Pode-se dizer que a trajetória de Hellboy nos cinemas é no mínimo acidentada. Apesar de ter tido um início promissor com o Hellboy de 2004, dirigido por Guilhermo Del Toro, com Ron Perlman no papel do demônio casca grossa, e também ter tido uma boa sequência, a franquia ficou anos empacada, e tanto Del Toro e Perlman saíram do projeto. Aparentemente, Mike Mignola, o criador do Hellboy, desentendeu-se com Del Toro e produziu a bosta que é o Hellboy de 2019, com David Harbour. No entanto, Mignola, apesar de não ser brasileiro, não desiste nunca, e ele agora veio com o quarto filme de Hellboy e o segundo reboot do personagem, Hellboy e o Homem Torto.
Devo dizer que sou um
grande fã de Hellboy, criação de Mignola com o auxílio de John Byrne. Eu mesmo
estava comprando as edições definitivas de Hellboy da Mythos, mas elas foram
ficando cada vez mais caras. Gosto bastante de como Mignola mistura elementos
como terror, terror cósmico lovecraftiano, ficção científica steampunk, ação
e aventura e o próprio gênero de super-herói, porque Hellboy não deixa de ser
um super-herói, a despeito de não ser um super-herói convencional.
No entanto, qual não
foi minha surpresa ao ver que esse novo Hellboy é um filme de baixo orçamento,
que deve ter custado o preço de uma Coca e uma coxinha. É quase um fan film.
Na verdade, em vez de ser um filme, poderia ser um piloto de uma série do
Hellboy, pois trata-se de uma adaptação de uma aventura aleatória de Hellboy nos
quadrinhos. Não é um filme de origem, nem é um filme que apresente o personagem.
Como já houve três filmes anteriores do Hellboy, espera-se que as pessoas já
tenham um background do personagem.
Minha impressão foi que
faltou algo no filme. O roteiro ficou um tanto desconexo. Até entendo que
Mignola é sim um grande escritor de HQs, mas, como roteirista de um longa, ele
deixa a desejar. Cinema e HQs tem não apenas suas similaridades, mas também
suas particularidades. E é preciso equilibrar bem esses aspectos em uma
adaptação.
No enredo, Hellboy,
dessa vez interpretado por Jack Kesy, que foi o Black Tom Cassidy em Deadpool
2, está em uma missão para com uma equipe da B.P.D.P. para levar uma aranha
dimensional em segurança quando o mal presente em uma cidadezinha do sul dos
EUA faz a aranha despertar e matar um dos membros da equipe. Hellboy e a
pesquisadora Bobbie Jo, vivida por Adeline Rudolph, são os únicos sobreviventes.
Hellboy e Bobbie Jo deparam-se com um garoto que foi enfeitiçado supostamente por uma das feiticeiras da cidade, Cora Fisher, e resolvem ajudar, ainda que o diabão tenha suas relutâncias. Eles recebem o auxílio de Tom Ferrell, interpretado por Jefferson White, um dos nativos da cidade que partiu e agora voltou. Ferrell fez um acordo com a feiticeira Effie Kolb e o tal Homem Torto, e, por causa disso, ele tem um osso da sorte. É óbvio que o Homem Torto tem contas a acertar com Ferrell, e é a partir disso que a história se desenvolve.
Quando assisti ao
filme, não o achei tão ruim assim, mas é claro que ele tem problemas. A
produção e a qualidade técnica revelam certo amadorismo, o elenco é praticamente
de desconhecidos, todos atores de categoria B ou C, e a direção de Brian Taylor
não tem nada demais. É uma direção sem personalidade, ao contrário da direção
de Del Toro, que tem assinatura própria. O longa tem essa pegada mais de
terror, mas não acredito que esse seja um diferencial que o faça se destacar.
No fim das contas, não passa de um fan film com mais tempo de duração
e um pouco mais de qualidade, mas fica aquém da categoria de um filme. Nota 6 de
10.
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