Depois de falar sobre meu Top 10 da Marvel, chegou a hora de falar um pouco sobre meu Top 10 da DC (pré-Novos 52) com meus heróis preferidos. E, mais uma vez, a lista é influenciada por algumas fases específicas que esses personagens passaram. Segue a lista:
Depois de Crise nas Infinitas Terras, a DC promoveu a reformulação de seus três principais heróis – Superman (John Byrne), Batman (Frank Miller) e Mulher-Maravilha (George Pérez). Embora eu goste da origem do Superman pelo Byrne no arco Man of Steel (e dos desenhos é claro), acho que as outras histórias que foram publicadas na revista “Superman” e “Action Comics” apenas razoáveis. O Batman Ano Um do Frank Miller é um clássico imbatível, mas as histórias mensais publicadas em “Batman” e “Detective Comics” também eram apenas razoáveis (não se esqueça que isso é apenas a Opinião do Planeta, ou seja, a minha opinião, ok). No caso da Mulher-Maravilha, além dos excelentes desenhos (que eu já gostava desde a época dos Novos Titãs), as histórias do Pérez eram muito bem trabalhadas, mesmo para a época. Ele desenvolveu bem a mitologia e a origem da Mulher-Maravilha, as “tramoias” dos deuses do Olimpo, e até mesmo o Steve Trevor foi um personagem bem desenvolvido.
9. Xeque-Mate
Quando comprei a revista DC 2000 Nº 1 (Editora Abril) vinha na capa a estreia desse grupo, além da Mulher-Maravilha do Pérez e o Homem-Animal do Grant Morrison (que seria publicado na edição Nº 3), ou seja, simplesmente a melhor revista que um fã de HQs poderia comprar. Inclusive essa revista se apresentava como “a revista uma década à frente”, no que eu concordo plenamente. Bem, o Xeque-Mate era um grupo de espionagem sem superseres, e isso era um conceito bem interessante para mim, já que o universo DC sempre foi recheado de heróis super poderosos. O grupo tinha esse nome porque sua hierarquia se baseava nas peças de um xadrez mesmo, e como não havia especificamente personagens considerados como “os principais” tudo podia acontecer. Excelente série, até mesmo bem violenta para a época.
8. Questão
Um herói que vivia se indagando sobre várias coisas, inclusive sua própria motivação em combater o crime. A primeira vez que li sobre o Questão foi na revista Batman Nº 1 (lançado pela Editora Abril em 1987, e que trazia a estreia do Batman Ano Um – só coisa boa). E logo na primeira história ele enfrentava a Lady Shiva e aparentemente morria. Isso me deixou chocado, já que eu ainda era moleque na época, e lembro de ficar bem impressionado com o nível de violência da luta entre os dois e não via a hora de chegar logo a edição seguinte. Essa fase escrita pelo mestre Dennis O’Neil é simplesmente fantástica, e muito à frente do seu tempo. Confira uma matéria muito bacana sobre essa fase clicando aqui.
7. Nuclear
Meu primeiro contato com as histórias do Nuclear foi na revista Superamigos (publicado pela Abril) e mostrava uma fase muito boa escrita por John Ostrander. O Nuclear é um herói que se formava através da fusão do professor Martin Stein e o estudante Ronnie Raymond (parece um nome que o Stan Lee gostaria de ter inventado). A fase que eu acompanhei foi muito boa, e mostrava que o professor Stein descobriu que tinha um câncer e pouco tempo de vida. Então, os dois decidem que o Nuclear deveria aproveitar esse tempo para fazer um desarmamento nuclear (um tema muito comum nos anos 80). Havia algumas dúvidas como – se o professor Stein morresse, o que aconteceria com o Nuclear? Como os outros heróis iriam encarar essa atitude do Nuclear invadindo outros países que tinham armas nucleares sem pedir permissão?
O clímax dessa saga aconteceu na revista Super Powers Nº 12 e tem a participação da Liga da Justiça e do Esquadrão Suicida. Vale a pena correr atrás em sebos!
