Última leitura. Batman:
Cavaleiro Branco no 8 da Panini. Nesse número, encerra-se a
história escrita e desenhada por Sean Murphy, a respeito de uma realidade em
que o Coringa fica “são”. Vale dizer que esse plot já foi abordado antes, na
história “De volta à sanidade”, de J.M. DeMatteis e Joe Staton. Porém, aquela
era uma história do Batman do pós-Crise, e essa é “elseworld”. Como o universo
de “Batman - Cavaleiro Branco” não faz parte da continuidade do Batman, fica
mais fácil levar em consideração as liberdades criativas, que foram muitas.
No enredo, depois de um
confronto brutal com o Batman e de tomar umas pílulas, o Coringa retorna para
seu lado são, como Jack Napier, que é inclusive o nome original do vilão no
Batman de 1989, de Tim Burton, e também na série animada de 1992. Na realidade,
o universo que Murphy criou foi uma versão mais adulta, suja e sombria do
universo da série animada. Esteticamente, ele bebeu bastante do desenho. Está
certo que a graça do Coringa sempre foi ele ter nome e identidade
desconhecidos, mas, para essa história, até que fez sentido. Jack
Napier/Coringa decide processar a polícia de Gotham por apoiar o vigilantismo e
consegue o apoio da opinião pública, deixando o comissário Gordon com o cu na
mão. Com isso, o Coringa são se tornou um adversário mais engenhoso e perspicaz
que o Coringa insano.
O vilão/benfeitor de Gotham
ainda consegue controlar os outros vilões de Gotham por meio da tecnologia do
Chapeleiro Louco e usando o Cara de Barro. Murphy foi até bem corajoso nessa
HQ, pois ele chega a matar o Alfred de doença. Está certo que é uma história
elseworld, mas ainda assim é o Alfred quem morre. Também há uma espécie de
redenção do Sr. Frio nessa história, que revela ter relações com Thomas Wayne.
Batman fica cada vez mais isolado e perde apoio de aliados como Gordon e Asa
Noturna, ao mesmo tempo em que Jack Napier cria sua divisão especial na polícia
de Gotham. A maior ameaça que se configura para os planos de Napier nem é o
Cavaleiro das Trevas, que é neutralizado, mas uma Arlequina fake que se nomeia
a nova Coringa.
Ao final, a personalidade
insana do Coringa volta a se manifestar em Napier. Achei no geral essa uma boa
HQ. Tem seus pontos falhos e problemas, mas nada que comprometa muito a
história. E termina de forma até surpreendente, dando gancho para outras
histórias desse “Murphyverso” do Batman. Os desenhos de Sean Murphy são
competentes, mas um tanto rebuscados e poluídos, lembrando a arte de alguns
quadrinhos da Vertigo. Essa é uma história meio “Vertigo” do Batman mesmo. Nota
8 de 10.