Retrospectiva Melhores histórias do Hulk (Era de Prata/ Era Marvel)

 



É outubro, mês do Halloween, a época onde são celebrado figuras de clássicos de terror, como fantasmas, vampiros e monstros.

Durante esse mês irei apresentar uma retrospectiva das melhores histórias de um personagem que combina com a temática do dias das bruxas,  principalmente na parte envolvendo monstros: O Incrível Hulk.

História de criação

O Golias Esmeralda foi uma criação da dupla Stan Lee e Jack Kirby, em 1962. 


Sendo um grande fã do filme Frankenstein(1931), Stan Lee foi muito inspirado pelo personagem vivido por Boris Karloff, vendo-o não como um vilão, mas sim uma figura incompreendida e perseguida pelos aldeões assustados.




Outro clássico de terror que Stan Lee se inspirou  foi "O Médico e o Monstro", com o conceito do protagonista poder se transformar em seu alter-ego, criando uma dualidade entre as duas figuras


.



Nesse primeiro capítulo da retrospectiva, irei falar das melhores histórias do Hulk em seus primórdios na era de prata (conhecida por alguns fãs como a Era Marvel), e também de hqs importantes, que contribuíram para ele se tornar o ícone que é agora.

Vamos começar...

 

A vinda do Hulk (The Incredible Hulk vol.1 nº01)



Apropriadamente, a primeira história citada nessa lista é que introduz fãs ao golias verde.

Escrita por Stan Lee e Jack Kirby, a primeira edição do Hulk gira em torno do cientista Bruce Banner que, durante o teste de sua invenção, a bomba gama, descobre que um adolescente, Rick Jones, invadiu a zona de teste. Para salva-lo, Bruce alcança Rick e o joga numa trincheira, porém acaba sendo pego pela explosão se sua bomba.

Quando desperta no hospital, Banner estranha ter sobrevido a radiação gama. Sua preocupação logo se torna um choque quando, ao cair da noite, ele se transforma num monstro brutamontes de pele cinza, batizado pelos soldados de Hulk. Com Rick Jones sendo o único que sabe de sua dupla identidade, Hulk tenta escapar do exército, que o vê como uma ameaça, e impedir a formula de Banner de ser roubada por um espião soviético. No entanto suas ações acabam chamando a atenção do Gárgula, um cientista russo deformado que vem a América capturar o monstro.

Pelo estilo mais sombrio da arte do Kirby e o visual do Hulk, já é possível notar  as influências dos clássicos de terror, com o conceito do protagonista ser um homem capaz de se transforma num monstro incompreendido... se bem que “incompreendido” não é a palavra 100% certa para descrever o Hulk, visto, em conjunto com diferencias obvias (ele ser cinza e se transformar só de noite), o grandão se mostrava sendo um pouco mais inteligente e tendo uma personalidade bem mais imprevisível, não agindo por interesses nobres, um aspecto que o ajudou a se destacar dos heróis da Marvel que estavam surgindo na época.

Tenho que comentar também no desenvolvimento do Gárgula, que é introduzido como um vilão, porém no final, se revela ser uma vítima dos experimentos de seus líderes. Evidente que isso é uma clara propaganda americana da guerra fria, porém, quando analisado, representa uma temática das histórias do Hulk, de que, em ocasiões, monstros não são definidos por suas aparências físicas, e, as vezes, são aqueles no poder, indivíduos que abusam de seus privilégios e status, que são os verdadeiros monstros.

 


O Monstro & A máquina (The Incredible Hulk vol.1 nº04 a 06)



Em suas primeiras histórias, o Hulk tava muito longe de ser considerado um super herói. Maioria das vezes o personagem interferia no esquema dos vilões por acidente e era o Bruce Banner quem tinha que salvar o dia.

O ponto de virada aconteceu a partir da terceira edição, quando o gigante verde, ao ser exposto a raios cósmico, passa a ter sua mente controlada pelo Rick Jones. Embora isso permitiu o sidekick conter os ataques do golias verde, isso também o impediu de voltar a ser Bruce Banner. Para poder ajuda-lo, Rick, usando um aparelho de Banner, consegue restaura o doutor a sua forma humana. No entanto, Bruce logo revela que aquele aparelho pode ajudá-lo a se transforma no Hulk mantendo sua consciência, permitindo ele usar o poder de seu alter-ego para o bem.

