Bem, parece um momento para recomendar alguns gibizinhos, não concordam, amigos?! Já que temos que ficar em casa por causa do coronavírus, eu não sou exceção, e claro que não vou deixar de aproveitar a oportunidade para escrever um pouco pra vocês. É o terceiro post dessa série, você pode conferir os primeiros nos links a seguir:
Confesso que esses posts não fazem muito sucesso em número de visualizações, mas como sempre tem comentários elogiando e pedindo mais, acho que vou continuar fazendo. É uma forma prática de comentar sobre várias HQs.
10-Exterminador do Futuro vs Robocop
A maior parte dos crossovers são estúpidos. Ainda mais se são feitos nos anos 90, unindo personagens de duas franquias de ação do cinema. Mas nesse caso aqui, apesar dos dois colaboradores superstars, Frank Miller (roteiro) e Walt Simonson (desenho) estarem longe do auge de suas habilidades, consegue ser um título bem divertido! A liberdade que eles têm de fazer uma sequência dos filmes sem se prender em nada (passamos longe de ver a cara do Arnold ou da família Connor) traz um roteiro livre que conta com várias surpresas!
9-A Vida Secreta de Londres
Essa coletânea trata de várias histórias sinistras relacionadas com a cidade de Londres. O que mais chama atenção é o super-elenco de colaboradores! Neil Gaiman, Dave McKean, e principalmente Alan Moore! Há um tom bem underground: histórias em preto e branco, politicamente incorretas e sem muita preocupação em ser grandiosas. Sendo uma coletânea, há algumas bem melhores que outras, mas no geral agrada. Edição da Veneta é caprichadona como sempre.
8-Ragnarok
Série feita pela IDW, protagonizada por um Thor zumbi que sobreviveu a um Ragnarok, sem entender direito porque se encontra em sua situação. O que diferencia é que o autor/desenhista é Walt Simonson, responsável pela melhor fase que o Thor da Marvel já teve. Aparentemente sem limitações editoriais, esse Thor caveira é bem mais violento e nos mostra uma aventura completamente nova. Surpreendentemente, os desenhos de Simonson só melhoraram, diferente de seus colegas famosos da época, como John Byrne e Frank Miller.
7-Concreto
Se trata de um homem aprisionado em um fortíssimo corpo de pedra que lhe confere algumas habilidades notáveis, como super força e visão. "Concreto" então tem que adaptar seu papel a civilização, fazendo seus contatos com o governo, a mídia e o show bis. Já vi pessoas clamando que era uma das melhores HQs já feitas, por isso o início me deixou desapontado. Temos um belo de um clichê, um humor bobinho e um triângulo amoroso. Apesar de em pouco tempo Paul Chadwick fazer alguns experimentalismos valorosos com os desenhos, o roteiro continuava bem fraquinho. Em algumas partes surpreende com passagens bem adultas envolvendo sexo, mas sem se tornar um quadrinho tosco e apelativo. Eu fiquei admirado mesmo quando, poucas edições depois, Chadwick nos leva ao passado para mostrar a origem do Concreto!
Apesar de ser extremamente simples, sem nenhuma ideia revolucionária a la Alan Moore, a narrativa é apaixonante, eu fiquei impressionado! Me pareceu uma ficção científica exemplar! Ainda não tive a oportunidade de ler os outros volumes, mas tendo chegado até aí me senti certo que no início Chadwick estava apenas se adaptando ao universo que criava, depois ficando mais à vontade. Tenho que ler o resto! Quem sabe aí volto aqui pra passar uma impressão mais completa a vocês!
Deixei sublinhado o Volume Um, porque daí pra frente a série só foi decaindo, com um breve suspiro de diversão em "2009", mas o último volume "A Tempestade" foi tão ruim, que é difícil achar alguém que tenha lido até o final. O "Volume Um", porém, é uma visão do paraíso. Como o próprio autor define, é uma Liga da Justiça formada por personagens da literatura fantástica clássica da Inglaterra, se unindo personagens de livros como "Drácula", "O Médico e o Monstro", "20.000 Léguas Submarinas", "Sherlock Holmes" e "O Homem Invisível". Moore amarra tudo muito bem e também caracteriza os personagens maravilhosamente, todos bem cinzentos e defeituosos em personalidade e comportamento (um dos personagens é introduzido estuprando uma menor...). Os desenhos do O'Neill talvez tenham sido usados da forma que mais me agradou até hoje. É divertido demais, você sente que toda história de aventura devia ser cativante assim.
