Quem me acompanha no Ozymandias Realista, já deve ter percebido que sou um fã de super heróis. Mas, antes de me interessar por esse gênero, minha paixão era pela mitologia grega, os contos sobre guerreiros, deuses, monstros e aventuras, como os 12 trabalhos de Hercules e a Odisseia.
Mas, a história que eu
era fã foi a Ilíada, um obra feita pelo poeta Homero que contava sobre os
eventos do Cerco de Troia, uma grande guerra entre os gregos e o povo de Troia,
após o príncipe deles, Paris, ter seduzido Helena, esposa de Menelau.
Junto com a Odisseia, a
Ilíada é considerada uma das obras
mais icônicas da mitologia grega, tendo sido recontada e adaptada em várias
formas de mídias, com a mais conhecida tendo sido o filme “Tróia” de 2004,
estrelando Brad Pitt e Eric Bana.
Por ser um evento tão marcante da mitologia grega, claro que a Guerra de Tróia seria referenciada em histórias que tem como base elementos da mitologia.
Um desses exemplo foi nas
revistas da Marvel Comics, com o caso que será discutido nesse texto sendo uma história
“Trovão sobre Tróia”, que foi escrita
por Roy Thomas, com a arte de John Buscema, e publicada em Thor Annual 08, em 1979.
Trama
A história começa quando Thor e Loki, após uma batalha contra os gigantes de Jotunhein, encontram uma fissura que pode ser uma entrada secreta para o Olimpo.
Quando Loki entra
na fissura, Thor o segue mas perde seu irmão ao chegar em uma galeria de
cavernas. Escolhendo uma das passagens, Thor acaba sendo transportado para uma
região nos arredores de Troia.
Tendo perdido sua
memória no processo, o deus do trovão, enquanto explora o local, salva a vida
de um troiano chamado Eneias. Formando uma amizade com o guerreiro, Thor é
recebido em Troia, aprendendo sobre o confronto dos habitantes da cidade contra
os gregos, que tem cercado os muros da cidade por 9 anos.
Depois de testemunhar
os olimpianos tendo interferido num duelo entre Paris e Menelau para decidir o
resultado da guerra, Thor, recuperando suas memórias, viaja ao Monte Olimpo, onde ele descobre que aquela
passagem o levou não só ao Olimpo, mas também ao passado.
Sabendo do risco que o
asgardiano representa para o espaço-tempo, Zeus ordena que Thor retorne a sua
época. No entanto, ao ver seu amigo Enéias ser ferido em batalha, Thor decide
lutar pelos troianos, levando-o a ter que confrontar a fúria do soberano dos
deuses do Olimpo.
Uma
carta de amor a Ilíada
Embora pareça entranho
que Thor, uma figura da mitologia nórdica fazer referência a um evento da
mitologia grega, não é incomum, visto que a versão da Marvel já teve aventuras
com outros seres de outras cultura mitologias, como visto em suas histórias
envolvendo Hércules (que foi introduzido em Journey
Into Mystery annual 1, de 1965).
O que torna “Trovão
sobre Tróia” tão diferente de outras aventuras do Thor com elementos da
mitologia grega é o tamanho respeito e fidelidade que Roy Thomas dedica ao
poema de Homero, conseguindo apresentar em apenas 35 páginas vários momentos
importantes do poema, incluindo o duelo de Aquiles contra Heitor e os gregos
usando o plano do cavalo de madeira.
Mas a edição está longe
de ser resumida apenas por batalhas e momentos épicos. Com Thor agindo como os
olhos do leitor, Roy Thomas cria uma história que explora as temáticas a Ilíada
trazidas por Homero sobre guerra, decisões e a consequências que as ações de um
podem ter em outros.
Embora a guerra de
Tróia possa ser vista como essa batalha épica dos gregos derrotando os troianos
e resgatando uma rainha capturada, existem interpretações que aprofundo
conflito político, onde nem os gregos ou troianos são retratados como puramente
bons ou maus. São todos guerreiros envolvidos nessa situação por causa de suas
decisões ou de outros (os troianos tendo que lutar contra os gregos porque o
Paris se envolveu com Helena, os gregos precisam lutar contra Troia, devido ao
juramento que fizeram a Agamenon, irmão de Menelau).
Por isso foi um
movimento genial do roteirista em ter Thor formando uma amizade com Enéias
(famoso troiano que sobreviveu ao confronto) e com os troianos, permitindo a
história humanizar os troianos e dando ao final dela um impacto melancólico,
conforme Thor aprende sobre o destino cruel que cai sobre Tróia.
Como uma verdadeira
tragédia grega, essa história pode ter momentos épicos e algumas liberdades
criativas, porém nunca ignora tristeza do drama humano presente nos
protagonistas.
Considerações
finais
Sendo um fã de super
heróis e mitologia, “Trovão sobre Tróia”, para mim, é o melhor dos dois mundo.
É uma aventura que apresenta uma história épica do Thor, mas, ao mesmo tempo,
faz um belo tributo a um dos maiores clássicos de literatura.
Apesar de ter umas
cenas que eu desejaria que fossem mais longas e desenvolvidas (principalmente o
lado dos gregos), o que Roy Thomas e John Buscema produziram já é foi uma
leitura divertida e recomendável, principalmente para aqueles que desejam
conhecer mais sobre mitologia grega e suas epopeias.
Nota
8/10
Então é isso! Qual a
opinião de vocês quanto Trovão sobre Tróia? Sintam-se a vontade para colocar
suas opiniões e ideias nos comentários abaixo