As histórias tão longe de serem obras primas, porém são aventuras bem divertidas, que mostram o Hulk começando a assumir um papel mais heroico.

Infelizmente essa mudança acabaria não garantindo sucesso da hq, que foi cancelada após a edição 6.

Os Vingadores enfrentam o Fantasma do Espaço (The Avengers vol.1 n°02)



Embora sua revista tenha sido cancelada, o Hulk tava longe de ficar no limbo. Ele teve aparições especiais em outras hqs.

Dessas participações, a mais importante foi na revista dos Vingadores, onde Hulk foi um membro fundador da equipe, junto com Thor, Homem de Ferro, Homem Formiga (Hank Pym) e a Vespa.

Porém sua relação com os outros heróis seria testada nessa segunda história, onde o misterioso Fantasma do Espaço chega na Terra e rouba a identidade do Hulk, tentando fazer os Vingadores brigarem entre si.

Embora os heróis tenham conseguido desmascarar o vilão e se saírem vitoriosos na luta, a demonstração de desconfiança que eles tiveram em relação ao Hulk foi o bastante para faze-lo deixar a equipe.

Hulk contra o Coisa (Fantastic Four vol.1 nº25 e 26)



Depois de sua saída dos Vingadores, Hulk passou a ter um papel mais de antagonista/anti-herói, em muitos casos tendo confrontos com outros heróis da Marvel.

Um de seus conflitos mais icônicos veio na revista do Quarteto Fantástico, onde o Hulk encontrou aquele que seria um de seus rivais icônicos: O Coisa.

Nessa história de duas partes, o gigante esmeralda descobre que, em sua ausência, os Vingadores deram seu lugar para o Capitão America, que também formou uma amizade com Rick Jones, amigo de Banner. Se sentindo traído, Hulk retornar a Nova York para se vingar de sua ex-equipe, chamando a atenção da Familia Fundamental da Marvel. Com Sue e Johnny tendo sido vencidos no combate e Reed estando incapacidade de ajuda-los, devido a uma doença, sobra apenas o Coisa para se opor ao Hulk.

Embora esse não seja o primeiro encontro dos dois grandalhões (isso aconteceu antes em Fantastic Four vol.1 nº12), é com certeza o que tem uma de suas batalhas mais intensas, cheia de momentos criativos, todos ilustrados pela arte dinâmica do Jack Kirby.

Enquanto a primeira parte é dedicada ao duelo do Coisa com o Hulk, a segunda eleva o nível, com a participação dos Vingadores, marcando um dos primeiros grandes crossovers da Era Marvel.

 

A saga do Líder (Tales to Astonish vol.1 nº60 a 74)



Graças as participações especiais citadas, o Hulk conseguiu manter um nível de popularidade, motivando a Marvel a fazer novas histórias, nas páginas de Tales to Astonish. O que muitos leitores provavelmente não esperavam era de que o brutamontes voltaria seria marcado por um grande arco.

Continuando de onde a última hq parou, Bruce é reestabelecido como um cientista na Base Gama, trabalhando em projetos para o exército e lidando com espiões que tentam rouba-los, ao mesmo tempo em que tenta manter seu alter ego descontrolado em segredo.

No entanto, aos poucos vão sendo revelado que esses espiões (incluindo o Camaleão) são parte de uma rede controlada pelo misterioso Líder. Quando seu caminho se cruza com o do Hulk, o gênio do mal fica obcecado pela criatura e passa a caça-lo, querendo torna-lo seu aliado.

Se lidar com Líder já não era problema, Banner tem que suportar o Major Talbot, um oficial escolhido pelo General Ross para monitora-lo, desconfiando de que Banner esteja ligado a esses espiões ou ao Hulk.

Apesar de ter umas histórias clichês da Guerra Fria, o arco não só é recheado de cenas de ação, mas também ele é importante para expansão mitologia do Hulk, introduzindo personagens importantes e suas dinâmica (como Líder e sua rivalidade com o Hulk e o Major Talbot e o triangulo amoroso entre ele, Bruce e Betty), além de uma narrativa continua nas histórias, com um clima de novela mexicana.