6. Esquadrão Suicida
E por falar em Esquadrão Suicida, mais um título que era escrito pelo John Ostrander, que sempre teve uma pegada mais política nas suas histórias. Imagine um grupo sancionado pelo governo formado por vilões. Cada missão que eles cumprissem, suas penas diminuiriam. Para garantir que ninguém escapasse, era implantado uma bomba que detonaria se eles tentassem fugir. O grupo era completamente disfuncional e ainda tinha a líder Amanda Waller (bem melhor do que sua versão dos Novos 52). Ela era “jogo-duro” e, apesar de não ter nenhum super poder, todos temiam ela, mesmo sendo vilões assassinos, era muito hilário.
As histórias tinham um ritmo bem acelerado e, igual ao Xeque-Mate, você nunca poderia prever o que poderia acontecer com os personagens, já que eram todos os vilões, e as missões sempre eram “suicidas”. A história em que o Batman descobre a existência desse grupo (que também era chamado de Força Tarefa X), onde ele invade a prisão Belle Reve e encara a Amanda Waller, foi muito engraçado.
5. Lanterna Verde
Acho impressionante o conhecimento que o roteirista Geoff Johns tem do universo DC, dá pra perceber que o rapaz é fã mesmo. O trabalho que ele fez à frente do Lanterna Verde foi tão bom, que passou a ser um dos meus heróis preferidos (antes eu nem ligava pro personagem). Johns criou toda uma mitologia até mesmo inserindo outras cores do espectro emocional, cada um com sua tropa e suas próprias características. Ele até mesmo soube como dar destaque para os outros lanternas da Terra como o John Stewart, Guy Gardner e Kyle Rayner. Mas, acima de tudo, ele desenvolveu com detalhes o Hal Jordan, sempre mostrando suas motivações e o que levava o Jordan a ser como ele era – tanto no lado heroico, quanto no lado “irresponsável”. Mesmo nos Novos 52, Johns soube como continuar essa saga enorme, adaptando para o universo rebootado. E o clímax onde o Sinestro tem uma conversa final com o Hal foi de arrepiar (não vou contar para não dar spoilers, mas leia, que vale a pena – Green Lantern New 52 #20).
Como eu já disse, além das histórias do Xeque-Mate, a revista DC 2000 também trazia o Homem-Animal de Grant Morrison – um clássico imperdível (começou a ser publicado em DC 2000 Nº 3). Acho que antes disso, o Homem-Animal era um herói de último escalão – quem iria se interessar por um herói que “roubava” os poderes de outros animais, era casado, tinha dois filhos, ativista dos direitos dos animais e um ator de filmes B? Bem, Grant Morrison se interessou e criou toda uma mitologia em torno do herói. Havia várias cenas que eram colocadas nas histórias que, na hora, eu achava que não era nada, mas no futuro, se revelava muito importante. Por exemplo, tem uma história em que a filha Francine vê o vulto de uma figura humana perto de sua casa, mas depois, nada mais é revelado. Só no futuro, ficamos sabendo de quem se tratava, e foi uma revelação surpreendente. Tem uma história chamada Evangelho do Coiote (DC 2000 Nº 7) que é imperdível. Tive de ler três vezes seguidas para começar a entender o que o Morrison quis dizer naquela história, se bem que, ainda tenho minhas dúvidas.
Quando a Editora Abril começou a publicar os heróis da DC, lançou três revistas – Super-Homem, Batman e Heróis em Ação. A revista Heróis em Ação Nº 1 trouxe a estreia dos Novos Titãs de Marv Wolfman e George Pérez, e eu gostei muito da história e dos desenhos também, tinha um traço mais realista e “flexível”, bem diferente dos desenhos mais “duros” da Marvel (por exemplo, os desenhos do John Romita ou do Sal Buscema). Apesar de ser um grupo de jovens, eles acabavam enfrentando inimigos de “adultos” como Trigon e Exterminador. Mesmo assim, as habilidades individuais trabalhando como uma equipe sempre fez com que o grupo conseguisse superar vilões poderosos. E tinha também o desenvolvimento dos personagens, cada um tendo seus próprios problemas para resolver – como a indecisão de Wally West em ser um herói ou não, os problemas familiares do Ciborgue, a incerteza de Donna Troy não saber sua verdadeira origem, o Robin querendo ser independente do Batman, a Estelar tentando ser feliz e livre num mundo que não é o seu, o Mutano que, por ser um jovem subestimado, acabava se tornando o lado humorístico do grupo (igual ao Homem-Aranha) e a Ravena então, nem se fala.
