqui... - Ela apertou o botãozinho da CPU.
Tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec-tec...
Eis que essa monotonia é interferida pelo som da porta abrindo. É um pequeno rangido. Mary olha logo na direção e vê uma misteriosa mulher alta com asas brancas. Esta entra de forma silenciosa. As duas ficam se olhando até que a deusa diz "Oi".
- Vocêêêê... você estava lá na Arena, não estava?
- Sim. Mas eu fui embora - respondia a mulher de forma reservada.
- É verdade que... você... hum... er... criou tudo?
- Uhum...
Mary deu um grande sorriso, parecia feliz e animada.
- Olha, Jack! Deus é mulher!
- Eu não acredito em Deus - disse Jack sem tirar os olhos da tela do PC onde estava.
- Posso te perguntar uma coisa?! Uma vez eu tava jogando aí eu tive a impressão que tinha um-- Meu, por que existe barata voadoooooora, caaaaara?
- Barata? Oh, eu não quero fazer corpo mole, mas não posso controlar tudo não, sinceramente. Já viu alguma tentativa de criação e idealização não ser violentamente confrontada? Por pessoas que estão lutando fortemente para defender alguma vaidade, mesmo que se rebaixem pra isso? Eu nunca criaria seres terríveis, como baratas, realmente nunca quis fazer isso, mas nem todo mundo pensa assim, tem seres que querem estragar as coisas. É a forma que a vida é, fazer o quê? É assim desde o princípio...
- Aaaaaaaaaaaaaaah... Mas é que... é tão nojento, sabe?
De rabo de olho a dita deusa espiava a tela onde Mary estava mexendo na Externet.
- O que vocês estão fazendo? Estão jogando jogos? - Ela pergunta.
- Ah, estamos sim. Pera, quer sentar? - e então ela puxou uma cadeira do lado e a mulher foi lá e sentou. - Vocêêêê... não tem coisa pra fazer não comoooo... criadora do Universo?
- Devo ter, mas às vezes cansa um pouco esse negócio de onipresença, onipotência, onisciência... - Ela arregalava os olhos querendo expressar gravidade. - Ai... como é que liga? Aqui... - Ela apertou o botãozinho da CPU.
- Am... Como é que eu te chamo? Meio que eu sempre achei que você fosse homem...
- Ah, meu nome de verdade era Jeována.
- Eita-- Jeována? Isso é tipo alguma indireta a outro nome?
- Oi? Como assim? - ela perguntava enquanto esperava seu computador carregar.
- Ah, acho que existem pessoas que tem nome parecido, não tem?
- Vem cá. - A mulher levantou puxando a garota pelo pulso e as duas foram andando até uma mesa pro outro canto onde haviam canetas e folhas de sulfite para impressão. Ela pegou uma caneta e deu outra pra Mary.
- O que foi? - Perguntou a garota careca sem entender.
- Nós vamos arranjar outro nome pra mim.
- Como assim?
- Ora, você não gostou, vamos pensar em outro.
- Eita. Ok
- Então, alguma ideia?
- Ora, não sei, é seu nome.
- Mas vamos pensar em outro. Que tal com "Marcela"? "Jeovárcela". Ou "Marcelová"?
- Credo, que horrível. - ela disse fazendo careta.
- Vamos pensar em outro. "Maria". Pode ser... "Jeovaria"!
- Mas assim fica parecendo que é tipo nome de alguma loja. Não pode deixar algum nome normal, igual tipo, "Maria", ou igual ao meu, "Mary"?
- Não, querida - ela explicava calmamente, como quem quer ser didática. - Todos que achavam que eu era homem, você conhece algum outro nome que deram ao deus bíblico além de "Jeová"?
- Am... Olha... Que eu saiba não. O diabo tem mais. Tem beeeeem mais.
- Eu também não! Oh, e olha que sou eu falando, hehe. Vamos tentar "Jéssica", "Jeovéssica", "Jéssicová"?
- Não, não, tá bom. Deixa assim mesmo, é seu nome. Credo, tá cada vez pior...