5-Akira
Clássico supremo das HQs japonesas, os entusiastas do nicho piraram ano passado com a tardia publicação completa da série no Brasil. Em um Japão distópico acompanhamos alguns jovens motoqueiros fora-da-lei, que são uns belos de uns filhos da puta, até que o paranormal entra em suas vidas. Um dos colegas, Tetsuo, atropela uma criança enrugada feia pra dedéu e começa a ter manifestações estranhas, ficando cabeçudo e poderoso. Os problemas se desenrolam com desenhos lindamente detalhados em uma história de ação que não parou de influenciar o mundo da cultura pop até hoje. Apesar de ser possível fazer uma leitura traçando paralelos com o mundo real (eu mesmo não conseguia deixar de relacionar a promessa de retorno de Akira com a de Jesus Cristo), não acho que subestimo o produto o apresentando como de ação, visto que o próprio autor, Katsushiro Otomo, já falou que não teve a intenção de transmitir qualquer ideia política com a obra. Mas o fato de nos entusiasmar a refletir sobre essas condições já dá mais crédito a Akira.
4-Top Ten
Nos anos 90 o Alan Moore fez alguns títulos na Image, um dos meus favoritos foi o "Top Ten". Aqui o barbudo viajou muuuuuuuuuuuito. Ele te ambienta em um universo onde nada é ordinário. Cada cidadão (e até os animais) é algum tipo de entidade, robô, mutante, alien e coisas do tipo. Então acompanhamos a rotina do Distrito 10, que é um departamento de polícia da região. A criatividade do Moore com temas de fantasia se mostra infinita. Cada pequeno detalhe é curioso, engraçado e inteligente. Se você desfruta de histórias de fantasia faz tempo, "Top Ten" é um prato cheio de referências infinitas e inteligentes, desde a mitologia nórdica até as Meninas Super Poderosas. Deixo como aviso que já conheci muitas pessoas que não curtiram essa série, mas procurei ser preciso e sincero na análise.
3-Persépolis
Deve ser o parente mais próximo de "Maus" que achamos por aí. Lembro até que na biblioteca em que eu peguei ficava um do lado do outro. É uma biografia em preto e branco tratando de muitas questões políticas em um contexto autoritário. A autora e protagonista, Marjane Satrapi, acompanha a revolução que trouxe o regime xiita na infância, e acompanhamos sua vida pessoal conforme ela entra em contato com ideias, com o mundo intelectual, costumes culturais e outras coisas que acontecem na vida de todo mundo. É uma HQ muito elogiada e com razão. Legal que dá pra encontrar baratinho, pela Amazon mesmo. Só senti falta da autora ter guardado algo grandioso, nem que fosse uma reflexão ou ponto de vista, pro final, que não causa mais impacto que o resto da obra.
2-Drácula
P-E-R-F-E-I-T-O. Sei que muita gente não gosta do filme do Copolla, apesar de eu curtir, mas essa HQ é super recomendada. Você tem um livro clássico do Bram Stoker, que foi adaptado pelo Copolla com o Gary Oldman e o Anthony Hopkins, dois dos melhores atores que já existiram. Eis que... fazem uma versão em quadrinhos, uma colaboração do Roy Thomas com o...? MIKE MIGNOLA! Ficou perfeito, foi o último trabalho que o Mike fez antes de criar o Hellboy, e devo dizer que não sendo autoral parece que ele capricha mais nos desenhos. Após décadas no limbo, a HQ foi recuperada em formato físico, e a competente Editora Mino não demorou em trazer pros brasileiros. Só não gostei de terem tirado as cores, eu gostava colorido (mas isso não foi escolha da Mino, nos EUA fizeram assim também).
1-Estranhos no Paraíso
Essa foi uma das maiores surpresas que já tive com HQs em toda minha vida. Eu sempre ouvia falar e um dia tive a oportunidade de ler as primeiras histórias. Você vê duas amigas jovens adultas que dividem um apartamento: uma é Kachoo, artista piradona e excêntrica, outra a Francine, mais normalzinha. E daí em diante é o quê? UMA NOVELA! Eu odeeeeeeeeeeeio novelas! Tá entre as coisas que eu mais desprezo, é muito chato, e às vezes até alienante. Eu tive certeza que não ia gostar, porque era um pacote completo: polêmicas sexuais, traições, gente saindo do armário, ciúmes, namorinho, paquera... Pra minha imensa surpresa era divertidíssimo! Eu não conseguia parar de ler! E nem posso negar que tem esses elementos de novela, porque tem mesmo! Não é como se depois eu tivesse descoberto que era ficção científica na verdade! O Terry Moore consegue ser tão engraçado que eu me peguei querendo ler todo o resto enquanto continuasse tão divertido. Essa tarefa vai ter que ser adiada já que depois de muita demora pra republicarem...
R$110 a edição... São seis... |
Eu posso ter curtido, mas sou fã de Hulk e Demolidor. Desembolsar 100 mango pra ler novela já é forçar a amizade. Mas por enquanto posso garantir que o primeiro volume ao qual tive acesso foi surpreendentemente divertido! Quem sabe um dia eu leia o resto...
2 Comentários
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