Stevhan Wayne: O CONSTANTINE DA VIDA REAL!!



Bem-vindos ao meu primeiro post, e desta vez é um conteúdo que tenho planejado há vários anos e nunca tive a oportunidade de finalizar. Nada melhor do que publicar hoje, 10 de Maio, data de aniversário do personagem original do título Hellblazer, que se em não tivesse acabado em Hellblazer #300, poderia estar comemorando seus 72 anos hoje em alguma história, nem que fosse em um asilo... Durante o primeiro ano de sua primeira fase escrita por Jamie Delano em 1988 o John completara 35 anos e cinco anos depois (tanto na HQ, quanto no mundo real) comemoraria seus quarenta anos em uma ótima história da fase do Garth Ennis em Hellblazer.


E que Constantine é real nós já sabíamos. 

Há muitos anos, tive a oportunidade de descobrir, graças ao próprio criador das capas de Hellblazer, Tim Bradstreet, a identidade da pessoa que inspirou a criação das capas com John Constantine. Stevhan, cunhado de Tim, desempenhou o papel de modelo fotográfico para o personagem.

Todas as fotos usadas neste post foram retiradas do perfil do próprio Tim Bradstreet e estão públicas; nenhuma segurança foi violada. Comentários em negrito dos próprio Bradstreet.


 

“Esta foi uma das nossas primeiras sessões de fotos de 98.” – Descreveu Tim.

 

 

“Stev como Constantine folheando uma cópia de Gangland #1”

 

A colaboração entre Stevhan e o artista foi marcada por momentos extremamente divertidos, e o resultado desse trabalho conjunto permanece eternizado nas capas de Hellblazer. As informações que obtivemos é que Stev também fumava, e quando fez as fotos que serviram de inspiração já estava sem fumar há alguns anos. Era também um músico; Tim dizia que Stev era o próprio John Constantine. Stevhan era irmão da esposa de Tim Bradstreet, sendo o rosto do personagem principal da principal série de quadrinhos da DC/Vertigo, HELLBLAZER.

 

 Perdemos Stevhan na manhã de 20 de maio de 2009. Estas são fotos pessoais de algumas sessões fotográficas que foram feitas entre 1998 e 2006.


“Stevhan leva Constantine de volta aos primeiros dias, quando ele liderava a banda punk Mucous Membran.”

 

 


“Caso você não tenha notado, o personagem John Constantine fuma MUITO. Ironicamente, Stevhan abandonou o hábito logo no começo.”

 

 

“Dois amigos do escritor Brian Azzarello se apresentam como os irmãos Fermin do arco da história, "Boas intenções"


‘Sempre considerei esta foto a quintessência de John Constantine. Diz tudo sobre JC.’





 

‘Se algum dia eu tiver a chance de fazer outro cover do Hellblazer, eu realmente gostaria de usar esta foto.’ 


O Stevhan morreu aos 40 anos.


Stevhan foi o modelo para o personagem de quadrinhos John Constantine em "Hellblazer", já que seu amigo íntimo Tim Bradstreet era o animador. 

 Hoje (quarta-feira, 20 de maio de 2009) meu amigo Spiro me ligou para contar que nosso bom amigo Stevhan Gobble morreu em um acidente de scooter a caminho do trabalho em Chicago.  Ele tinha 40 anos.

 Como sempre, dói muito perder alguém que amamos, e só posso imaginar a dor que sua noiva Brenda e a família de Stevhan estão passando.  Meu coração está com eles.

 Conheci Stevhan há 7 a 8 anos, quando trabalhávamos no mesmo restaurante.  De certa forma, Stevhan e eu éramos uma dupla estranha como amigos.  Nos anos em que o conheci, Stevhan tinha um cinismo e uma agudeza que talvez não combinassem perfeitamente com meu otimismo otimista.  No entanto, rapidamente nos tornamos amigos, pois fui atraído pela energia única de Stevhan, como tantos outros.  Eu simplesmente gostava de estar perto dele e me esforçava para descrever seu efeito sobre mim com muito mais detalhes do que isso.  Posso dizer com segurança que ri pelo menos uma vez e aprendi pelo menos uma coisa nova em cada ocasião que compartilhamos.