- Ora, claro que não, você disse que estava ruim, podemos tentar achar um melhor. Continue anotando. "Alice", "Jeoválice"?, "Aliceová"? Sinceramente, fica tão feio que parece ser mais, como você disse, uma "indireta a alguém", do que do jeito que estava.
- Não, deixa, tá bom. Ficar falando de nomes assim, me fez pensar... Engraçado, eu não tenho nenhum amigo que se chame Lucas ou Felipe... Mateus ou Gabriel... Todos se chamam Tommy, Billy, Jimmy, Jack, Bob, Jane...
- Deve haver uma boa razão pra isso. Mas então, não quer pensar em nenhum nome melhor pra mim? Eu espero.
- Não, deixa seu nome do jeito que tá, cara. Não tem problema.
- Tem certeza??? Mesmo???
- Não tem problema.
- Ah que bom. - Ela tampa a caneta que estava segurando. - Vamos voltar, acho que meu computador já carregou. Eu quero jogarrrrrr... - ela foi andando em direção ao teclado sacudindo seus dedos a frente como se estivesse hipnotizada.
Uma quarta pessoa então adentra a sala. Um garoto de visual emo que vinha tentando seguir o caminho daquela mulher grande. Além de uma menina que parecia o Leandro Karnal, havia uma outra pessoa naquela sala que chamava mais a atenção de Tommy. Mesmo a presença do próprio Ser Criador ficava ofuscada perante o perfeito encaixe circunstancial que aquele rapaz tinha fazendo o que estava fazendo. Era como se caso apenas uma coisa estivesse funcionando perfeitamente no Universo... Era aquilo! E ele conhecia aquele rapaz... Era seu colega de infância, Jack! E ele reconhecia aquela posição! Aquele olhar! Aquela boca aberta com a saliva luminosa escorrendo pela bochecha! Não havia dúvida! O desgraçado estava jogando LoL. Mas como ele havia conseguido instalar o jogo em outro planeta...? Não custava ir perguntar...
Enquanto seus asseclas pilhavam a "batshop", Jane, a mortífera, observou que bem na esquina havia uma locação muito familiar. Não era familiar por qualquer detalhe, era o "Billy Burguers"!!! Ela tinha passado a vida entediada sem nada para fazer naquele lugar enquanto sua irmã a ignorava jogando LoL e seu pai não dava atenção às suas teorias sobre a hipocrisia do Universo. Era muito chato... Bem, isso até o dia que um cara matou um vampiro que tinha invadido lá dentro! Aquilo foi muito legal! E depois... Aconteceram muitas coisas... Apesar de toda sua frieza calculista enquanto planejava uma nova ordem universal, onde todos os seres que se consideravam racionais teriam que agir apenas se justificando pela razão... A pequena Jane começou a sentir saudades se lembrando do passado, e com isso resolveu entrar no lugar.
Lá dentro do Billy Burguers só tinha pessoas estranhas conversando, mas o volume diminuiu quando Jane, a mortífera, passou pela porta. Dava pra ouvir os sussuros
"É ela que matou o Batman?!"
"Puta que pariu! Deve ser filha do Coringa, ele não tava preso nesse planeta?"
"Será que é ela que vai ganhar as guerras? Acho que vai..."
Ignorando completamente distrações que poderiam ser facilmente eliminadas se ela quisesse, Jane vai olhando para os lados vendo detalhadamente o barzinho onde tinha passado praticamente sua vida toda. É realmente da forma que ela lembrava. Tem a TV onde nunca tá passando alguma coisa que valha a pena assistir, os velhos com cheiro de cigarro. Por que eles fumavam tanto? Até os odores estavam lá, em outro planeta. Ela se permite então a começar considerar quais eram as chances que aquilo tudo fosse real. E qual era a definição desse "real"? Infelizmente Jane havia ignorado demais as distrações ao seu redor enquanto viajava em sua própria mente. Ela não pôde perceber uma mulher ruiva de jaleco que se erguia por trás dela segurando... Uma arma! E então ela atirou na criança! Mas era um taser, saíram fios elétricos que fizeram Jane cair dura no chão. Isso chamou a atenção dos que estavam lá, inclusive um negão de terno que tomou um susto, falando: "Eita! Atiraram na criança?!"
