Recentemente, o Twitter, a rede social mais esperneante de todos os tempos, foi tomado de um ódio extremamente intenso contra uma personagem de anime chamada Uzaki-chan. O porquê desse ódio todo é claro: chilique de feminista. Mas o interessante é ver como a coitadinha da Uzaki-chan tornou-se o bode expiatório de toda a bile venenosa que as feministas têm contra personagens de animes e super-heroínas e vilãs dos comics.
O pecado que Uzaki-chan cometeu na realidade foi chamar a atenção. Ela é a protagonista do mangá/anime Uzaki-chan wa Asobitai! e teve o azar de ser escolhida para ser o símbolo de uma propaganda da Cruz Vermelha japonesa de doação de sangue. Coitados dos japas, até mesmo quando são bem-intencionados, são criticados. Ao ver a propaganda da Uzaki-chan, uma feminista do Twitter surtou e atacou violentamente a pobre garota de anime, a acusando de ser sexualizada e exigindo que a Cruz Vermelha japa censurasse a propaganda. Obviamente que o braço japonês da Cruz Vermelha cagou para isso, mas já era um prenúncio do que estava por vir.
Finalmente, o anime da Uzaki-chan estreou no Japão, e, graças à pirataria, logo estreou no Ocidente também. Serei sincero e confessar que não assisti ao anime, mas li que o enredo é bem bobo. Uzaki-chan é uma garota de 19 anos hiperativa que tenta animar seu colega de faculdade bunda mole. Basicamente, o enredo é esse. É um ecchi inocente, até onde um ecchi pode ser realmente inocente. Mas foi só o anime chegar ao Ocidente que a pobrezinha da Uzaki-chan logo começou a sofrer ataques furiosos no Twitter. Mas, afinal de contas, qual o problema da Uzaki-chan? Na verdade, ela tem dois problemas: um do lado direito e outro do lado esquerdo. As feministas do Twitter odeiam a personagem porque ela é peituda, logo “objetificada”. Simples assim.
Uma das feministas do Twitter desenhou Uzaki-chan da forma como “deveria ser”, mais realista, desrespeitando a ilustração original do anime. Outra fez uma arte em que Uzaki-chan tinha a cabeça arrancada por uma personagem masculinizada do jogo The Last of Us 2. Sinceramente, tanto ódio progressista me assusta. Uzaki-chan foi o anime cancelado de 2020. Pelo jeito, todo ano teremos um anime vítima da cultura do cancelamento a partir de agora.
No ano retrasado, o anime cancelado foi Goblin Slayer, por causa do estupro coletivo de uma garota por goblins. Engraçado é que esses cancelamentos sempre vêm do Ocidente. No Japão, ninguém se incomoda com essas coisas. Quem somos nós para criticar a cultura pop japa?
Não estou dizendo que essa cultura de cultuar as lolis, as garotas sexualizadas de animes e mangás, não seja em certo ponto problemática. Ela é, mas esse é um tema bem complexo. Não sou psicólogo. Não tenho propriedade para afirmar se alguém gostar de lolis é algo nocivo. Há personagens lolis em profusão no Japão. Uma das mais famosas é a personagem Rei Ayanami de Neon Genesis Evangelion, por exemplo. Um dos primeiros mangás que li foi Video Girl Ai, e me surpreendi ao ver que havia nudez e seios de meninas no mangá, apesar de ele não ter nada muito pesado com relação a sexo, apenas um erotismo leve mesmo.
No entanto, a implicância da lacrolândia com não é apenas com as lolis, é com toda personagem feminina sexualizada. Prova disso é Aika, que é uma personagem adulta de anime, mas ainda assim odiada pelas feministas.
Entretanto, é mais do que sabido que a fúria das feministas e dos progressistas não se limita às personagens de anime. Já há muitos anos que as personagens ocidentais de comics têm sofrido esse patrulhamento implacável. Acredito que a correspondente ocidental a Uzaki-chan seja a Poderosa da DC, porque ela também tem uma “comissão de frente” generosa e é acusada há muitos anos de ser um símbolo da sexualização das heroínas de quadrinhos.
