“Olá. Meu nome é Warren Ellis, eu gostaria de
fazer uma gangbang no seu cérebro. Se
prepare, pois vou colocar nela um pouco de tudo. Mitologia grega, nórdica,
Marvel, DC, teoria das cordas, kaijus,
cinema antigo, HQs Pulps que talvez
você não tenha ouvido falar, História geral do século passado, Teorias de
Conspiração e por fim uma peça de quebra-cabeça em cada capítulo dos 26 que vão
compor esse estupro memorial e referencial. Meu parceiro nisso tudo vai ser o
excelente ilustrador John Cassaday,
seu desenhos conseguem ser detalhados, realistas e possuir um dinamismo
cinematográfico sem usar uma única onomatopeia! Você está pronto, gracinha?”
É sério. Era isso
que deveria ter de introdução no primeiro número, juro. Conheça um mundo que
parece ser o nosso, mas não é o nosso, onde a sensação de déjà vu é extremamente
proposital, visto que um dos objetivos da série é fazer provocações e
referências a respeito de vários arquétipos, ao tempo em que promove um enredo
onde “o que aconteceria se...?” É a realidade principal, só não se apegue muito
a solidez dessa mesma realidade, visto que o enredo mostra que na metade do
século passado já havia um mapa dimensional mapeando 196.833 dimensões.
Mandando spoilers, alguns exercícios criativos praticados na série:
·
O que
aconteceria se... A trindade alternativa da DC fosse assassinada antes de se
encontrarem?
·
Tarzan
morasse em Wakanda?
·
Os
Iluminattis daquele mundo fosse uma assembleia de heróis “pulps” dos anos 30?
·
O mundo
ser uma marionete de uma versão maligna do Quarteto Fantástico que rouba as
principais tecnologias do mundo para sí?
·
John
Constantine e Spider Jerusalém fossem a mesma pessoa?
·
Não
exista céu, apenas um hardware gigante armazenados de ectoplasma?
Imaginou? Interessante? Excêntrico? Curioso?
Descartável?
Junte ao fato de termos um enredo desconexo.
Isso mesmo, onde aparentemente podemos acompanhar de qualquer número, já que em
sua maioria são histórias fechadas, cada qual com uma personalidade própria,
tanto que até o logo “Planetary” é
algo que nunca se repete de uma edição a outra.
Daí você começa a ler e acompanhar que uma srta. Jakita Wagner (resistência,
super-velocidade e força sobre-humana) e um rapaz chamado Baterista (poder de se comunicar e controlar qualquer matéria
informacional e eletrônica) vão recrutar um velho moribundo que sempre está
vestido de branco, cujo nome é Sr. Snown (habilidade de congelar virtualmente
qualquer coisa a seu alcance). Lendo descompromissada mente, você vai vendo que
Snown tem modestos cem anos de idade, é teoricamente imortal e possuí a maioria
dos segredos do século XX na sua cabeça. Logo perceba que não existe nenhuma
aleatoriedade presente na obra inteira, e que tem em mãos (ou na tela do PC) um
quase impecável quebra-cabeças... Particularmente, só metade da edição 26# me
desagradou, eu esperava mais do final, mas asseguro que as 25 edições
anteriores são muito boas. Se ainda não leu, corrija esse erro como eu corrigi,
e como Alan Moore aconselhou no prefácio dele (Planetary vol. 1, Panini
Comics):
“De agora em diante, tente pensar como um
Planetário.”
Eu estou.
E você?
Nota: 9.3
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Até o próximo.
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