Bruce Banner é o Hulk (Tales to Astonish vol.1 nº76 e 77)



Se achavam que o Hulk iria ter sossego após seu arco com o Líder, estavam muito enganados.

Justo quando pareceu ter vencido seu grande inimigo, o Hulk acaba caindo numa armadilha do exército americano e é atingido pela nova invenção de Banner, o Canhão-T, que desintegra o Hulk da existência.

Embora o exército assume que Hulk foi morto, na verdade ele foi parar num futuro distante, se envolvendo num conflito entre humanos e o Skurge, o Executor.

Enquanto a batalha do Hulk por sua sobrevivência acontece no futuro, no dia presente, acontece uma reviravolta quando Rick Jones, assumindo que seu amigo está morto, tenta limpar seu nome e confessa para o Major Talbot que Bruce Banner era o Hulk o tempo todo.

Isso marca o ponto de virada no status do Golias Esmeralda, com Banner, ao voltar para sua época, se tornando um fugitivo, sendo perseguido pelo exército enquanto tenta encontrar uma cura para sua maldição.

O Abominável (Tales to Astonish vol.1 nº90 e 91)



Outro grande inimigo do Hulk a fazer sua estreia na Era Marvel foi o Abominável.

Criado por Stan Lee e Gil Kane, Emil Blonsky foi introduzido como um espião russo que se infiltrou no exército americano. Quando os soldados conseguiram emboscar Banner, Emil tentou roubar um aparelho de raios gama. No entanto, ele acidentalmente acabou ativando a maquina e foi bombardeado pela radiação, se transformando num monstro escamoso.

Chamado de Abominável, ele acabou se encontrando com o Hulk e, para surpresa de todos, o derrota em sua primeira batalha. Como o monstro sequestrou a Betty, o general Ross é forçado a trabalhar em conjunto com o Hulk para poder impedir esse inimigo em comum.

Assim como Líder, o Abominável, também recebe uma excelente introdução, se provando ser um vilão que desafia o Hulk quando se trata de sua força física.

O quadrinho é uma das raras ocasiões onde é mostrado a complexidade Ross como antagonista, com ele demonstrando ser capaz de trabalhar com seu inimigo para atingir seus objetivos.

Porém isso pode funcionar de forma contrária....

O Líder vive (The Incredible Hulk vol.1 nº115 a 117)




Como estabelecido num texto passado, meu vilão favorito do Hulk, depois do Líder, é General Ross. Alguns podem argumentar que ele não é um vilão, mas sim um antagonista, um general militar apenas cumprindo com seu dever. Mas, essa perspectiva é colocada em questão quando se considera os métodos que o general está disposto a adotar para caçar a personificação de sua ambição.

Essa trilogia é um dos primeiros exemplos de nos revelar esse lado negro de Ross. Dessa vez o general e seus homens recebem uma visita do Líder, que revela ter sobrevivido ao seu último encontro com o Hulk  e veio a eles com uma proposta de uma aliança. Naturalmente, Ross tinha dúvidas, porém aceita a oferta.

O Líder comprova suas palavras prendendo o Hulk numa cela especial e resistente aos seus golpes, deixando-o incapaz de escapar.

No entanto, para surpresa de muitos (exceto os leitores) o Líder tinha motivos ocultos por trás de sua aliança: Ele queria acesso aos misseis nucleares da Base Gama, para poder causar uma guerra nuclear e assumir o controle do mundo.

Por sorte, Betty escutou o plano do vilão e com a ajuda do Major Talbot, liberta o Hulk para deter o esquema do Líder.

Esse seria um dos vários exemplos onde Ross, em sua obsessão, acaba quase condenando o mundo, enquanto o Hulk, mesmo sendo rejeitado por muitos, é quem salva o dia, descontruindo a noção sobre quem na história é o herói e quem é o monstro.

Então é isso! Quais são suas histórias favoritas do Hulk da Era Marvel? Sintam-se a vontade para colocar suas opiniões e ideias nos comentários abaixo.