Depois da dupla Wolfman/Pérez, ninguém mais conseguiu manter a boa qualidade das histórias, até que, em 2003, Geoff Johns assumiu o título e foi muito bom. Ele aproveitou seu vasto conhecimento do universo DC e trabalhou vários conceitos antigos dos Novos Titãs (da era Wolfman/Pérez) e o resultado ficou muito bom.
Em 1987 a dupla J.M. DeMatteis e Keith Giffen, com desenhos de Kevin Maguire, criaram sua versão da Liga da Justiça – foi o cúmulo da diversão! Muito bom! Na verdade, quase ficou em 1º lugar no meu Top 10.
Depois da saga Lendas, a dupla de roteirista tinha que reformular a Liga da Justiça, mas não poderia usar alguns dos membros fundadores como o Superman e a Mulher-Maravilha porque eles teriam suas origens recontadas. Mesmo assim, a equipe composta por Batman, Caçador de Marte, Besouro Azul, Shazam, Canário Negro, Guy Gardner, Senhor Destino, etc foi uma combinação perfeita para a proposta humorística. Todos os membros, embora muito mais poderosos, temiam, ou pelo menos respeitavam o Batman, que estava exageradamente autoritário. Quando o Gladiador Dourado entrou na equipe e acabou fazendo dupla com o Besouro Azul, fez tanto sucesso, que até hoje, é lembrado! Max Lord, na época, um empresário, viu na Liga, uma oportunidade de criar um grupo internacional com sedes em vários países, o que acabou culminando na criação da Liga da Justiça Europa com Mulher-Maravilha, Homem-Animal, Poderosa, Capitão Átomo, etc. Houve também a inclusão de um vilão alienígena chamado Lorde Mangá Khan e seu robô escravo chamado L-Ron, e a relação entre os dois era hilário. A participação do lanterna verde Gnort, que era desprezado por todos os membros também foi muito engraçado. Houve dois retornos dessa versão da Liga com as revistas “Nós Já Fomos a Liga” e “Não Acredito Que Não é a Liga da Justiça”, ambos já lançados pela Panini e igualmente divertidas, também criadas pela dupla DeMatteis e Giffen e desenhadas pelo Kevin Maguire.
Cheguei a ficar na dúvida entre o Batman e a Liga da Justiça Internacional sobre o 1º lugar na lista. O motivo é que eu achava as histórias mensais do Batman (pós-Crise nas Infinitas Terras) apenas razoáveis. Só deu uma melhorada quando o Ed Brubaker e o Greg Rucka assumiram as histórias no final da década de 90 e o Grant Morrison da década de 2000, mas aí já era quase no final da fase pré-Novos 52. Só que os arcos lançados em forma de encadernados foram muito bons – Cavaleiro das Trevas Retorna, Ano Um, A Piada Mortal, Longo Dia das Bruxas, Vitória Sombria – só clássicos. Inclusive o Cavaleiro das Trevas e o Ano Um tinha um roteiro bem mais adulto e bem mais elaborado para a época (anos 80). Sim, o Frank Miller já foi um gênio e tem seu merecido lugar no rol dos grandes roteiristas de HQs. É justamente por esses motivos que eu coloquei o Batman no meu Top1, além do fato dele ser um herói sem super poderes, mas muito inteligente, a ponto de solucionar crimes e criar todo um arsenal para que ele possa atuar.
Bem, como deu para se perceber, tirando o Lanterna Verde, todos o resto do meu Top 10 se deu devido ao que a DC produziu no seu universo pós-Crise nas Infinitas Terras. Foi a fase que eu mais acompanhei e gostei muito. Apesar de ser ainda na década de 80, eu achava as histórias da DC bem mais elaboradas do que as da Marvel. Talvez por isso, até hoje, eu seja 55% DC e 45% Marvel. Inclusive, apesar de ter muita coisa ruim, eu considero os Novos 52 uma excelente e corajosa iniciativa da DC. Mas isso fica pra outra hora.
Por Roger
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