Queimem
a bruxa! – com certeza esse foi o episódio mais brutal, grotesco e
maldito de histeria coletiva de que se tem registro. O caso das bruxas
de Salém é conhecido no mundo todo e ocorreu entre 1692 e 1693 em
Massachussetts, nos Estados Unidos. Tudo começou com duas garotas de 9 e
11 anos, a Elizabeth Parris e a Abigail Willams, que tinham convulsões,
espasmos violentos e gritavam incontrolavelmente do nada. O diagnóstico
médico? Bruxaria, é claro! Naquela época a sociedade do lugar era
extremamente religiosa e puritana, então tudo de ruim era vinculado ao
diabo. Aos poucos outras meninas do vilarejo de Salém começaram a
apresentar os mesmos sintomas. Pouco tempo depois, Tituba, a escrava da
família Parris, foi acusada junto com outras duas moradoras do vilarejo Sarah Good e Sarah Osborn de serem
bruxas e terem feito algum feitiço para as meninas, além de terem
obrigado elas a realizarem rituais obscuros onde se bebia sangue,
invocavam o demônio e realizavam pactos. Tituba então resolveu mentir e
acusar outras mulheres da cidade, tudo para se safar. A única coisa que
ela conseguiu foi implantar o caos e o pânico. A caça às bruxas começou e
25 pessoas acabaram sendo executadas de diversas maneiras, mas
principalmente na fogueira e na forca. A coisa ficou tão feia que até
homens e cachorros foram executados acusados de terem pacto com o diabo.
Cerca de 150 pessoas foram presas e o local das execuções ficou
conhecido como “Colina da Forca”. As pessoas eram constantemente
torturadas e as sentenças eram decretadas com base em provas
circunstanciais e evidências ambíguas. Hoje sabe-se que as meninas
mentiram, meio que de propósito, como numa brincadeira de muito mau
gosto. Há diversas teorias do porque as pessoas acreditaram nessas
mentiras, mas principalmente sobre o mal que acometera essas meninas que
morreram um tempo depois do início das convulsões. A mais aceita é de
que talvez o envenenamento por um fungo no trigo possa ter causado
alucinações nas pessoas do vilarejo e aí viam bruxas em todos os cantos,
sem contar que as crianças eram as mais afetadas e tinham convulsões e
espasmos. Claro que a hipótese de que tudo foi fruto do fanatismo
religioso não foi descartada. Seja como for, o juiz Samuel Sewall,
responsável pela execução e caçada, admitiu mais tarde que as sentenças foram um
erro e que ocorreu um exagero nas torturas e execuções.
O
terror do homem-macaco – que a Índia é estranha todo mundo já sabe, mas
em 2001 eles resolveram elevar a bizarrice pra um patamar acima.
Naquela época correram boatos de que uma criatura metade homem e metade
macaco estava atacando e matando as pessoas durante a noite. A criatura
era descrita tendo 1,2m de altura, pelos pretos, usava um capacete,
tinha garras longas e afiadas que pareciam ser de metal, olhos vermelhos
que brilhavam e três botões no peito. Cerca de 3 mortes foram
atribuídas ao homem-macaco quando as vítimas tentaram fugir e acabaram
se matando, outras 15 vítimas também relataram terem se machucado quando
fugiam do figurão que aparecia de repente em seus quartos. Sabendo dos
casos, a população entrou em histeria. Começaram a surgir mais e mais
relatos sobre o caso, mas nunca pegaram nenhum homem-macaco e também
ninguém podia provar fisicamente que ele existia. Entretanto, como tudo
na Índia, a criatura no final das contas foi vista como uma manifestação
do deus Hanuman do hinduísmo.
Terror
no cinema – algum engraçadinho gritou “fogo!” no cinema Oberdan em São
Paulo em 1938. O pânico foi imediato. As pessoas saíram correndo
desesperadas, algumas tentavam sair dali para salvar seus filhos e
outras tentavam apenas salvar sua própria pele. Várias pessoas acabaram
sendo pisoteadas e ficaram machucadas. Pelo caminho até a saída do
prédio só restaram os sapatos dos desesperados e mais de 30 mortos.