 Nós dois saímos do restaurante.  Nos víamos menos, mas nunca nos afastamos.  Como sempre acontece com os que partiram cedo, tenho “desejos” infinitos para Stevhan.  Mais tempo.  Mais uma risada compartilhada.  Um destino mais fácil para Brenda, junto com Stevhan.  Um envelhecimento confortável.  Pequeno Stevhans.  Uma bebida partilhada onde dois idosos conversam e partilham uma memória de 40 anos.

 Entre todos aqueles desejos de arrependimento que acompanham nosso amigo falecido, é claro que eu, egoisticamente, gostaria de vê-lo mais e conhecê-lo melhor.  Nos últimos anos, parecia-me que Stevhan estava mais feliz e que a ponta afiada agora estava suave.  Eu gostaria de ter certeza, mas acho que ele amadureceu e se tornou paciente.  Estou tão feliz por ele que pareceu encontrar essa paz na vida.  Essa evolução sutil, mas central, juntamente com os planos que ele tinha com Brenda, tornam a dor da perda repentina terrivelmente aguda.

 Fazíamos questão de nos ver quase sempre que eu voltava para Chicago.  A última vez que o vi foi na última noite da minha mais recente viagem para casa, em março de 2009. Tínhamos nos visto três vezes na semana anterior, o que foi mais do que o normal.  Eu simplesmente olhei para ele na varanda da frente e disse: "obrigado, cara, até mais".  E acho que ele disse "não se eu te ver primeiro".  Eu gostaria de refazer aquele adeus casual.

Nota do Ozy: Esse post foi escrito há quase três anos, ou há pelo menos exatos dois. A ideia dele foi discutido pela Rey comigo por um bom tempo, e ele havia sido colocado nos rascunhos aqui nessa exata data no ano passado. Ao fim de cada ano, a Rey me perguntava "será que esse ano aquele post sai?", e eu dizia, claro que sim. Até que agora pouco, ela me lembrou que hoje era novamente outro 10 de Maio, um que eu quis fazer diferente. Fica aqui, o post publicado, minha protelação parcialmente vencida e o meu pedido de desculpas público pela demora. 
Tim Bradstreet, além do Glen Fabry são os meus dois capistas preferidos dos quadrinhos até hoje, de uma forma que eu nem discuto sobre, e cada qual a sua forma, soube sintetizar uma parte substancial de cada edição que eles precisavam vender a um leitor casual que passasse pela banca, eles são a exceção daquela regra de "nunca julgue um livro pela capa". E em tempos de capas cada vez menos inspiradas, e em especial que não tem muitas vezes nada a ver com a história do quadrinho, esses caras fazem capas, em especial o Bradstreet. O Constantine dele foi a "melhor adaptação live action" do personagem, mesmo sendo só em capas. O amigo e modelo dele conseguia personificar a persona autêntica do personagem de uma forma que nenhum dos seus interpretes conseguiram, mesmo sem dizer uma única palavra. É pesado ver há quanto tempo ele se foi, mas como ficou imortalizado em cada arte. Uma curiosidade, é que enquanto eu editava esse post e upava cada uma das imagens, notei um "Nick Cave" escrito em uma camisa do Stevhan. Só vim conhecer esse músico no final do ano passado para cá, enquanto descobria uma versão sua para a música "Mercy Seat".
"Tropecei" nessa música, quando após ler dois livros do Bukowski no ano passado, me ocorreu o seguinte pensamento: sabe uma coisa tão foda quanto esse universo aqui do velho safado e que cairia como uma luva, caso eu fosse fazer uma heresia um filme disso aqui? Johnny Cash. E pesquisei os dois termos juntos no Youtube, imaginando se alguma música do Cash não poderia ter alguma menção a isso. Ao que logo fui levado a essa música, que eu deixo legendada abaixo:


Mas, e o Nick Cave? Bem, eu tinha assistido as cinco primeiras temporadas de Peaky Blinders anos antes, em coisa de uma semana, e pela velocidade, eu não tinha reparado que havia uma versão extremamente foda dele também para essa música, uma das raras vezes que vi alguma versão rivalizar com algo feito pelo Cash:

Fim do meu complemento. Se eu fosse fazer um post sobre isso, provavelmente viraria outro rascunho.
Já conheciam o Stevhan? Qual sua capa preferida da fase do Bradstreet como capista? Chegou a gostar do Hellblazer modo "A Outra História Americana" do Azzarello? Discutam livremente nos comentários.