Billy secava um copo e comenta com ele - É Jane, a mortífera. A irmã mais velha dela quase destruiu toda a existência quando ficou estressadinha com os amigos, agora ela é uma psicopata. Arrancou fora os olhos do cara que trabalhava vestido de Batman aqui do lado. Calafrios, cara, isso me dá calafrios. Não me surpreende que o pai delas não dê mais as caras por aqui.
- Quê? Espera. Pô, então essa menina teve uma criação desestruturada.
- Então você não é a favor que marginaizinhos como essa menina recebam punição? - Billy perguntou em um tom desafiador.
- Pera aí, pera aí. Essa é uma daquelas perguntas que me encaixam na Direita ou na Esquerda, não é? Peraí, peraí - ele segurou a cabeça com as duas mãos como se quisesse fazê-la parar de girar. - Droga, eu tô muito bêbado, não sei a diferença entre pra frente e pra trás, depois a gente continua essa conversa, eu tenho algo nobre a fazer. - Ele bateu a mão na mesa e se levantou com jeito de bêbado. - Você não pode atacar essa criança assim não, moça. RUARP! - ele arrotou.
- Por que não? Eu sou a mãe dela. Recuso conselhos de um bêbado como você, o pai inútil dela era igual. Inclusive frequentava esse mesmo lugar. - Ela falava com nojo e desprezo.
- Um bêbado como eu?! Quem você pensa que é pra falar assim comigo?
- Eu posso destruí-lo rapidamente, sou uma cientista muito além da sua compreensão. Só não vou fazer isso porque tenho que me livrar da garota falha que criei antes que faça mais mal ao mundo. A menina virou um monstrinho.
- Ué, uma mãe ausente de uma criança que teve um pai ausente não tem moral para chamar ela de monstrinho não, dona.
- Cara, tô achando que você é de Esquerda - comentou o Billy.
- Depois a gente resolve isso, já falei.
- Bêbado inútil - desprezava a cientista. - Você não é capaz de resolver nem a si próprio nesse estado deplorável.
- O quê?! - ele parecia ofendido. - Olha aqui, eu posso não ter entendido todas as palavras que você usa, mas eu não vou admitir que você me chame de bêbado assim não.
A mulher parecia preparar uma jaulinha de metal, onde provavelmente ia guardar Jane, a vencida. - Apenas um ser irracional poderia negar sua condição quando ela se apresenta tão clara.
- Mas eu... eu não fui sempre assim. Você... você não sabe a minha história.
- Histórias... são apenas histórias - um velho barbudo parecia dizer sozinho.
- Eu sei que... posso ser um fracasso, mas... - Ele ficou um tempo parado pensando, parecia que estava em outro mundo. - Já faz tanto tempo... Eu nem me lembro mais porque me acho um fracasso... Por que eu me odeio tanto? Acho que... eu simplesmente não gosto de quem eu sou. Eu me odeio e fico me lamentando antes de dormir, aí quando não consigo dormir venho aqui encher a cara... Acho que... Nem lembro mais quando comecei a me sentir assim...
Um cara coloca a mão no ombro dele - Desiste dessa, vai por mim - ele parece o Johnny Depp no filme "Edward Mãos de Tesoura". - Toma outra breja.
- Eu, eu... - ele continuava falando sozinho pensando em si mesmo. - Eu lembro que eu gostava de... brincar com meus amigos na rua.
Jogar futebol na praia.
Ler um gibi novo quando meus pais me compravam.
Ficar horas andando de bicicleta.
Dar presentes pra menina que gostava de sair comigo.
Fazê-la sorrir e dar risada.
Passear com meu parceiro e melhor amigo, o Jingle. Cuidar dele.
Ficar desenhando e inventando loucuras no chão de casa, na mesa ou em qualquer lugar!
Jogar RPG.