Entretanto não houve incêndio algum e alguns espectadores relataram
terem ouvido os gritos de outro espectador que via uma cena em que dois
aviões se chocavam. A polícia, no entanto, tirou outra conclusão: um
garoto precisava ir ao banheiro e não encontrava o lanterninha
(lembre-se de que naquela época as salas não tinham a iluminação fraca
no chão que as salas modernas tem hoje, portanto um funcionário com uma
lanterna ajudava os clientes a saírem da sala quando precisavam), mas de
alguma forma conseguiu chegar ao banheiro que tinhas as luzes apagadas.
Para ver onde estava e o que estava fazendo, ele acendeu um jornal e
fez uma tocha. As chamas assustaram outro espectador que passava em
frente e este começou a histeria gritando aos 4 cantos do cinema sobre o
falso incêndio.
A
marvada Coca-Cola – sempre tem alguém tentando demonizar o refrigerante
mais famoso do mundo e em 1999 quase conseguiram. O fato que aconteceu
na Bélgica foi que a imprensa iniciou uma série de reportagens de
relatos sobre envenenamentos por Coca-Cola. O resultado? Histeria
coletiva, é claro! Mais de 100 estudantes foram hospitalizados,
incluindo crianças, e todos tinham os mesmos sintomas e causa: o
refrigerante. Diziam que a Coca-Cola tinha um odor forte, sabor estranho
e coloração incomum. Temendo o pior, o Ministério da Saúde belga baniu a
empresa, causando um prejuízo de milhões à empresa. De fato havia um
fungicida presente no exterior das latas, mas a quantidade era tão
insignificante que a intoxicação era impossível. E o líquido? Não tinha
nada de errado com ele.
O
milagre do sol – em 1917, 3 crianças afirmaram ter visto a Virgem Maria
em Fátima, Portugal. A santa disse às crianças que um dia apareceria
pela última vez e faria um milagre para que todos acreditassem em suas
aparições. Cerca de 70mil pessoas se reuniram em Fátima afim de ver a
aparição milagrosa. Tinha chovido o dia inteiro, mas de repente o sol
apareceu por entre as nuvens, mudou de cor e girou. Alguns relataram que
parecia ser um objeto circular do tamanho da Lua e que fazia movimentos
em zigue-zague. Houve ainda quem relatou que suas roupas molhadas pela
chuva secaram mais rápido do que o normal e que paralíticos, cegos e
outros doentes foram imediatamente curados. O acontecimento durou 10
minutos e as 3 crianças afirmaram terem visto Jesus, Nossa Senhora da
Conceição e São José abençoando a multidão. O interessante é que algumas
pessoas da multidão não viram nada daquilo no dia. Não foi reportada
nenhuma anomalia solar e acredita-se que algumas pessoas sofreram uma
espécie de alucinação visual por ficarem olhando diretamente para o sol
tempo demais (isso por si só explicaria a mudança de cor do sol e ele
girando ou tremendo). Até hoje alguns fiéis que fazem uma peregrinação
ao local são encorajados a olhar diretamente para o Sol. Mas cuidado, isso
pode prejudicar a sua visão!
Coceira
Bin Laden – em 2001 aconteceu o ataque terrorista às torres gêmeas.
Depois dessa tragédia, milhares de crianças e adolescentes começaram a
apresentar erupções cutâneas na pele que coçavam muito. Algumas duravam
horas e outras duravam semanas, mas sumiam um tempo depois (não, não era
sarampo ou catapora). O problema é que os Estados Unidos estavam
passando por uma paranoia sobre o terrorismo, então obviamente o caso
foi visto como bioterrorismo. Estariam os terroristas atacando as
pessoas de forma sutil com algum gás ou pó como o antrax? Apavorados, os
pais lotaram as emergências médicas e muitos estudantes ficaram semanas
fora das escolas. Na verdade não era nada de anormal. Crianças sempre
tem erupções cutâneas quando ficam em aglomerações, como as das escolas.
É uma espécie de reação do sistema imunológico. Também foi descoberto
que muitos espertinhos lixavam a pele para faltarem às aulas. Some tudo isso ao pânico gerado pelo terrorismo e você terá a receita perfeita para uma histeria em massa. O caso
ficou conhecido como “Bin Laden itch” (coceira Bin Laden).
