Esse filme já me chamou a atenção primeiramente por ter uma atriz tão bela como a Margot Robbie e em toda a publicidade do filme ela aparecia assim, com cara de louca e descabelada, apesar da maquiagem (parece que tem uma personagem de HQ que ela fez assim, mas não sei qual é, não reconheço). Em segundo, no trailer do cinema apareceu uma crítica aspeada que dizia "o Bons Companheiros da patinação". Eu pensei, tá aí um elogio que chama a minha atenção, e já preparando o rancor caso não fosse tudo isso, já que nunca andei tão cético quanto a produções artísticas, em um tempo onde sai o melhor filme de super-heróis de todos os tempos todos os semestres e em um país que já teve Renato Russo, Cazuza e Cássia Eller mas dizem que em 2017 temos o primeiro artista gay fazendo sucesso... Eu nunca caguei tanto pras sugestões populares como cago atualmente. Pra quem não sabe, "Bons Companheiros" é um daqueles filmes indispensáveis, considerado um dos melhores da história, definição que eu assino em baixo.
É um (ou o...) filme de criminosos dirigido pelo Martin Scorcese |
O filme com Margot Robbie mostra a história real de uma patinadora norte-americana. Loirinha e bonitinha, a Tonya havia sido criada no subúrbio por uma mãe que poderia estampar a capa de um folder sobre abusos parentais. Ela é interpretada pela atriz Allison Janney, que se transforma 100% em uma pessoa desagradável que não trata bem ninguém. Esse contraste entre a beleza de uma patinadora e a vida abusiva que ela teve desde pequena (tanto em níveis verbais quanto físicos) é justamente o que o filme usa pra ter sua identidade irônica.
A mãe doida |
Desde o início os atores são colocados falando como entrevistados de frente pra câmera, simulando uma reportagem que estaria sendo feita no tempo futuro ao filme, perguntando a todos os personagens sobre os acontecimentos da história enquanto ela se desenrola pra quem assiste. É bem feito e divertido, compartilhando o tom de humor negro e irônico de todo o resto. O filme vai mostrando a vida da Tonya, na parte pessoal e o que se segue até ela virar uma patinadora famosa mundialmente. No filme é dito que ela era a segunda pessoa mais famosa do mundo na época, como isso vai até um ano antes de eu nascer, não dá pra eu opinar o quanto é verídico ou liberdade poética. Além da mãe doida, há outros personagens que são interessantes e importantes.
Tem o namorado dela, que é um imbecil de merda que não presta pra nada, e o amigo dele que é um dos personagens mais notáveis que você verá, eu garanto, é mais notável ainda parar pra pensar como o cara existiu de verdade. Apesar da gente nunca saber o que foi real, o filme te mostra que muitos dos fatores mais chamativos da história realmente rolaram. Tirando a principal, todos os personagens são bem exagerados e unidimensionais, eles são sempre só aquele tipo de gente mesmo, a treinadora é boazinha, a mãe é horrível, o namorado não presta, o outro é maluco e inútil. Mas não dá pra não reconhecer que isso funciona pro tom de humor que o filme tem mesmo tratando de tantas coisas horríveis. Houveram polêmicas muito incomuns na carreira da patinadora, não vou dizer pra não passar spoiler, mas apesar de não ser a história mais louca e improvável do mundo, é diferenciado e já torna a existência do filme mais valiosa.
As cenas de patinação são muito bem feitas, sem qualquer economia, acredito que tenha havido alguma dublê, mas não cheguei a conferir, de qualquer forma, é muito legal de ver. Destaque pra trilha sonora, deve ser uma das melhores do momento, há muitas faixas de rock alternativo, contando com alguns clássicos que você deve reconhecer. Sabe a trilha sonora do Guardiões da Galáxia 2 que você tava esperando mas não teve? Então, ela está em "Eu, Tonya". Eu bati bastante na tecla do tom de humor negro do filme, que traz sua identidade, vou aproveitar a comparação com "Bons Companheiros" da crítica profissional pra exemplificar.
Apesar de no "Bons Companheiros" você dar risada o tempo todo, mesmo que de nervoso, enquanto acontecem as piores coisas possíveis, no Tonya é um tanto mais triste. Há momentos engraçadíssimos, mas quando intercala com as partes pesadas a diferença é bem maior. Acredito que isso se deva pela diferença do contexto. Com gangsteres a gente sente menos sensibilidade, pois já são criminosos, agora uma adolescentezinha caipira dá bem mais pena, tem essa diferença, você sente mais que é uma história triste. Mas mais uma vez, é outro elemento que contribui pra singularidade da narrativa.
Saca como apesar de ser uma patinadora profissional, a instabilidade emocional da personagem tá sempre estampada na cara. |
Eu fico batendo nessa tecla desse filme ser único porque ele me prendeu do início até o momento que os créditos JÁ estavam rolando. É realmente muito bom! O que eu destaquei de diferencial ao ter uma atriz tão bonita fazendo uma personagem assim esculachada eles seguram até o fim! Não tem aquele momento revelação, "oh, agora é o momento dela, ela está toda bonita!" que nem "Carrie, a Estranha" e "O Diário de uma Princesa". Um contraste, já que o único filme que eu havia visto com essa atriz tinha sido "O Lobo de Wall Street", onde o papel dela é justamente ser a gostosona femme fatale. Ela já está concorrendo a prêmios de melhor atriz, acredito que esse filme vai ser um excelente marco na carreira dela, já que me parece que nos outros mesmo tendo destaque, ela sempre dividia o holofote com outros artistas como Leonardo DiCaprio e Will Smith. Tem essa personagem aí de gibi aí que ela fez, mas como já disse, eu nem ligo...
Preciso nem falar que recomendo, né? Afinal, se a comparação com um dos melhores filmes já feitos não chega a soar como um exagero covarde pra atrair as pessoas, óbvio que é um grande filme! Vale a pena pra públicos de diferentes tipos, já que se trata de uma boa história e foi bem contada!
A atriz com a patinadora na vida real, já meio coroa (o filme vai até ela ter uns vinte e poucos anos). |
O quê? Algum de vocês quer discutir como o autor parou de ver filmes de super-heróis, mas não resiste a soltar indiretas sobre eles o tempo todo? Ah, quem sabe em outro momento...
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