Deixar meus pais orgulhosos quando tirava uma boa nota.
Ver um filme legal no cinema com meus amigos.
Ficar com meus colegas malucos imitando personagens de filmes que gostávamos.
Eu... Eu... Não lembro de me sentir um fracasso fazendo essas coisas. Eu não lembro de... me odiar pra caramba e ficar me lamentando, só lembro de ver graça nas coisas. Eu... Eu não me sentia um...
otário...
um nerd...
um CDF...
um viadinho...
um fracassado...
um lixo...
um cabaço.
Acho que... eu só me sentia feliz.
A pequena jaula que a mulher arrumava estava com umas lâmpadas vermelhas acendendo, quando ela a fechou resmungando e fazendo sons de "Grrrr..." saiu andando em direção à saída.
- Ei, resolveu deixar a menina aqui? - Perguntou o negão. - Eu esperava que entraríamos em um combate de Dragon Ball.
- Vocês que se danem, isso não vale o meu tempo. Odeio ficar ouvindo chororô de macho - ela disse com raiva saindo pela porta.
- Eita.
- Parece que um ser que se diz 100% metódico e racional - comentou o velho barbudo que estava bebendo com ele - não consegue lidar muito bem com o que vem de dentro de outros... e existe dentro de todos nós.
- Ou talvez ela não fosse tão racional quanto acreditava.
- Pode ser as duas coisas - disse o Velho Jimmy Barbudo e voltou a beber alegremente com os olhos vesgos.
- Cara, como você aguenta beber tanto?
- Você não vai viver pra descobrir - disse um cara que estava se aproximando dele sem que percebesse. - Herege. Está profanando a bebedeira. A única forma de se divertir e ser feliz de verdade.
- Vamos anulá-lo - falava um outro como um zumbi - as coisas de nerd que ele fica falando não tem nada a ver, não devem ser ouvidas.
- É só um otário falando um monte de besteira. Vamo bater nele pra ver se ele aprende. Vê o que é bom mesmo.
- É, vamo encher ele de porrada pra ver se ele deixa de ser nerd.
O homem de terno realmente não estava com bons reflexos para se defender, ele ia apanhar feio. Mas isso não aconteceu porque de repente
os quatro caras que vinham pra perto dele tinham bumerangues com formato de morcego acertando suas jugulares que esguichavam sangue. Logo então os quatro caíram. Do chão Jane levanta apenas um braço e fala: - Quem encostar no negão vai ficar castrado.
Todos rapidamente sentaram de volta onde estavam.
Uma cena que a maior parte das pessoas preferiria não ver. Mas se você chegou até aqui, provavelmente já não espera mais nada que conforte sua imaginação. Pois bem... lá estava o Deus do Mal abanando suas asas voando em frente ao monstro feito 100% de fezes.
- Mas por que você fala comigo?
- Aquela que você acreditava trazer bondade não te ignorou completamente quando te viu, Cocô Hulk? Hum? Não te julgou pela sua aparência como todos os outros? Confie em mim...
- Ah, mas eu entendo o que ela fez. Todo mundo faz isso comigo por causa do jeito que eu sou.
- Não abandone seu orgulho! Não pense que está abaixo dos outros por ser diferente, por causa da sua aparência, Cocô Hulk! A forma que eles te trataram! Ninguém é merecedor disso! Eles não têm o direito! Mas eu conheço as pessoas... sei diferenciar ouro de lama. E você, Cocô Hulk, você já sentiu vontade de ser bom, não sentiu? Eu sei que sim.
- Er... É... Já! Eu já senti!
- Então você merece, Cocô Hulk, você merece seu lugar na luz. E provando que não conto mentiras, sou um Deus de valor caluniado por inverdades, eu lhe darei o que você quer Cocô Hulk. Eu lhe darei o máximo de poder que pode imaginar.
- Eu não posso acreditar... Eu não mereço!
- Merece sim, Cocô Hulk! Você merece! Só tem que fazer como eu mandar...