O
ataque das viúvas-negras – em 1659, o papa Alexandre VII foi informado
que um grupo de mulheres estava envenenando seus maridos na Itália. O
grupo se encontrava frequentemente para discutir como seria a emboscada,
mas as mulheres acabaram presas e punidas. Outras 30 mulheres foram
banidas do país depois de serem chicoteadas. Mas isso não inibiu algumas
mulheres que tentaram (algumas até conseguiram) envenenar seus maridos
na França. Restou apenas aos maridos entrar em pânico e criar uma
histeria em massa.
Os
pequenos latidores – em 1676, as crianças de uma escola de um orfanato
em Hoorn, Holanda, de repente começaram a agir como cachorros, latindo e
andando como os animais. Segundo os registros do teólogo Balthasar
Bekker, que viu tudo com seus próprios olhos, a cena era assustadora.
Primeiro as crianças tinham um olhar estranho e depois se jogavam no
chão, se comportando como cachorros. E quem era o culpado de tudo isso? O
diabo, é claro! Compadecidas, as pessoas rezavam nas igrejas pela
salvação das pobres criaturinhas. Tudo finalmente acabou quando as
crianças voltaram para as suas famílias.
O
maníaco imaginário – Mary Gladhill andava por uma rua na Inglaterra
numa noite de 1938 quando começou a ser perseguida por um homem munido
de um martelo. Segundo ela, o figurão usava chapéu, sobretudo, sapatos
com fivelas brilhantes e era muito mau encarado. Ele gargalhava e
ameaçava arrebentar a cabeça dela com o martelo. A polícia não encontrou
ninguém. Na noite seguinte a vítima foi Gertrude Watts, que relatou o
mesmo figurão. Cinco dias depois e Mary Suthcliffe foi a nova vítima,
relatando que agora o homem tinha uma navalha e que isso explicava seus
ferimentos nos braços e face direita. Logo o maníaco ganhou o nome de
“Matador de Halifax”. Nos dias que se seguiram, outras mulheres
relataram terem sido perseguidas pelo maluco com facas, porretes,
navalhas e martelos, o que foi um prato cheio pra imprensa
sensacionalista. Por fim a Scotland Yard foi chamada para averiguar o
caso e tentar pegar o maníaco. Todo dia surgiam novos relatos de
mulheres em pânico. Entretanto os casos começaram a ficar estranhos: o
figurão tinha sido visto no mesmo horário, mas em locais diferentes, sem
contar as características físicas que mudavam significativamente como
tamanho dos cabelos e barba, estatura, sotaque, etc. Uma vítima surgiu
com cortes horríveis no rosto e relatou ter sido atacada a garrafadas na
porta de um pub, mas o local sequer tinha funcionado naquela noite como
foi constatado posteriormente. Vários suspeitos foram presos e
interrogados. Parecia que toda agressão a mulheres era atribuída ao
matador de Halifax. Um psiquiatra conversou com as vítimas e constatou
que algumas tinham machucado a si próprias com cacos de vidro e facas
para provar o ataque de um maníaco que sequer existia. A histeria só
terminou quando os jornais publicaram toda a história e botaram em xeque
a veracidade dos acontecimentos. E a história voltou a ser notícia em
1956 em Taiwan e em 1965 em Taipei, com dezenas de vítimas e um maníaco
imaginário.
Sumiu!
– africanos e asiáticos olharam para baixo e...ué, sumiu? Bem, pelo
menos era o que eles pensavam que estava acontecendo. Houveram diversos
relatos de que os pênis de muitos homens estavam retraindo cada vez mais
até sumirem por completo, o que terminava em morte certa. Desesperados,
os homens usavam agulhas, ganchos, cadarços, linhas de pesca ou o que
estivesse disponível para impedir a retração a qualquer custo, mas a
única coisa que conseguiram foram lesões, algumas graves. O pior surto
aconteceu em Singapura em 1967. Tinha até a crença de que um lote de
vacinas tinha contaminado a carne de porco que, quando consumida,
afetava o pênis e matava o homem. Mas tudo não passava de um boato e as
autoridades fizeram campanhas maciças para explicar à população de que
era anatomicamente impossível de acontecer algo desse tipo. O caso ficou
conhecido como “Penis Panic”.
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Parte 1
Parte 3
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