Leonardo é um garoto como outro qualquer, ou quase isso. Se você está esperando que eu dê uma sinopse completa vai ficar decepcionado, eu tenho 3 regras básicas para review: Primeira, nada de spoilers, spoiler não é coisa de gente de caráter; Segunda, nada de sinopse, o preguiçoso dos preguiçosos ainda é capaz de catar a caixinha do DVD e dar uma lidinha na contracapa, eu não estou me propondo a apresentar a história para um ignorante, eu falo a quem sabe e aqui entra a terceira regra, review é pra dissecar as entranhas da obra, não ficar na superfície mas talvez pescar aquilo que extrapola sem necessariamente estar explícito.
Um dos maiores feitos que uma história pode alcançar é quando nos convence de que os personagens são reais e te faz se importar com eles, sentir o que eles sentem. O melhor roteiro do universo nada é se você não se importar com o personagem. Mas quando te convence que é real, te faz sentir o que ele sente se preocupar com o que vai acontecer... Bem, esse é o pulo do gato. Essa é a mágica da coisa. Essa é a promessa que o cinema nos faz.
Leonardo é um garoto como outro qualquer, talvez ele estude na sua classe, talvez ele esteja agora estudando na sala ao lado. Ele é de carne e osso, ele respira, ele sangra e com a sua história te arrebata e quando se dá conta você já embarcou e nem viu. O roteiro acerta no tom realístico, com os garotos bebendo vodca escondido dos adultos ou os encrenqueiros da classe, nada tem aquela cara de ficção inventada, tudo é muito palpável, os diálogos são tão viscerais que é difícil acreditar que não se trate da observação de um acontecido real. E precisamente essa é a mágica da coisa. O filme te puxa para dentro, não tem como não sentir.
Uma vez alguém disse, em algum lugar, que os humanos inventaram a ficção como forma de exercitar sua mente e seus sentimentos, da mesma maneira como as abdominais seriam para os músculos. Se for assim, Hoje Eu quero Voltar Sozinho/The Way He Looks são umas doze horas de malhação intensa. Um esforço que vale a barriguinha sarada depois.
Aí alguém em algum lugar vai dizer que eu encerrei a resenha sem mencionar um detalhe vital na natureza do filme. Mas aí é que está, acho que não é por aí. Não tem aquela proposta destruidora de paradigmas que era o mote em Do Começo Ao Fim, nem foi feito para ser uma bandeira como o hino Fuck You da Lily Allen. Não é por aí. Essa história existe num contexto contemporâneo sem rótulos, estereótipos ou etiquetas. Leonardo é um garoto como outro qualquer. Mas um que arrancou uma nota 9,5 do Ozymandias Realista.
- Ítalo Azul -
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