"Perto de onde estamos, aquela mentirosa, farsante, hipócrita, horrorosa que se promove como deusa da bondade e do amor está abrindo mão de sua onisciência investindo toda sua potência para jogar LoL! Pense em todo o sofrimento, toda a dor que você sente, Cocô Hulk! Sentindo que não há um lugar para você no Universo! Ninguém para te ouvir! Pense se não é justo que você tenha sua vingança?! Se trata apenas de tomar o que você merece! Há nada mais justo que isso!"
- Mas por que? Por que você está fazendo isso? Por que ajuda algo como eu?
- DESISTA LOGO E ACEITE SEU DESTINO! Você tem que parar de olhar esses seres de baixo pra cima! Eles te odeiam Cocô Hulk, e quer saber o que mais? Eles sempre vão te odiar!!! Mas isso não é razão para ficar triste! É razão para se unir a mim!
- Mas... contará com... destruição?
- É claro que contará com destruição! Que outra forma sensata haveria de fazer isso??? Você anda sofrendo à custa de outros, não? Ao invés de tomar o que deve ser seu, am? Quando foi invocado você estava estourando em popularidade nas Guerras Publicamente Expostas, não estava? Eu sei que estava. Todas as pessoas gostavam de vocêêêê... não ééééé...? - sua voz ficava mais grave e sombria - Por que não confere os status atuais no seu celularrrrrr????
O monstro então tirou seu celular e ficou olhando para ele.
- Quem está liderando as Guerras Publicamente Expostas, Cocô Hulk???
Ele continuou olhando pro celular.
- Janeeeeee... não ééééé??? Você se lembra dela...
- Sim.
- Eu só preciso que você me obedeça para realizar o plano, Cocô Hulk, mas de resto...? Só estou lhe expondo a verdade. Eu não me utilizo de ilusões, mensagens subliminares, trocadilhos ou grandes manipulações pra falar com você. Não utilizo mesmo. Percebe? Você tenta enxergar as coisas da melhor forma possível e agir da forma mais ideal, não perca seu tempo Cocô Hulk, não é essa sua função no Universo. Você precisa aceitar seu lugar em um plano maior. Esqueça o que os outros querem! Pense em você! Não se martirize por isso! Você só tem pensado um monte de besteiras! Apenas um monte de besteiras! Mas esse é o ponto que tudo vai mudar! Se me ouvir a luz será completamente sua! O que Jane, a mortífera, tem propagado nas Guerras Publicamente Expostas além de loucura, ódio, intolerância e violência? Hum? Não importa o que digam as pessoas, os auges de reconhecimento e popularidade sempre... seeeempre são alcançados por aqueles que mais desprezam a vida; que banalizam morte e violência...
- Ok, essas últimas imagens me convenceram, você está certo.
- Eu sabia que iam te convencer.
- Mas eu tenho uma pergunta.
- Pode dizer. Apenas lembre-se que cada minuto que passamos conversando é menos tempo que desfrutará de sua recompensa.
- Se a Deusa falsa é tão poderosa, as chances não são maiores dela me vencer? Quer dizer, meio que eu sou um bosta.
- Como eu disse, ela está distraída, Cocô Hulk. Você só precisa fazer como eu mandar. Ela nem ouvirá você chegando por trás dela. Então você usará dois dispositivos que transferirão os poderes infinitos dela... Para você!
- Impossível. Não pode existir "dispositivo" que faça isso.
- É claro que existe! Você ainda não confia em mim, ser ingrato?! Dediquei a minha existência eterna a criá-los. Aqui - ele abre a mão revelando o que parecem ser dois papeizinhos, como guardanapos, pretos enrolados.
- É isso...?
- Sim... Eu chamo de "fiozinhos do Capeta". Coloque um de cada lado da cabeça dela... e então você receberá o que é seu por direito, criatura.
- Oh! Então... "do capeta". Então você realmente é...
- Já me chamaram de muitos nomes, não se preocupe. Pode me chamar de... Riot.
- Riot?
- É, Riot.
- Tá bem.
- Então vá! Já passou da hora de rolar uma nova... cagada das galáxias...
Conclui...
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