My Adventures with Superman é o Superman da geração Z

 




Estreou essa semana dois episódios da nova animação do Superman, My Adventures with Superman, e já assisti aos dois episódios que estão disponíveis na HBO Max. O que posso dizer? Esse desenho não tem como público-alvo o fanboy; ele se destina à geração Z, à molecadinha. Com certeza, não sou o público-alvo, pois sou da geração X. Na verdade, sendo otimista, posso dizer que os fãs tradicionais do Homem de Aço ficarão bem divididos. Sendo pessimista, acredito que a maioria dos fãs não vai gostar muito desse desenho.





No entanto, o que realmente é de pasmar é notarmos que, desde a série animada do Superman dos anos 90, o Homem de Aço não tinha uma animação seriada solo. Teve, sim, a presença do herói em desenhos como Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites, Superman e a Legião dos Super-Herois e Liga da Justiça: Ação, além de animações feitas para o mercado de DVDs e streaming, mas há muitos anos que o herói não protagonizava uma série animada própria. Isso na verdade revela que o Superman tem sim um certo desprestígio da DC/Warner, principalmente quando o comparamos com o Batman, que, desde a série animada, teve pelo menos mais três desenhos seriados, como The Batman, O Bravo e o Audaz e Beware The Batman. Esse desprestígio não é apenas da DC/Warner, mas também do público, que não tem tido muito estima pelo Azulão nos últimos anos.

Como essa animação é mais voltada para a molecada, há muitas referências a animes, que é o que os jovens mesmo gostam de assistir. Tanto que os produtores já admitiram que se inspiraram em Dragon Ball para a criação da série, o que faz certo sentido uma vez que Goku é o Superman japa e o próprio Akira Toriyama é um grande fã do Superman, tendo criado sua própria versão do Superman, o Suppaman no mangá Dr. Slump. Além disso, quando Clark se transforma em Superman nesse desenho lembra até a transformação de Sailor Moon.


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Quanto à caracterização de Clark/Superman, para variar, deram uma desconstruída no personagem. Ele é genuinamente atrapalhado porque ainda está descobrindo seus poderes, sendo um Clark mais jovem. Tradicionalmente, o Superman fingia ser atrapalhado como Clark para que não suspeitassem de sua identidade secreta, mas o de My Adventures with Superman é um pateta e inseguro naturalmente. E, no início do desenho, só quer levar uma vida normal, tendo questionamentos de quem é de verdade. Na fase do Superman de John Byrne, o que eu gostava é que Clark era um cara interessante para as mulheres, atraindo a atenção de Lois e Cat Grant. Afinal de contas, mesmo que o cara seja um patetão, se ele tiver mais de 1,80 como o Clark, com certeza iria atrair mulheres. Clark/Superman é dublado por Jack Quaid, filho de Dennis Quaid e o High Mijão de The Boys. Uma das coisas positivas do desenho inclusive é a dublagem de Quaid, que faz a voz de Clark muito parecida com a entonação de Christopher Reeve.



Lois no desenho ficou bem tomboy, meio masculinizada, com cabelo estilo Joãozinho. Essa é outra tendência da pós-modernidade, a desconstrução da feminilidade e da beleza feminina. Lois Lane mudou muito ao longo dos anos, desde que foi criada na Era de Ouro; porém, apesar de ser a repórter teimosa, atrevida e corajosa que conhecemos, sempre teve sua feminilidade. A Lois de My Adventures with Superman é apenas estagiária no Planeta Diário e deseja se provar para Perry White, para ser contratada como como jornalista. Lois é dublada por Alice Lee.





Completa o trio principal Jimmy Olsen, que é colega de quarto de Clark e, também, é contratado como estagiário no Planeta Diário. Jimmy entrou na cota e é negro agora. Ele é dublado por Ishmel Said. Perry White também é negro no desenho e é dublado por Darrel Brown. Engraçado que existe um jornalista negro no Planeta Diário, Ron Troupe, mas que é mais coadjuvante. Aliás, nas animações do Superman, nunca houve um desenvolvimento dos outros jornalistas do Planeta Diário, como Troupe, Cat Grant e Steve Lombard.

No enredo dos dois primeiros episódios do desenho, Clark e Jimmy tem o sonho de serem admitidos como estagiários no Planeta Diário, porém no primeiro dia do emprego são engabelados por Lois e levados a investigar o roubo de uma tecnologia por uma gangue liderada por Leslie Willis, a Livewire. O trio acaba tendo de enfrentar uns robôs gigantes, e Clark é obrigado a revelar seus poderes, mas consegue ocultar sua identidade. Clark não tem outra escolha a não ser voltar à nave que o trouxe à Terra e entrar em contato com sua herança kriptoniana. Assim, diante de seus pais adotivos, Jonathan e Martha Kent, ele assume a identidade de Superman.



Quem também aparece na animação é Slade Wilson, o Exterminador, que é um agente do governo que enfrenta Leslie Willis. Ao fim, ainda tem a presença do coronel Flag e de Amanda Waller, o que configura que talvez tenhamos alguma participação do Esquadrão Suicida no desenho.

Minhas impressões finais sobre a animação? Sei lá, achei meio esquisita em muita coisa. No entanto, reconheço que não sou o público-alvo. Resta saber se vai ter sucesso em conquistar a audiência que realmente almejam, que é da geração Z. Já houve caso em que isso foi bem-sucedido, como com o desenho Os Jovens Titãs, do qual não sou muito fã, mas que realmente apresentou Os Novos Titãs a um novo público. Talvez isso aconteça com My Adventures with Superman, mas tenho minhas dúvidas. Já não se faz heróis como antigamente.



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