A história da Poderosa nos quadrinhos é um tanto confusa, pois ela teve muito retcons. Originalmente, ela era Kara Zor-L, a priminha do Superman da Terra-2; ou seja, era a Supergirl dessa terra. Com Crise nas Infinitas Terras, inventaram uma origem atlante para ela; origem essa que foi desfeita na saga Crise Infinita, em que se revelou que ela sempre foi a prima do Superman da Terra-2.
Com o passar dos anos, os desenhistas foram desenhando os seios da Poderosa cada vez maiores, e um deles, não sei se Adam Hugues ou outro, teve a brilhante ideia de fazer um decote no uniforme da personagem, para destacar seu belo peitoral. Logo, Poderosa tornou-se a personagem mais peituda da DC e alvo de muitas anedotas por conta disso, mas, como eram os anos 80 e 90, ninguém reclamou nem achou ruim. Quem não gostava era uma minoria silenciosa.
Evidentemente que tudo mudou com o advento das redes sociais; afinal de contas, antes da internet, a gente nem sabia que feminista lia quadrinhos, não é mesmo? E logo a coitada da Poderosa foi alvo da fúria da galera do lacre do Facebook, Twitter etc. Os ataques virtuais eram mais danosos que kriptonita. Por ser peituda, a personagem tornou-se o bode expiatório de todas as personagens de comics ditas sexualizadas ou objetificadas.
Que o alvo das críticas não era somente a Poderosa, mas também todas as personagens femininas de comics, isso é óbvio, mas ela era meio que a vidraça para onde jogavam pedras, exatamente porque era uma das que mais chamavam a atenção. No entanto, vamos conferir o tamanho do estrago que as feministas do Twitter tem feito no meio dos quadrinhos.
A Mulher-Hulk, que era uma das preferidas da molecada onanista, graças à épica fase de John Byrne, perdeu toda a sua feminilidade e volúpia e ficou uma baranga musculosa; agora realmente é uma versão feminina de seu primo. Vampirella e Sonja tiveram seus trajes mínimos alterados uma época. Porém, graças a Deus, a editora Dynamite foi sensível à reclamação dos fãs, e logo as personagens voltaram a ter pouca roupa.
A super-heroína mais famosa da DC e dos quadrinhos, Mulher-Maravilha, também sofreu tentativa de ser “mais vestida”. Por um breve período, ela vestiu calças e jaqueta. Felizmente, a editora percebeu o desagrado dos fãs e desfez essa reformulação de vestimenta. Mas, com relação à Mulher-Maravilha, tem de fazer-se um grande parêntesis, pois a personagem teve várias mudanças de vestimenta ao longo dos anos, inclusive a versão “agente secreto”. Infelizmente, a versão com calção estrelado não deve voltar e só ficar no zeitgeist dos leitores boomers mesmo. Ou então nas lustrações comerciais de José Luis García-López.
É o mesmo caso da Hera Vernenosa; uma das mais conhecidas vilãs do Batman, perdeu o maiô sensual e agora usa um traje completo. Hera de maiô, agora só nas histórias antigas.
Claro, estou falando de personagens de comics adultas. Nos EUA, realmente eles se preocupam mais em não sexualizar personagens femininas menores de idade. Apesar de que isso não foi sempre verdade. Kitty Pryde dos X-Men era underage, mas ainda assim era desenhada mais “mionzinha”. Ao contrário da nova Miss Marvel, Kamala Khan, que é praticamente uma tábua, sem peito e bunda.
Por falar em tábua, não dá para deixar de mencionar a nova She-Ra, que parece um menino em sua versão da Netflix, tsc.
Enfim, sendo direto e reto, para concluir. A lacrolândia não odeia especificamente Uzaki-chan; ela detesta todas as meninas peitudas de anime. Assim como não odeia somente a Poderosa, mas todas as personagens de comics, até a Mulher-Maravilha. Se fosse pelas feministas, ela usaria burca. Uzaki-chan e Poderosa são bodes expiatórios apenas porque chamaram mais a atenção. A verdade é que todo mundo odeia lacração, mas o patrulhamento dos social justice warriors aparentemente nunca terá fim. Essa é a droga do mundo contemporâneo.
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